Arquiteto recebe cinco órgãos de um mesmo doador
Luiz Perillo esperava há 4 anos pelo transplante multivisceral para receber estômago, fígado, intestino, pâncreas e rim

Nova chance para a vida com a solidariedade do outro. Há quatro anos, o arquiteto brasiliense Luiz Perillo, de 35 anos, aguardava na fila por novos órgãos e neste mês a espera acabou.
De um mesmo doador, na última terça-feira ele recebeu estômago, fígado, intestino e pâncreas, e receberá o rim nos próximos dias. Esse é um caso de transplante multivisceral, em que há a substituição de dois ou mais órgãos de uma só vez. Em março, o Ministério da Saúde incorporou o procedimento ao Sistema Único de Saúde (SUS).
A necessidade da operação se deu porque o arquiteto tem trombofilia, uma doença causada por alterações na coagulação do sangue e que leva à trombose. Em 2018 a doença atingiu a veia porta, que recebe o sangue do sistema digestivo, e levou aos poucos os órgãos de Luiz à falência.
Segundo Alberto Stein, cirurgião do aparelho digestivo da Rede Meridional, o transplante multivisceral é raro. Ele explicou que os órgãos costumam ser de um único doador para evitar a rejeição de múltiplos órgãos com doadores diferentes e para também facilitar as “reconstruções”.
“Quando se faz a captação do doador, os órgãos vêm no que chamamos de ‘monobloco’, vêm em um bloco único onde as anastomoses, as emendas vasculares, se tornam mais fáceis de fazer”.
Sobre a recuperação, Alberto disse que os cuidados são os mesmos de qualquer transplante, com o uso de imunossupressores e a realização de exames periódicos.
Campanha
Neste sábado é celebrado o Dia Nacional da Doação de Órgãos, movimento que visa conscientizar a população sobre a importância dessa ação.
“O ato de doação é um dos mais solidários e de demonstração de amor que as pessoas podem ter com o próximo. A doação tem permitido diversos transplantes”, disse Lauro Vasconcellos, nefrologista responsável técnico pela equipe de Transplante Renal do Hospital Meridional.
Fique por dentro
Doação de órgãos
Quero ser doador. O que fazer?
Avise sua família sobre seu interesse em doar porque os órgãos de uma pessoa só poderão ser doados com autorização de um familiar.
Quem pode doar?
No caso de doador falecido, pacientes que foram diagnosticados em morte encefálica, o que ocorre normalmente em decorrência de traumatismos/doenças neurológicas graves.
Quais órgãos e tecidos podem ser doados?
Rins, fígado, coração, pulmões, pâncreas, intestino, córneas, valvas cardíacas, pele, ossos e tendões.
Após a doação, como fica o corpo?
Os órgãos doados são removidos cirurgicamente e o corpo é cuidadosamente reconstituído, preservando sua aparência. Isso permite que o velório ocorra de forma digna, sem deformidades visíveis.
Quem recebe os órgãos?
São destinados a pacientes que necessitam de transplante e estão aguardando em uma lista única de espera. Esta lista é fiscalizada pelo Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde (SNT/MS) e Centrais Estaduais de Transplantes.
Dados
Atualmente, há 2.709 pessoas aguardando um transplante de órgão ou córnea no Estado, sendo 1.553 para córnea; 1.103 para rim; 42 para fígado e 11 para coração. No Brasil, são 80.439 pessoas cadastradas no Sistema Nacional de Transplantes (SNT).
Em 2025, foram realizados 431 transplantes no Espírito Santo, entre órgãos sólidos e tecidos, até agosto. Em 2024, neste mesmo período, foram 330 transplantes. No ano passado, foram realizados 510 transplantes, no total.
Fonte: Secretaria da Saúde (Sesa).
Opiniões

“Fazemos transplante para durar décadas e reintroduzir o paciente à sociedade Alberto Stein, cirurgião do aparelho digestivo

“Por mais doação que a gente tenha, o número de pessoas que têm a necessidade de transplante tem aumentado muito Lauro Vasconcellos, nefrologista
Setembro Verde
Neste mês, acontece a famosa campanha Setembro Verde, que conscientiza a população sobre a importância da doação de órgãos.
Nesse contexto, o Convento da Penha celebrou ontem uma missa em ação de graças pelas famílias de doadores de órgãos, refletindo sobre o ato de solidariedade daqueles que disseram “sim” à doação. A celebração aconteceu no Campinho.
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