Presidente do BNDES alerta para papel das fintechs no crime organizado
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, defende que é necessário fechar as brechas do mercado financeiro para combater o crime organizado no Brasil.
“A lavagem de dinheiro desses grupos passa pelas fintechs e pelas criptomoedas”, disse Mercadante em entrevista ao apresentador José Luiz Datena no programa Brasil do Povo, da RedeTV!, neste sábado, 27.
Para coibir os crimes financeiros, o BNDES está trabalhando em parceria com a Polícia Federal (PF), Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), Receita Federal e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
“Toda a fuga de capital e lavagem de dinheiro está indo para as fintechs. É uma estrutura que ninguém sabe quem comanda, não tem controle e o Banco Central não fiscaliza. Aí acontecem esses roubos que estamos vendo”, afirma.
Tecnologia e inteligência
O caminho para desmontar as estruturas que impulsionam o crime organizado no País deve seguir uma jornada de inteligência, planejamento e coordenação, argumenta Mercadante.
Neste sentido, o BNDES anunciou, este ano, a destinação de R$ 318 milhões para fortalecer o Plano Amazônia: Segurança e Soberania.
O projeto tem o objetivo de confrontar organizações criminosas que atuam no desmatamento ilegal na região. A justificativa é que para o combate eficaz desses crimes são necessários grandes investimentos, incluindo a aquisição de helicópteros e lanchas blindadas.

Segundo Mercadante, nas duas primeiras operações, a iniciativa já recuperou R$ 160 milhões ao flagrar o contrabando de duas remessas de ouro. “Pagamos metade do investimento nas duas primeiras operações”, diz.
O projeto, segundo ele, é um exemplo de como a segurança do País deve ser. “Não pode ser essa coisa de jogar o criminoso de cima de um viaduto ou fuzilar alguém. Precisamos de inteligência estratégica, imagens de satélite de alta resolução, câmeras de vigilância e reconhecimento”, indica.
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Mercadante defende que a adoção dessas tecnologias vai ajudar a evitar que os honestos paguem pelos criminosos.
“O roubo de carga aumenta o preço do seguro e, em alguns casos, o seguro não cobre. O combustível adulterado destrói o automóvel do motorista e prejudica o empresário sério que paga imposto”, exemplifica. “As empresas que pagam seus impostos estão sendo depredadas em detrimento do sujeito que não paga nada, não tem responsabilidade e pratica contrabando”.
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