Exportações do agronegócio do ES chegam para 125 países
Agro capixaba exporta R$ 11,3 bilhões e mira novos mercados com acordo europeu
Os produtos do agronegócio do Espírito Santo chegaram a 125 países nos primeiros oito meses deste ano. As exportações do agronegócio do Espírito Santo somaram R$ 11,3 bilhões (US$ 2,11 bilhões) no acumulado.
Os dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) mostram que nesse período, o agronegócio representou 32,5% das exportações totais do Estado.
Além disso, o Estado continua sendo o maior exportador de café conilon, com 77% das exportações nacionais, de gengibre (60%), pimenta-do-reino (67%) e mamão (41%), com ampla liderança nesses segmentos no acumulado do ano até agosto.
Dos produtos em geral, o grande destaque nos primeiros oito meses foi a pimenta-do-reino, com crescimento em geração de divisas de 125% em relação a igual período de 2024. Destacaram-se ainda nas vendas internacionais café solúvel, carne bovina e mamão, segundo dados da Seag.
Apesar da expansão registrada em diversos produtos, a leve retração geral em volume e geração de divisas foi determinada principalmente pelo café, carro-chefe da pauta de exportações do agro capixaba.
“Apesar de termos produtos que apresentaram crescimento, como pimenta-do-reino, café solúvel e mamão, a pequena queda em volume e valor das exportações ocorreram devido ao café grão cru, onde houve antecipação do volume de compras em 2024 para esse ano de 2025 em face da possibilidade de entrar em vigor a legislação da União Europeia (EUDR)”, disse o secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli.
O tarifaço dos Estados Unidos teve efeito nas exportações a partir de agosto. “As exportações de ovos, gengibre e pescados foram as mais prejudicadas no mês de agosto em relação a julho deste ano. O setor de ovos praticamente estagnou com a nova barreira tarifária”, disse Bergoli.
Sobre o gengibre, o secretário afirmou que sofreu forte redução de vendas para os EUA em agosto, com queda de um terço das divisas geradas.
“Já as exportações de pescados, que estavam com ótimo desempenho até julho para os norte-americanos, principal mercado desse segmento, tiveram uma retração significativa de 41% em agosto, não suportando a ampliação da tarifa imposta de 50%” explicou.
Potencial de aumento nas vendas
O acordo entre o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), que é composto por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein, pode levar ao aumento das exportações do Estado e do País para aquela região da Europa.
O secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli, destacou que depende de alguns fatores, mas que é uma “excelente oportunidade” para os produtos do agronegócio capixaba.
O presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Papaia (Brapex), José Roberto Macedo Fontes, disse que o acordo pode ajudar a ampliar volumes de exportação de mamão.
“Esperamos que haja principalmente uma unificação com relação às legislações sobre os requisitos dos limites máximos de resíduos na fruta, que trata-se de uma grande barreira técnica às nossas frutas”, destacou.
A avaliação da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) é que representa uma oportunidade estratégica para o setor agropecuário brasileiro, especialmente para os produtos de maior valor agregado.
O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua, disse que o setor agropecuário terá vários ganhos com o acordo.
“É um selo de qualidade, um mercado de alto valor agregado e terá algumas melhorias de acesso por meio de cotas e reduções tarifárias”.
Oportunidade para estreitar laços com a Noruega
O acordo entre Mercosul e EFTA, bloco formado por Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein, deve estreitar os laços entre o agro brasileiro e o norueguês, que têm um longo histórico de relações comerciais.
“O Brasil é o principal parceiro comercial da Noruega fora da União Europeia e dos Estados Unidos. Mais de 200 empresas norueguesas têm negócios no Brasil, e os investimentos delas no País, que têm sido constantes, devem aumentar daqui para a frente”, afirmou o diplomata Kjetil Elsebutangen, que mudará para o Brasil no dia 1º de dezembro para assumir a embaixada norueguesa no País.
Um exemplo prático das oportunidades comerciais que o acordo poderá abrir é o do salmão norueguês. Na rota inversa, a carne de frango do Mercosul — o item é um dos mais importantes das exportações brasileiras de proteínas animais — ganhará uma cota para entrar no mercado norueguês livre de taxas. Hoje, a Noruega não exporta salmão fresco ao Brasil nem importa carne de frango brasileira.
Elsebutangen observou que o estágio atual de desenvolvimento da Noruega, um dos países com os melhores índices de desenvolvimento econômico e social do mundo, seria impraticável sem cooperação internacional.
Saiba Mais
Acordo
Mercosul-EFTA
O Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), formada por quatro países europeus – Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein – firmaram um acordo de livre comércio entre os blocos.
A partir da entrada em vigor do acordo, aproximadamente 99% das exportações brasileiras para os países do EFTA serão beneficiadas pela eliminação de tarifas, ampliando o acesso a mercados de alta renda da Europa.
Internacionalização
O acordo cria novas oportunidades de internacionalização para as empresas brasileiras, incluindo pequenas e médias, além de estimular investimentos e fluxos de serviços, favorecer parcerias tecnológicas, fortalecer cadeias produtivas e gerar ganhos concretos para produtores, consumidores e trabalhadores.
Elevar exportações
Estudos estimam que, até 2044, o tratado pode adicionar R$ 2,69 bilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, atrair R$ 660 milhões em novos investimentos e elevar em R$ 3,34 bilhões as exportações. Os ganhos serão impulsionados pela eliminação integral de tarifas industriais já no primeiro dia de vigência e por medidas que reduzem barreiras técnicas e sanitárias.
Produtos nobres
O perfil econômico dos países do EFTA favorece a inserção de produtos brasileiros diferenciados, como alimentos gourmet, orgânicos, bebidas e alimentos com Indicação Geográfica.
Alguns desses produtos são café especial e industrializado; frutas tropicais e processadas (manga, mamão, abacaxi e açaí, além de polpas e sucos); vinhos e queijos com Indicação Geográfica; carnes premium (carne bovina de raças especiais e cortes nobres de frango e suíno) e produtos sustentáveis e orgânicos (mel orgânico, castanhas da Amazônia, óleos vegetais especiais).
Análise
“O avanço estimula o emprego, a renda e a arrecadação”
“O crescimento das exportações reflete o fortalecimento do setor agropecuário capixaba, que se consolida como pilar da economia estadual. Além de gerar divisas, o avanço estimula o emprego, a renda e a arrecadação, reforçando a imagem do Espírito Santo como produtor de alimentos de qualidade e com valor agregado.
A tendência é de expansão ainda maior com o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio).
A expectativa é que a redução de tarifas e barreiras comerciais amplie o acesso dos produtos capixabas a novos mercados europeus, especialmente os de nicho e com exigências de sustentabilidade. Com isso, o Espírito Santo pode atrair mais investimentos e consolidar sua presença no comércio exterior”.
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