Uma em cada três mulheres com câncer de mama em PE tem menos de 50 anos
Entre os anos de 2018 e 2023, 14 mil pernambucanas descobriram um tumor maligno nas mamas e 36% delas tinham até 49 anos

Mais de um terço dos diagnósticos de câncer de mama em Pernambuco ocorre em mulheres com menos de 50 anos, de acordo com um levantamento realizado pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) a partir de dados do Painel Oncologia Brasil, elaborado pelo Ministério da Saúde. Entre os anos de 2018 e 2023, 14 mil pernambucanas descobriram um tumor maligno nas mamas e 36% delas tinham até 49 anos.
Os dados reforçam a importância de campanhas de informação sobre o câncer de mama, mais frequentes no Outubro Rosa, mês dedicado à conscientização sobre a doença e a saúde da mulher como um todo. As estratégias de prevenção e investigação são as grandes aliadas no combate a esse tipo de tumor, o mais prevalente entre as mulheres (exceto pele não melanoma) e também o que mais mata no Brasil e no mundo.
Grande conquista
Em 2025, a população feminina comemora uma importante mudança no Sistema Único de Saúde. A idade para início do rastreio com a mamografia, exame que permite a detecção de tumores quando ainda são muito pequenos, não sensíveis ao toque, sem qualquer sintoma e menos agressivos, caiu de 50 para 40 anos, em consonância com as recomendações das entidades médicas do Brasil e do mundo. Ele será realizado regularmente até os 74 anos - antes, era apenas 69.
“Garantir que todas as mulheres tenham acesso ao exame foi uma vitória imensa. Mas de nada adianta se elas não buscarem fazer o exame, se a mulher não entender que precisa se priorizar. A mulher é responsável por muitas coisas e, muitas vezes, sente até que se cuidar é um ato de egoísmo, mas não é”, argumenta a médica radiologista Mirela Ávila, do Centro Diagnóstico Lucilo Ávila. Em 2025, a campanha de Outubro Rosa da instituição defende que “Pertencer a si mesma começa com um exame”.
A mudança ocorre após uma importante discussão estimulada por uma consulta da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), na qual profissionais de saúde mobilizaram a sociedade para argumentar em prol da mamografia a partir dos 40 anos, com base em estudos científicos e levantamentos demográficos, pois apontam que a doença está cada vez mais jovem.
Um estudo da American Cancer Society verificou um aumento de 1% no número de cânceres de mama entre os anos de 2012 e 2021, mas o avanço abaixo dos 50 anos é maior, de 1,4%.
Diagnóstico precoce
Pernambuco teve 14.275 resultados positivos para câncer de mama no período avaliado pelo CBR, que corresponde aos últimos dados disponíveis em série histórica nas bases oficiais (2018 a 2023). Do total, 5.203 (36%) das pacientes tinham menos de 50 anos, 6.749 (47%) tinham entre 50 e 69 anos e 2.323 (16%) estavam com mais de 70 anos. Os índices são semelhantes ao cenário nacional, onde foram 319.180 diagnósticos ao total, sendo 108.531 (34%) com menos de 50 anos, 157.409 (49%) e 53.240 (17%) acima dos 70 anos.
O rastreamento facilita o diagnóstico precoce, que eleva as chances de cura para até 95% e pode proporcionar uma redução de até 30% na mortalidade pela doença. No Reino Unido, o estudo “Age Trial”, desenvolvido por pesquisadores da Queen Mary University of London, apontou uma redução de 25% no risco de morte por tumores malignos de mama através do rastreio anual em mulheres de 40 a 40 anos.
Abordagem individualizada
O avanço da medicina possibilita, atualmente, uma abordagem individualizada para favorecer a descoberta quando o tumor ainda está em pequenas dimensões. Os números do Painel Oncologia Brasil também revelam um crescimento no total de diagnósticos no país: saltaram de 40.953 em 2018 para 65.283 em 2023 - ou seja, um aumento de 59% em apenas cinco anos.
A mudança reforça a importância da disseminação de informações sobre a doença e da discussão entre especialistas sobre as melhores formas de prevenção, rastreio, diagnóstico e tratamento, considerando as individualidades de cada paciente e o contexto geral da saúde no Brasil.
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