Surto no Santa Rita: Dois pacientes com sintomas da doença estão na UTI
O último boletim divulgado pela Sesa, na noite de ontem, mostrava que o número de casos suspeitos do surto no Hospital Santa Rita chegou a 104
O último boletim divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde, na noite de ontem, mostrava que o número de casos suspeitos do surto no Hospital Santa Rita chegou a 104. Do total, são 84 funcionários, 6 pacientes e 14 acompanhantes.
Dos casos suspeitos, três pessoas ainda estão internadas, sendo duas delas em UTI e uma em enfermaria.
Um dos casos de internação em UTI é o da técnica de enfermagem Giani Corrêa Coutinho Santos, de 49 anos – que passou uma semana em coma. Nos últimos dias, ela apresentou melhora significativa, já caminhando e se alimentando sozinha. Ela segue em observação, mas evoluindo bem.
Outro caso de internação é de um paciente que deu entrada na UTI de um hospital de Baixo Guandu na última segunda-feira.
Novos laudos reforçam que surto foi causado por fungo
As investigações sobre o surto respiratório no Hospital Santa Rita, em Vitória, continuam avançando: mais oito laudos de pacientes confirmam a presença de anticorpos contra o fungo Histoplasma sp.
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) afirma que os resultados reforçam a hipótese da doença causada pelo fungo – a histoplasmose – ser a causa do surto.
Segundo o secretário de Estado da Saúde, Tyago Hoffmann, os resultados dos testes em novas amostras saíram na noite da última segunda-feira. Até então, havia uma única amostra reativa para a presença de anticorpos específicos para o fungo.
A presença de anticorpos comprova que o paciente teve contato com o Histoplasma e que o organismo desenvolveu uma resposta imune ao agente infeccioso.
A confirmação foi feita pelo Instituto Nacional de Infectologia, da Fiocruz, que atua em parceria com o Laboratório Central de Saúde Pública do Estado (Lacen-ES) na investigação laboratorial do caso.
“Encaminhamos muitas amostras à Fiocruz, e os resultados estão saindo. A nossa investigação caminha para conclusão de que o surto está sendo causado pelo fungo Histoplasma, comum em fezes de animais, em especial aves e morcegos, que podem estar na região”.
Hoffmann reforçou que as investigações continuam, com outros resultados aguardados.
Sobre a entrada de agentes infecciosos em áreas do hospital, o secretário afirmou que isso também continua sendo analisado. Entre as hipóteses, é que tenha entrado por duto de ar-condicionado ou frestas em janelas.
“O ponto principal era esclarecer qual era o patógeno causador do surto e cessar a transmissão. Além disso, precisamos garantir a segurança para que as áreas fechadas do hospital sejam reabertas. Estamos falando de um centro cirúrgico fechado, com sete salas onde são realizadas cirurgias oncológicas pelo SUS”.
As áreas – a enfermaria (setor E) e o centro cirúrgico – passarão por inspeção da Vigilância Sanitária para avaliar se serão liberadas.
A coordenadora de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Santa Rita, infectologista Carolina Salume, destacou em entrevista na última segunda-feira que todos os protocolos foram revistos e reforçados. Ela salientou que foram feitas manutenção e higienização de ares-condicionados, troca de filtros e torneiras, e limpezas terminais nos setores.
Surto
O início de sintomas em funcionários do Hospital Santa Rita começou por volta do dia 13 de outubro.
Eles apresentaram sintomas como febre, dor de cabeça, dor no corpo e mal-estar geral, inicialmente identificado como uma virose.
Após alguns dias, algumas pessoas começaram a evoluir com tosse e algumas com dor torácica.
No dia 19 de outubro, os casos foram comparados e a equipe do hospital entendeu que se tratava de algo diferente. Teve início uma investigação sobre as causas do surto.
Casos suspeitos
Para ser considerado caso suspeito, a pessoa precisa ter estado no Hospital Santa Rita a partir de 20 de setembro, segundo nota técnica da Secretaria de Estado da Saúde, além de ter circulado na ala sob investigação e apresentar sintomas.
Investigação
A investigação sobre a origem do surto ainda está em andamento.
Considerada complexa, ela conta com várias metodologias e testes realizados tanto no Laboratório Central (Lacen), quanto na Fiocruz, além de análises feitas pelo próprio Hospital Santa Rita.
Resultados
Entre os achados, em uma amostra sorológica foi reativa para o fungo Histoplasma sp, divulgada na última segunda-feira. Ontem, a Sesa informou que outras oito amostras sorológicas foram positivas, mostrando que as pessoas também tiveram contato com o fungo.
Um terceiro lote de amostras foi enviado à Fiocruz e novos resultados são esperados.
Histoplasma
- A possibilidade de o surto ter sido causado pelo fungo Histoplasma sp, no momento, é a hipótese mais “forte”.
- Um dos motivos é que os sintomas e a evolução clínica dos pacientes são compatíveis com o agente. Além disso, nove amostras deram positivas para anticorpos contra o fungo.
- A contaminação se dá pela inalação de esporos do fungo, presente em fezes de animais como aves e morcegos.
- O fungo não é transmitido de pessoa para pessoa.
- É avaliado se ele entrou no hospital pelo ar-condicionado ou por frestas em janelas.
- Segundo especialistas, é comum que os esporos dos fungos se dispersem no ar quando o solo ou superfícies em que estão depositados sejam mexidos, como em casos de obras.
- Ao entrar pelas vias aéreas do indivíduo, o fungo provoca uma resposta inflamatória, causando sintomas como febre e mal-estar, dor no corpo e dor de cabeça.
- Também pode evoluir para outros sintomas de doença respiratória, com tosse e dor torácica, se comportando como uma pneumonia.
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