Os ataques disfarçados de opinião contra os técnicos estrangeiros no Brasil
O 2º Fórum Brasileiro dos Treinadores de Futebol, organizado pela Federação Brasileira de Treinadores de Futebol (FBTF) na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no Rio de Janeiro, na última terça-feira (4), prometia ser um ambiente para troca de conhecimentos. No entanto, o evento acabou servindo de palco para manifestações desnecessárias de técnicos brasileiros, diante da presença do então convidado, Carlo Ancelotti, atual técnico da Seleção Brasileira.
Os organizadores esperavam que fosse uma oportunidade de estreitar laços entre a categoria e a entidade máxima do futebol brasileiro, mas acabou vendo o ambiente se transformar em total constrangimento.
As falas dos ex-treinadores Emerson Leão e Oswaldo de Oliveira, que expressaram seus descontentamento com a intensa presença de profissionais estrangeiros no Brasil, e a esperança de que um brasileiro retome o comando da Seleção após a saída do italiano, soaram mais como um ataque disfarçado de opinião e um claro desconforto com a ascensão dos "gringos" na nossa terrinha. Leão, ao menos, reconheceu que o sucesso dos estrangeiros se deve à estagnação de muitos treinadores brazucas, o que abriu margem para metodologias diferentes e inovadoras. E isso eu assino embaixo.
FAÇA O QUE EU DIGO, NÃO FAÇA O QUE EU FAÇO?
A postura de Leão e Oswaldo de Oliveira não condiz muito com a realidade. O discurso nacionalista deles cai por terra quando lembramos que os dois também trabalharam no exterior. Eles defendem que o futebol brasileiro seja um espaço garantido para técnicos locais, mas, ironicamente, treinaram equipes do futebol Japão, Catar e Emirados Árabes.
A hipocrisia é real. Um treinador brasileiro que fizer sucesso ou tiver oportunidades lá fora será visto com bons olhos, mas quando é o inverso a questão passa a ser considerada como uma ameaça para alguns e o barulho começa.
A presença e o sucesso de técnicos como Abel Ferreira no Palmeiras – onde se tornou o maior técnico da história – e Juan Pablo Vojvoda no Fortaleza, que levou o time a outro patamar, provam que o espaço é conquistado por resultados, não por nacionalidade ou apoio da mídia.
ANCELOTTI FOI UM PEDIDO DA TORCIDA
O clamor popular por Carlo Ancelotti, após sequenciais fiascos da Seleção Brasileira, não pode ser ignorado. Buscar um nome de fora, com a grandiosidade e experiência do italiano, é o sintoma de que o que havia "em casa" não estava mais surtindo efeito e muito menos gerando esperanças para um futuro promissor na Canarinha. Embora seja injusto culpar apenas os treinadores brasileiros pela crise na maior seleção do mundo, trazer os estrangeiros também não deveria ser visto como uma injustiça pelos profissionais do Brasil.
Ancelotti é um nome de peso não só para a Seleção, mas para o futebol do país como um todo. A chegada dos estrangeiros valoriza o esporte por aqui, mostrando qque existem grandes centros do futebol fora da Europa. Arabia Saudita e os EUA estão lutando e mostrando que é possível.
“MAIS HUMILDADE, SENHORES!”
Em vez de reclamar e atacar treinadores estrangeiros, os que se sentem ofendidos deveriam ter mais humildade. O futebol rompe fronteiras, e a integração é sempre importante para crescimento profissional. O que vimos no Fórum não me pareceu “opinião", mas palavras de treinadores de muita historia no Brasil, mas que perderam espaço e ficaram parado no tempo não por culpa dos gringos e sim, pelos últimos trabalhos sem sucesso.
Eu acredito que o caminho para o crescimento do futebol brasileiro passa longe do isolamento. Não há razões para barreiras. O que precisamos é sentar à mesa, trocar ideias e investir pesado para voltarmos a ser o melhor futebol do mundo. E que bom que temos os gringos do nosso lado. Que eles sejam sempre bem-vindos por aqui e que unam forças com os treinadores brasileiros.
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