‘Pior dia de violência do Rio’: mídia internacional destaca operação contra CV ás vésperas da COP-30
A operação policial no Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho (CV), que deixou ao menos 64 mortos nesta terça-feira, 28, repercutiu na mídia internacional às vésperas da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP 30), que reúne líderes de diferentes nações pelo mundo a partir de 10 de novembro, em Belém.
O jornal britânico The Guardian descreve o episódio como “o pior dia de violência do Rio” e “um dia histórico de derramamento de sangue”. Além do alto saldo de mortos, o maior da história da polícia fluminense, a ação causou transtorno pela cidade, com avenidas interditadas, pânico e suspensão de serviços.
O The Guardian destaca ainda “fotos horríveis de jovens vítimas que se espalharam pelas redes sociais” e o uso de drones pela facção para lançar explosivos contra policiais - cena que remeteu a guerras como a da Ucrânia e a da Faixa de Gaza.
A agência de notícias americana Reuters enfatizou a proximidade entre a operação e a conferência climática. “A polícia frequentemente realiza operações de larga escala contra grupos criminosos antes de grandes eventos no Rio”, escreveu o veículo, lembrando que na próxima semana a capital fluminense recebe o Prêmio Earthshot, do Príncipe William, e a cúpula global C40 de prefeitos.
O jornal espanhol El País apontou o episódio como “um dia de caos sem precedentes” na cidade que é o maior cartão-postal do País. “O Rio de Janeiro — um polo turístico, antiga capital e lar de seis milhões de pessoas — é uma cidade há muito acostumada à desigualdade e à violência, mas a escala da operação de terça-feira é extraordinária, mesmo para os padrões locais.”
O diário francês Le Figaro frisou que a operação é a “mais mortal da história do Rio”. “Operações policiais de mão pesada são frequentes no Rio, principal polo turístico do Brasil, apesar de sua eficácia questionável. Elas têm como alvo principal as favelas, bairros pobres e densamente povoados, frequentemente sob o jugo do tráfico de drogas.”
Além de destacar a operação como a mais letal do Estado, o jornal português Público também lembrou o histórico de violência na cidade. “Nos últimos anos, têm-se multiplicado as intervenções militares contra grupos criminosos no Rio de Janeiro. Em 2021, 28 pessoas morreram em circunstâncias similares na favela do Jacarezinho, no norte da cidade. Já em 2022, registraram-se 24 mortes numa operação policial na Vila Cruzeiro.”
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