Fábrica transforma resíduos em insumo
Resíduos industriais são utilizados em fábrica de tijolos, evitando o envio de toneladas de materiais a aterro sanitários
Na busca por soluções que integram produtividade, preservação ambiental e geração de valor para as comunidades onde atua, a Suzano, produtora mundial de celulose e fabricante de bioprodutos desenvolvidos a partir do eucalipto, alcançou a meta de zero resíduos para aterro em todas as operações da sua fábrica em Cachoeiro de Itapemirim, Sul do Estado.
A empresa implementou na unidade fabril um projeto inovador que transforma resíduos industriais em soluções com valor agregado, evitando o envio de toneladas de materiais ao aterro sanitário.
Isso significa que tudo o que não é reaproveitado no processo de produção vai para parceiros. Um exemplo prático de que a economia circular é possível.
Papel higiênico
Na fábrica da Suzano em Cachoeiro são produzidos quase 29 milhões de rolos de papel higiênico por mês. No total, 450 mil fardos são embalados e vão para o estoque. Os fardos são sustentados por pallets de madeira, um material que deve estar sempre em perfeito estado.
Vitor Tosta, analista de Meio Ambiente da Suzano, explica que o monitoramento do estado de conservação dos pallets é constante e, quando a madeira já não está firme, ela é retirada de circulação.
“Nesse momento, fazemos a destinação do material para ser reaproveitado pela Cerâmica São Francisco, onde é utilizado nos fornos para a queima. Com isso, temos o processo de reciclagem e, no final, o processo de recuperação energética, fechando a cadeia totalmente sustentável dos nossos resíduos”, explica.
Outro resíduo que é recolhido na fabricação do papel higiênico na unidade da Suzano é o pó de papel. No processo de corte, o pó é emitido e uma tubulação aspira o material. Por mês, são recolhidos 400 quilos de pó de papel. De pallets, chega a duas toneladas por mês.
Há ainda uma parte de plástico e de papel que é destinada à reciclagem, em forma de doação a uma cooperativa de Cachoeiro.
“É uma iniciativa que une responsabilidade ambiental e social, alinhada à nossa meta de zero resíduos para aterro em todas as operações. Em Cachoeiro, estamos transformando resíduos que antes seriam descartados em soluções com valor agregado, o que posiciona a unidade como referência em inovação ambiental dentro da Suzano. Vitor Tosta, analista de Meio Ambiente da Suzano, Vitor Tosta, analista de Meio Ambiente da Suzano
SAIBA MAIS
O que é economia circular?
> A economia circular visa eliminar o desperdício e a poluição, mantendo produtos e materiais em uso por mais tempo por meio da reutilização, reparo, renovação e reciclagem.
> Ao contrário da economia linear (produzir, usar e descartar), ela busca estender o ciclo de vida dos produtos, otimizar o uso de recursos naturais e regenerar a natureza.
O que é meta de zero resíduos?
> É uma estratégia de gestão de resíduos que visa desviar a totalidade ou a grande maioria dos resíduos dos aterros sanitários, priorizando a redução, reutilização, reciclagem e recuperação de materiais.
> O objetivo principal é transformar o que seria descartado em novos recursos, produtos ou energia, impulsionando a economia circular e a sustentabilidade.
Pallets e pó abastecem forno em cerâmica
Os pallets e o pó de papel da fábrica da Suzano em Cachoeiro têm destinação definida.
O material vai para a fábrica de tijolos São Francisco, localizada no mesmo município. O forno, com 90 metros de comprimento, queima 100 mil tijolos por vez e, para isso, consome 10 toneladas de material combustível, como madeira e pó de papel.
A empresa produz tijolos de cerâmica, de forma artesanal, há 45 anos. Pedro Sartório, que faz parte da segunda geração da família à frente dos negócios, afirma que a preocupação da empresa com o meio ambiente é grande.
“Hoje, 90% das cerâmicas usam a árvore picada, que é a madeira comum de se usar na queima. São poucas as empresas que usam 100% de resíduo, como a São Francisco faz no momento”, comenta.
Para a Suzano, encontrar parceiros que coletam os resíduos industriais foi um trabalho de vários anos. A doação deve ser documentada e feita de maneira correta.
Com a prática, evita-se que os resíduos sejam descartados em aterro sanitário. Resultado: a fábrica de Cachoeiro atingiu a meta de zero resíduos para aterro.