Major da PM pediu ajuda ao Comando Vermelho para encontrar carro roubado, mostra investigação
As investigações da Polícia Civil do Rio de Janeiro que embasaram a operação deflagrada na última terça-feira, 28, nos complexos da Penha e do Alemão, que deixou 121 mortos, mostraram um major da Polícia Militar pedindo ajuda a lideranças do Comando Vermelho (CV) para recuperar um carro roubado. Procurada, a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro não retornou.
Uma das mensagens obtidas pelos investigadores mostra o major da Polícia Militar Ulisses Estevam entrando em contato com “Grandão” para pedir ajuda para encontrar um carro roubado.
A denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro, que descrevia a justiça paralela e as execuções promovidas pelo Comando Vermelho, apontou Washington César Braga da Silva, conhecido como “Grandão” ou “Síndico da Penha”, como o administrador da região localizada na zona oeste da capital fluminense.
No trecho anexado à denúncia, o major envia a foto da traseira de um Corolla Cross e escreve: “Está na fé. Preciso recuperar. Carro do 01. Esse eu tenho que resolver”.
Segundo o trecho da denúncia, o veículo registrado em nome de Nestor Sant’anna Tavares foi roubado em 26 de abril de 2024 e recuperado em 29 de abril do mesmo ano. Após a mensagem, “Grandão” aciona o grupo “CPX da Penha” para a recuperação do carro. “Algum Adm (administrador). Joga o corola faz favor”, escreveu.
As mensagens, segundo o Ministério Público, reforçam a “hierarquia e confiança depositada” em “Grandão”.
O major entrou na Polícia Militar em 2016 e segue na ativa, segundo o Portal da Transparência do Rio de Janeiro. No último mês, o policial recebeu um salário líquido de R$ 18.295,31.
De acordo com a investigação, “Grandão” é um dos chefes de uma grande família, a “Família PH”, grupo de troca de mensagens em que ele dá ordens e decide, com aval dos superiores, quem vive e quem morre na Penha, comunidade de cerca de 100 mil moradores que fica na zona norte do Rio de Janeiro.
Foi para cumprir mandados de prisão contra eles e outros comparsas que as autoridades do Estado invadiram comunidades nos complexos da Penha e do Alemão na terça-feira.
 
		
		 
         
                                    
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