“Como ambulante, aprendi o valor da luta e de correr atrás”, diz Xamã
Em entrevista ao AT2, Xamã fala da vida nas ruas e das batalhas de rima até o sucesso. Hoje, o cantor/ator está em série, novela, filme e lançando o
Geizon Carlos da Cruz Fernandes trabalhava em lojas de roupas e também foi vendedor ambulante nos trens do Rio de Janeiro. Passava o dia sobre os trilhos improvisando rimas para convencer os clientes a comprarem seus produtos.
Ele continua vendendo bem, mas em outro ramo. O rapaz que cresceu em Sepetiba, no Rio de Janeiro, agora vende sua arte! Das batalhas de rima veio seu nome artístico: Xamã.
Em entrevista ao AT2, o cantor e ator, de 36 anos, falou com orgulho de sua trajetória até o sucesso: “Carrego o valor da luta e de correr atrás. Quando eu trabalhava como ambulante, vendendo doce, bala, amendoim, aprendi muito no dia a dia da rua. Hoje, meu produto é a minha arte, e minha trajetória me ensinou a valorizar cada conquista e a nunca esquecer de onde vim. Muita coisa mudou, mas continuo a mesma pessoa por conta de tudo que vivi”.
E Xamã está por todo lado que você olhar: no streaming, como o Búfalo na série “Os Donos do Jogo”, da Netflix; na TV aberta, interpretando o traficante Bagdá da novela “Três Graças”, e, em breve nos cinemas, como o Sapinho em “Cinco Tipos de Medo”, filme com o qual ganhou o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante no Festival de Cinema de Gramado de 2025.
Música
Além do audiovisual, o artista acaba de lançar “Fragmentado”, seu quarto álbum de estúdio, um projeto ambicioso que reúne 25 faixas e conta com colaborações que vão de ícones da música brasileira, como Milton Nascimento e Adriana Calcanhotto, até expoentes da nova geração, como Liniker e Duquesa. A atriz Sophie Charlotte, sua namorada, também marca presença.
Ele ressaltou que “Fragmentado” é um retrato dele por inteiro. “Cada faixa mostra um pedaço da minha história, das minhas fases, das contradições que me formam. É um álbum que junta todos os meus lados, do underground ao pop, da rua ao palco. Um manifesto sobre ser vários em um só corpo”.
Trilhando seu caminho dia após dia, Xamã sempre acreditou que iria conquistar seu espaço.
“Mas parecia longe. Tive que me manter firme, sem me prender ao que os outros pensavam ou diziam. O importante era fazer o que eu amava e a melhor maneira de mostrar que você é capaz é investindo no seu sonho e aprendendo sempre com quem te inspira”, destacou.
“O caminho é lindo se você não desistir”
AT2 — O que acha de ser considerado um galã?
Xamã — Foi uma surpresa quando as pessoas começaram a me ver assim, como galã. O padrão de beleza está sempre se transformando, e eu não me encaixaria alguns anos atrás, quando era adolescente, no que era considerado bonito. É muito bom ver que isso está sendo quebrado.
Mais do que estética, acho importante ver um corpo como o meu ocupando esses espaços, porque isso inspira outros jovens a se verem ali também. Então, mais do que beleza, é sobre representatividade e mostrar que a gente pode estar em qualquer lugar.
Que conselho você daria ao menino Geizon se pudesse voltar no tempo?
Diria para acreditar mais cedo. Para não ter medo de errar, de ser quem é. Que as quedas fazem parte, mas que o caminho é lindo se você não desistir.
Você tem duas filhas, Akasha e Hanna. O que a paternidade representa para você?
Hoje, a paternidade representa o que tenho de mais importante na minha vida. E embora eu me divida muito entre música e audiovisual, faço questão de ter tempo de qualidade com minhas filhas. Isso hoje é muito constante, eu paro meus compromissos, dedico atenção pra elas e valorizo cada momento. Ser pai me fez enxergar o tempo de outro jeito, me trouxe mais calma e propósito. Não troco esse tempo por nada.
Como lida com a curiosidade da mídia e dos fãs em relação a sua vida pessoal?
Com naturalidade. Entendi que faz parte e que não tem como fugir. Mas tem coisas que eu ainda guardo pra mim, que são sagradas. Aprendi a equilibrar o que mostro e o que deixo protegido.
E as críticas, tenta tirar algum proveito delas?
Hoje eu levo numa boa. Já entendi que não dá para agradar a todo mundo, e minha trajetória na música me deixou calejado. Se você posta qualquer coisa, sempre vai ter alguém pra falar. Eu filtro o que é construtivo e deixo o resto passar.
Além de cantor, você conquistou espaço como ator. Foi planejado?
Sim. Eu já atuava nos meus clipes e sempre gostei de interpretar. Fui me preparando, estudando, para conciliar as duas carreiras. E deu certo. (Risos)
Como se prepara?
Estudo bastante o personagem, busco entender o universo dele e a emoção por trás das falas. Também participo das preparações com o elenco, que ajudam muito a mergulhar no papel.
E agora, o que falta conquistar?
Quero continuar evoluindo, fazendo mais música e mais cinema. Tenho o desejo de abrir minha própria produtora audiovisual, construir filmes novos e seguir lançando meus álbuns com experimentos musicais.
Quero viver das coisas que mais amo – música e cinema – e usar minha voz para abrir caminhos, inspirar quem se identifica com o que eu represento e contribuir para que novas histórias e talentos também ganhem espaço.
MATÉRIAS RELACIONADAS:
Comentários