Estudante de engenharia suspeito de crime brutal em motel: “ela lutou pela vida”
Jovem disse ao porteiro que voltaria, mas seguiu para o estágio, no bairro do Janga, como se o mundo fosse o mesmo depois do que deixou para trás
Com informações de Luciana Queiroz e André Nascimento

Em Paulista, município da Região Metropolitana do Recife, a manhã desta terça-feira (23) trouxe à tona um crime de violência atroz. No quarto de um motel, uma jovem identificada como Julia Ramilly dos Santos Silva, 20 anos, foi encontrada morta, coberta por um lençol, depois de lutar até o último sopro. Suas unhas postiças estavam espalhadas pelo chão, testemunhas mudas da resistência que travou contra um suspeito que não teve pressa.
O homem, identificado como Djalma Diego Oliveira Deodato, 25 anos, estudante de engenharia elétrica e estagiário em uma empresa terceirizada que presta serviços à Compesa, saiu do quarto antes das 7h. Disse ao porteiro que voltaria. Não voltou. Preferiu seguir para o estágio no bairro do Janga, na mesma cidade, como se o mundo fosse o mesmo depois do que havia deixado para trás.
Cena de horror

Segundo o perito criminal Victor Sá Leitão, a brutalidade foi a marca da cena:
“Houve ali uma luta corporal e a vítima também perdeu algumas unhas, aquelas unhas postiças, nesse confronto, né? E acabou vindo a falecer em decorrência de asfixia, de esganadura.”
O corpo estava prostrado no colchão, em meio a roupas e objetos espalhados. Nas paredes, manchas de sangue.
“O que chamou a atenção bastante de toda a equipe, de todo mundo, é que essa vítima foi encontrada com o controle remoto da TV introduzido em seu ânus. Foi uma cena realmente muito pesada, não é comum a gente ver esse tipo de coisa.”, afirmou, contando ainda que ela tinha um corte na boca.
Os exames do Instituto de Medicina Legal vão indicar se houve violência sexual. A vítima estava parcialmente vestida, sem a parte de baixo da roupa, a blusa rasgada e fora de posição.
O delegado
O delegado Douglas Camilo, responsável pelo caso, confirmou que a Polícia Militar localizou o suspeito pouco depois:
“Por volta das 4h40 da manhã, um casal deu entrada nesse hotel. Por volta das 7h, esse rapaz saiu dizendo ao porteiro que iria resolver alguma coisa, mas que voltaria. Deixou o celular dela carregando e foi-se embora. Quando deu 9h, ele não retornou. O funcionário foi verificar, chamou pela mulher, e a moça da limpeza constatou que ela estava morta, coberta com lençol.”
O suspeito
A vítima foi encontrada com o controle introduzido no ânus, o que indica muita maldade, além da morte em si. Mostra uma tentativa de poder sobre a vítima. Mas o delegado preferiu não adiantar, na ocasião da entrevista, que se tratava de um feminicídio, quando o homem mata a mulher pelo simples fato de ela ser mulher.
Djalma foi preso no Janga, dentro de uma estação da Compesa. O estudante negou o crime, mesmo diante das imagens de câmeras de segurança que mostram sua entrada e saída do quarto. Ele já foi preso diversas vezes, principalmente por estelionato e tráfico de drogas, e usou tornozeleira eletrônica até janeiro deste ano.
No celular dele, a polícia encontrou diversas conversas com garotas de programa, onde marcava encontros. Em outro registro, a mãe lhe pede para não voltar para casa porque a polícia o procurava.
As autoridades também investigam se a jovem estava sob efeito de drogas no momento do crime.
A mulher que lutou até o fim
A vítima demorou a ser identificada. Mas chama-se Julia Ramilly dos Santos, 20 anos, nail designer. Não havia documentos no local. Apenas a bolsa com maquiagem. Nenhum dinheiro, nenhuma droga, nenhum álcool. Apenas um corpo e o rastro da violência.
Não se sabe, ainda, se Julia era namorada do suspeito. Ela parecia ser mais velha. Aparentava 30 anos na avaliação dos policiais que a viram pela primeira vez sem os documentos. Na vida real, estava no auge da juventude.
“Ela lutou pela vida. Encontramos unhas que se desprenderam dela, aquelas unhas postiças que a mulher costuma usar. Houve essa luta corporal, mas ela veio a falecer em decorrência da asfixia mecânica.”, relatou o perito.
A cada detalhe revelado, a cena parece uma tragédia escrita em letras de crueldade. Um encontro na madrugada que terminou em silêncio, morte e horror. Até o fechamento desta matéria, não se sabe a motivação do crime.
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