Frustração com taxa de meio milhão de reais para trabalhar nos EUA
Preço para ter visto de trabalho qualificado subiu para US$ 100 mil, valor a ser pago pelo empregador, o que dificulta contratos

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, provocou uma grande frustração em profissionais altamente qualificados que têm como objetivo trabalhar nos Estados Unidos.
Isso porque Trump assinou um decreto que eterminou que o visto H-1B, destinado a esse perfil de trabalhador, passará a ter a cobrança de uma taxa de US$ 100 mil (cerca de R$ 530 mil).
Essa autorização só pode ser concedida a quem já possui oferta de emprego por uma empresa americana, e o custo precisa ser coberto pelo empregador.
O H-1B foi criado em 1990 pela Lei de Imigração, em meio a um período de escassez de mão de obra especializada nos Estados Unidos, e tem o objetivo de preencher vagas que não podem ser ocupadas por trabalhadores americanos.
“O novo encargo inviabiliza muitas dessas oportunidades e integra um pacote de medidas anti-imigração da atual administração. Economicamente, limita a circulação de mão de obra qualificada e pode prejudicar empresas, especialmente no setor de tecnologia, que têm alta dependência de talentos estrangeiros”, explica o advogado Renan Caseiro de Almeida.
Conforme explica Leda Oliveira, CEO da AG Immigration, em geral, o H-1B exige pelo menos um diploma de bacharel e experiência na função. Devido a sua enorme procura, só são disponibilizados 85 mil vagas, por meio de um sorteio anual.
No ano passado, 2.641 brasileiros tiveram esse visto aprovado, tornando o Brasil o nono país que mais enviou talentos para trabalhar formalmente nos Estados Unidos em 2024.
Segundo Leonardo Freitas, fundador e CEO do escritório de advocacia especializado em imigração Hayman-Woodward, a mudança fez com que muitos brasileiros passassem a considerar outros destinos, como os Emirados Árabes Unidos, onde a entrada para trabalho é processada em menos de uma semana.
“Enquanto os EUA encarecem e dificultam a entrada de profissionais qualificados, outros países estão aproveitando a oportunidade para se posicionar como destinos mais atraentes”, afirma, citando o visto K, criado pela China, para facilitar a entrada de estrangeiros em áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática.
Um morador de Vitória que pediu para não ser identificado relatou frustração com a medida, já que planejava se mudar para os EUA ao terminar os estudos da área de Tecnologia da Informação.
“As empresas de tecnologia de lá vão ter mais dificuldade para fazer esse tipo de contratação agora. Apesar de haver outros mercados para trabalhar, como nos países europeus ou na Ásia, a ideia de viver nos Estados Unidos me agradava”, relatou.
Saiba mais
Criado na década de 1990
O H-1B foi criado em 1990 pela Lei de Imigração, em meio a um período de escassez de mão de obra especializada nos Estados Unidos, e tem o objetivo de preencher vagas que não podem ser ocupadas por trabalhadores americanos.
Em geral, o H-1B exige pelo menos um diploma de bacharel e experiência na função. É bastante usado por empresas de tecnologia, engenharia, saúde e finanças, que buscam talentos qualificados em nível global.
Até agora, o valor pago pelo H-1B, entre taxas administrativas e gastos com advogados, era cerca de US$ 10 mil. Com o decreto de Trump, a taxa de US$ 100 mil se somará a essas despesas.
Sorteio
Devido à enorme procura pelo visto, os EUA só disponibilizam 85 mil vagas para esse tipo de autorização, e fazem um sorteio anual, a “loteria do H-1B”, para determinar quais trabalhadores serão escolhidos para avançar no processo.
Ele está entre os vistos mais desejados por trabalhadores — no ano passado, houve 427.084 petições por essa autorização — e concede direito de permanecer trabalhando nos EUA por três anos, renováveis por mais três.
Nono lugar para o Brasil
Entre eles, estão os brasileiros: no ano passado, o país teve 2.641 petições do H-1B aprovadas, segundo dados do U.S. Citizenship and Immigration Services (serviço de imigração americano), ou o nono lugar do ranking dos países que mais enviam talentos aos EUA.
Oportunidade
De acordo com Leonardo Freitas, fundador e CEO do escritório de advocacia especializado em imigração Hayman-Woodward, a mudança fez com que muitos brasileiros passassem a considerar outros destinos, como os Emirados Árabes Unidos, onde a entrada para trabalho é processada em menos de uma semana.
Outro exemplo, diz ele, é a China, que lançou o visto K, programa que facilita a entrada de estrangeiros em áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática.
Dúvidas sanadas
Um dos principais temores de profissionais de TI, engenheiros de software e profissionais de saúde que já são detentores do H-1B é se podem viajar e voltar aos Estados Unidos sem ter que pagar a taxa — a resposta é que sim.
Outro questionamento é se a cobrança é válida para novas aplicações e se é anual — a dúvida foi sanada pelo governo americano, que apontou que a cobrança da taxa de US$ 100 mil é feita apenas uma vez e é válida somente para novas aplicações.
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