Crise pelos direitos de TV: “Flamengo devia jogar sozinho”, dispara Leila
Presidente do Palmeiras criticou time carioca por ir à Justiça bloquear pagamento de R$ 77 milhões aos clubes da Libra

A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, subiu o tom contra o Flamengo em meio ao fato de o rubro-negro bloquear o pagamento de R$ 77 milhões aos clubes da Liga do Futebol Brasileiro (Libra).
A dirigente sinalizou sugerir uma exclusão dos cariocas em uma futura liga organizada entre os clubes. As declarações foram dadas a um canal de TV que irá publicar o material completo no domingo (05).
Leila ainda alfinetou a diretoria do Flamengo. Sem citar nomes, a palmeirense disse que "é muito difícil" ver "gestores com essa mentalidade" no futebol brasileiro.
“A minha sugestão seria nós criarmos uma outra liga excluindo o Flamengo. Acho que o Flamengo deveria jogar sozinho. Nenhum clube é maior do que o futebol brasileiro. O Palmeiras não joga sozinho, e o Flamengo não joga sozinho — só se ele quer jogar ele contra o sub-20 dele”, afirmou a presidente palmeirense.
“Acho que seria bonito nós formarmos uma nova liga excluindo o Flamengo, e aí o Flamengo joga com ele mesmo. Quero ver a audiência que vai ter. Acho muito difícil gestores com essa mentalidade. Isso não engrandece em absolutamente nada o futebol brasileiro”, complementou Leila.
A Libra foi surpreendida com a liminar na Justiça do Rio, a favor do Flamengo, que trava pagamentos de uma parcela dos direitos de TV do Brasileirão que seria distribuída pelos clubes que fazem parte do bloco — composto, na Série A, por Atlético-MG, Bahia, Flamengo, Grêmio, Palmeiras, Red Bull Bragantino, São Paulo, Santos e Vitória.
Se o bloqueio prevalecer até o final do ano, por exemplo, significa que cerca de R$ 230 milhões ficarão travados e em discussão na Justiça. O montante travado até o momento é de R$ 77 milhões.
Dirigentes entendem que o movimento é uma tentativa do Flamengo de sufocar os membros do próprio bloco para mudança nos critérios de distribuição da verba referente à audiência, que representa 30% do total do contrato com a Globo.
O Flamengo, por sua vez, entende que a disputa na Justiça foi o caminho viável para resolver um debate que dura cerca de dez meses. A Libra tenta reverter a decisão na Justiça.
Entenda
Impasse em torno de valor bilionário
O que é a Libra?
É uma associação de clubes criada com para organizar e comercializar de forma coletiva os direitos de transmissão e marketing do futebol brasileiro. Alguns clubes, porém, não aderiram à Libra e criaram a Liga Forte Futebol (LFU), paralelamente.
Crise com Flamengo
A disputa se desenrola em torno de parte do acordo de R$ 1,130 bilhão bruto por TV Aberta e Fechada da Libra por ano para o Brasileiro. Estão na Libra: Flamengo, Palmeiras, São Paulo, Grêmio, Atlético-MG, Santos, Red Bull Bragantino, Bahia e Vitória, entre os times da Série A. O Vitória já anunciou que vai sair no futuro.
O imbróglio começa quando Luiz Eduardo Baptista assume o Flamengo e entende que os critérios de distribuição do contrato são prejudiciais ao clube. Os outros oito clubes, liderados por Palmeiras e São Paulo, rejeitam mudanças.
O Flamengo alega que perdeu em torno de R$ 100 milhões em relação ao contrato de 2024 do Brasileiro, caindo de R$ 300 milhões para R$ 200 milhões. O clube sabe que não vai recuperar esse dinheiro, que era fruto de um mínimo garantido. Mas quer reduzir a queda de receita e encontrar um meio termo.
Sua proposta é modificar o critério de audiência da distribuição do dinheiro do contato. Essa regra vale para 30% do total do contrato entre R$ 305 e 315 milhões. O restante é dividido em 40% igualitário e 30% por posição. Esse montante não está em discussão, nem foi bloqueado.
Os dois lados negociavam um meio termo no chamado cenário 4 - envolveria um ganho entre R$ 20 e 30 milhões para o Flamengo. Sua receita ficaria similar ao do Corinthians na LFU, entre R$ 220 milhões e R$ 230 milhões. O valor dependeria também da posição no campeonato.
Assembleias
Com o impasse, é marcada uma assembleia da Libra para decidir o critério. Os oito clubes querem aprovar uma divisão de audiência em 50% e 50% e uma divisão entre de audiência de TV Aberta, Fechada e ppv. O Flamengo rejeita essa proposta e a reunião acaba sem decisão.
Justiça
Sem um acordo, o Flamengo vai à Justiça para bloquear o pagamento dos 30% do contrato de todos os clubes, inclusive o seu. O entendimento do clube é que a assembleia da Libra é irregular porque o critério teria de ser aprovado por unanimidade pelo estatuto da própria Libra.
Após rejeição na 1 instância, o Tribunal de Justiça do Rio, na segunda instância, dá uma liminar para o bloqueio de R$ 77 milhões a serem pagos pela Globo. Seria a segunda parcela da fatia de audiência do contrato. Há mais duas fatias a serem pagas até o final do ano, sendo o total entre R$ 230 e 240 milhões.
A Libra vai recorrer da decisão alegando que a assembleia é legal. Fora a liminar, a questão do mérito tem que ser decidido em uma corte arbitral.
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