Inadimplência no ES é a menor desde 2022
Número de famílias que não pagam suas contas vem caindo, indicando resultado de melhora nas vendas de fim de ano no comércio

O percentual de famílias do Espírito Santo que não pagam suas contas em dia é o menor desde 2022. A inadimplência caiu para 33,3% em agosto deste ano. Na comparação com o mesmo mês de 2024 (35%), a redução foi de 1,7 ponto percentual, o que representa 70.500 consumidores com dívidas em atraso a menos.
A dívida média capixaba ficou em R$ 5.904,37. O levantamento é do Connect Fecomércio-ES (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo), com base na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio (CNC).
A melhora foi mais acentuada entre as famílias com renda de até 10 salários mínimos (R$ 15.180), cuja taxa de inadimplência caiu de 39,7% para 37,2%. Esse avanço indica um maior controle financeiro e renegociação de débitos, fatores que devem impulsionar o consumo em datas importantes do comércio neste fim de ano.
Na faixa de três a cinco salários mínimos, 15,7% das famílias estavam nessa condição em agosto, índice que recuou em relação aos picos de 2022 e 2023, mas ainda mostra instabilidade. Já entre cinco e 10 salários-mínimos, a taxa foi de 13,2%, mantendo-se em trajetória de queda desde 2023.
Compras
O coordenador do eixo Observa do Connect Fecomércio-ES, André Spalenza, destacou que o movimento reforça a recuperação gradual da economia capixaba.
“O Espírito Santo tem demonstrado uma queda na inadimplência. Um dos fatores que consideramos é a reorganização financeira das famílias e o aumento do emprego. A taxa de desemprego atual, de 3,1%, indica que grande parte das famílias está empregada, com condições de arcar com suas dívidas em atraso”, explicou.
Ele destacou que, além disso, a realização de feirões de renegociação de dívidas, nos quais as famílias podem renegociar suas pendências, é outro fator importante para a diminuição da inadimplência no Espírito Santo.
A trajetória é positiva também quando se observa o nível de endividamento, ou seja, a proporção de famílias que têm algum tipo de dívida, esteja ela em dia ou não: em agosto, o índice recuou para 87,4%, abaixo dos 90,7% registrados no mesmo mês do ano passado.
Segundo o coordenador, esse movimento reduz pressões sobre o orçamento das famílias e pode favorecer as compras de fim de ano.
Os números
33,3% é o percentual de inadimplentes
70.500 conseguiram sair do vermelho
Detalhes
Inadimplência das famílias
A inadimplência das famílias capixabas caiu para 33,3% em agosto de 2025, menor patamar desde 2022.
Na comparação com o mesmo mês de 2024 (35%), a redução foi de 1,7 ponto percentual, o que representa 70,5 mil pessoas a menos com dívidas em atraso. A dívida média capixaba ficou em R$ 5.904,37.
O levantamento aponta ainda que as dívidas em atraso com mais de 90 dias seguem como o maior desafio, representando 55,3% do total entre as famílias de menor renda, até 10 salários mínimos (15.180) e 52,4% entre as de maior renda, o que eleva o custo do endividamento.
Apesar disso, houve um leve avanço na capacidade de pagamento: 45,3% das famílias de menor renda dizem que conseguirão quitar total ou parcialmente suas dívidas em atraso no próximo mês, frente a 45% em julho.
Fontes de endividamento
Entre as principais estão o cartão de crédito, presente em mais de 90% dos lares, o crédito pessoal e os carnês entre as famílias de menor renda, além de financiamentos de imóveis e veículos, entre as de maior renda.
Nas famílias com renda de até 10 salários mínimos, 52% das dívidas são de curto prazo (até seis meses) e 48% de longo prazo (acima de seis meses), enquanto entre as de maior renda as dívidas de curto prazo representam 54,2% e as de longo prazo, 45,8%.
No que se refere à renda comprometida, quase metade (48,7%) das famílias de menor renda destina de 11% a 50% da renda mensal para dívidas, enquanto entre as de maior renda predomina o comprometimento de até 10% (44,5%), evidenciando maior folga financeira.
Melhor pagador do Brasil
O Espírito Santo tem a menor taxa de inadimplência entre as empresas do Brasil, segundo o estudo Retrato da Inadimplência, elaborado pelo Connect Fecomércio-ES com base em dados do Serasa Experian. Ele aponta 24,73% dos Cadastros Nacionais da Pessoa Jurídica (CNPJs) com contas em atraso, resultado bem abaixo da média nacional (31,75%) e da média da Região Sudeste (31,27%).
O levantamento mostra que, em maio, 433 empresas saíram da inadimplência, reduzindo o total para 129.420. A tendência é de melhora contínua: frente a maio de 2024, quando o índice era de 25,55%, houve queda de 0,82 ponto percentual.
Essa redução reflete uma gestão financeira mais sólida e a capacidade dos empresários de manter compromissos em dia, diz o estudo. Além disso, as empresas mantiveram estabilidade no número de dívidas por CNPJ, que ficou em 5,5, o mesmo nível de abril.
O valor médio delas chegou a R$ 14.503,40. Segundo André Spalenza, coordenador do Observatório do Comércio do Connect Fecomércio-ES, o desempenho positivo é um indicador de confiança e eficiência econômica.
“O resultado mostra que o Estado mantém um ambiente de negócios mais equilibrado e sustentável. A redução da inadimplência reduz o risco sistêmico, atrai investimentos e fortalece a competitividade do setor produtivo local”.
Outro ponto de destaque é a redução do estoque de dívidas empresariais, de R$ 2,34 bilhões em 2020 para R$ 1,88 bi neste ano. Mesmo com juros altos, as empresas do Estado conseguiram reorganizar compromissos financeiros. Esse cenário, diz o estudo, representa um ambiente mais favorável ao planejamento de longo prazo.
O presidente da Fecomércio-ES, Idalberto Moro, destacou que os empresários do Estado têm perfil conservador. “Essa postura reflete nosso compromisso com a solidez financeira e com o cumprimento de nossos compromissos”, disse.
Melhor trimestre da história
O último trimestre deste ano promete ser o mais aquecido da história recente da economia capixaba. Entre outubro e dezembro, o comércio e os serviços devem movimentar R$ 45 bilhões, segundo o Connect Fecomércio-ES.
O comércio varejista deve atingir R$ 27,1 bi em vendas no quarto trimestre, alta de 8,7% sobre o período anterior, e de 1,2% frente ao mesmo trimestre de 2024. Já o setor de serviços deve movimentar R$ 18 bilhões, impulsionado pelos segmentos de transportes e serviços às famílias, que juntos somam quase R$ 40 bilhões no ano.
O Dia das Crianças, em outubro, abriu o trimestre com desempenho histórico: R$ 201,6 milhões em vendas, o maior volume desde 2008.
A Black Friday deve manter novembro como um dos períodos mais fortes do varejo, com R$ 9,1 bi em movimentação. Já o Natal deve movimentar R$ 1,57 bi no fim de semana anterior à data, novo recorde na série histórica, iniciada em 2012, além de crescimento de 3,4% quando comparada a 2024.
“O trimestre exigirá dos varejistas capixabas uma gestão estratégica mais cuidadosa, especialmente em três frentes: estoques, promoções e variedade de produtos. O equilíbrio entre essas áreas será decisivo não só para o aumento das vendas, mas também para garantir a lucratividade”, orientou André Spalenza, coordenador do Observatório do Comércio do Connect Fecomércio-ES.
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