Onde o “sim” é mais dito em Pernambuco — e onde o casamento é raro
Levantamento do IBGE mostra os municípios com mais casamentos e revela mudanças nos tipos de união e nas famílias pernambucanas
O “sim” foi mapeado em Pernambuco. E o resultado mostra pontos quentes de vida a dois e regiões onde o solteirice predomina. O Censo Demográfico de 2022, divulgado pelo IBGE, revela que Dormentes, no Sertão do São Francisco, é o município onde o casamento mais prevalece: 57,14% da população vive em união. Logo atrás vêm Camutanga (56,21%) e Riacho das Almas (55,59%), localizadas na Mata Norte e no Agreste.
Já no outro extremo, onde o “felizes para sempre” a dois parece menos frequente, aparecem Fernando de Noronha (59,16%), Itapissuma (58,56%) e Itamaracá (58,35%), com os maiores índices de pessoas que não vivem nenhuma união. Curiosamente, estas três últimas são conhecidas pelo turismo e vida agitada nas praias.
Casados, solteiros e quase meio a meio
O estudo mostra um empate técnico entre os que vivem a dois e os que seguem sozinhos: 49,27% dos pernambucanos estão em algum tipo de união, enquanto 50,73% não vivem nenhuma.
Em comparação ao Censo de 2010, houve um leve aumento na proporção de pessoas casadas — um sinal de que, mesmo com as transformações sociais, o modelo tradicional ainda tem força.
Entre os que disseram não estar em união, três em cada dez nunca se casaram nem viveram com alguém, e quase dois em cada dez já tiveram uma relação, mas estavam solteiros na época da pesquisa.
Mais união estável que papel passado
Os dados do IBGE revelam uma mudança importante: as uniões consensuais — aquelas em que o casal mora junto, mas não formalizou o casamento — já são maioria em Pernambuco.
Esse tipo de arranjo representa 42,76% das relações, superando o casamento civil e religioso (30,38%). Depois aparecem o casamento apenas civil (25,02%) e o somente religioso (1,85%).
Apesar da queda nas cerimônias formais, a religião ainda tem peso no modo de viver a dois. Católicos e evangélicos continuam predominando entre os casados, mas o grupo sem religião já é o terceiro mais numeroso entre os que estão em união, à frente de todas as demais crenças somadas.
Uma casa, duas famílias
Outro dado curioso: uma em cada dez famílias pernambucanas divide o mesmo teto com outra. É o caso de pais que moram com filhos adultos, netos e noras,ou o inverso, por exemplo. Essas famílias conviventes representam 10,53% dos lares.
O município de Afrânio se destacou nesse tipo de arranjo, com 21 unidades domésticas registrando cinco conviventes ou mais. Ainda assim, o modelo tradicional — uma única família por domicílio — predomina em 89,47% das residências.
Mais da metade dos lares tem três ou mais pessoas (61,73%), e 38,27% são formados apenas por dois moradores.
Menos filhos, mais estudo
A tendência de famílias menores também aparece nos números de fecundidade. Em 67,14% dos domicílios, não havia nenhuma criança menor de 10 anos.
As maiores proporções de lares sem filhos pequenos estão em Sairé (75,12%), Itapetim (73,31%), Terra Nova (72,26%), Olinda (72,08%), Limoeiro (71,61%) e Recife (71,45%).
Já as cidades com mais famílias cheias de crianças são Inajá (5,03%), Carnaubeira da Penha (4,89%), Xexéu (3,82%), Lajedo (3,76%) e Maraial (3,51%).
O IBGE identificou uma relação inversa entre escolaridade e número de filhos: quanto mais alto o nível de instrução, menor o número de crianças em casa. A correlação é forte, de -0,8, segundo o instituto.
Entre o “sim” e o “sozinho”
O retrato pernambucano de 2022 mostra que o casamento resiste, mas com novas formas de expressão. Entre o sertão e o litoral, há espaço tanto para quem acredita no papel passado quanto para quem prefere viver a dois sem burocracia — ou para quem simplesmente escolhe ficar só.
Os números mudam, mas a busca por companhia continua sendo uma das histórias mais antigas e diversas do estado. Responderam à pesquisa 7.774.606 pessoas com mais de 10 anos.
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