Israel extermina povo palestino e tenta aniquilar sonho de nação, diz Lula
Em discurso na ONU, presidente brasileiro acusa Israel de genocídio, critica veto dos EUA e defende reconhecimento internacional da Palestina

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que as ações de Israel na Faixa de Gaza são um extermínio do povo palestino e também uma tentativa de impedir a criação de um Estado palestino.
"O que esta acontecendo em Gaza não é só o extermínio do povo palestino, mas uma tentativa de aniquilamento de seu sonho de nação. Tanto Israel quanto a Palestina têm direito de existir", declarou durante conferência na ONU sobre a Palestina e a solução de dois Estados, boicotada por Israel e Estados Unidos.
Críticas ao Conselho de Segurança da ONU
A declaração de Lula, de pouco menos de cinco minutos, foi marcada por condenações às ações de Israel tanto em Gaza quanto na Cisjordânia. O presidente intercalou suas falas com críticas à paralisia do Conselho de Segurança da ONU, que chamou de entrave ao multilateralismo.
"O conflito entre Israel e Palestina é símbolo maior dos obstáculos enfrentados pelo multilateralismo. E mostra que a tirania do veto sabota a própria razão de ser da ONU, de evitar que atrocidades como as que motivaram sua fundação se repitam", disse.
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Alvo indireto: Estados Unidos
A referência ao poder de veto foi uma crítica velada aos EUA, que vêm barrando resoluções para encerrar a guerra em Gaza. Lula afirmou que o bloqueio à admissão plena da Palestina na ONU contradiz a vocação universal da instituição.
Acusações de genocídio e ação judicial
O presidente lembrou que o plano de partilha do mandato britânico da Palestina foi adotado em sessão presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha, há 78 anos. Segundo ele, apenas um dos dois Estados previstos se concretizou.
"Um Estado se assenta sobre três pilares: o território, a população e o governo. Todos têm sido sistematicamente solapados no caso palestino", declarou.
Lula mencionou o relatório recente de comissão da ONU que classificou as ações de Israel em Gaza como genocídio. Reforçou também a decisão do Brasil de aderir ao processo movido pela África do Sul contra Tel Aviv na Corte Internacional de Justiça.
Condenação ao Hamas e fome na faixa de Gaza
O presidente voltou a criticar os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023. "Os atos terroristas cometidos pelos Hamas são inaceitáveis, e o Brasil foi enfático ao condená-los, mas o direito de defesa não autoriza a matança indiscriminada de civis", disse.
Ao falar sobre a crise humanitária, Lula citou diretamente Israel e os EUA. "Meio milhão de palestinos não têm comida suficiente – mais do que a população de Miami ou de Tel Aviv", afirmou.
Apoio ao reconhecimento da Palestina
Lula destacou os países que reconheceram recentemente o Estado palestino, como França, Reino Unido, Canadá e Portugal, e reforçou que o Brasil suspendeu exportações de material de defesa que possam ser usados em crimes de guerra.
O petista defendeu que a Assembleia-Geral da ONU assuma responsabilidades diante da omissão do Conselho de Segurança e apoiou a criação de um órgão inspirado no comitê contra o apartheid sul-africano.
Macron anuncia reconhecimento da França
O discurso de Lula ocorreu após a fala do presidente palestino Mahmoud Abbas e antes do anúncio de Emmanuel Macron. O francês oficializou o reconhecimento da Palestina pela França, país que preside a conferência ao lado da Arábia Saudita.
"Esse reconhecimento é uma forma de afirmar que o povo palestino não é só mais um povo", declarou Macron. "É um povo com história e dignidade, e o reconhecimento de seu Estado não subtrai nada do povo de Israel."
Isolamento dos EUA
A decisão da França ocorreu um dia após Austrália, Canadá, Portugal e Reino Unido também reconhecerem a Palestina. Agora, quatro dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança apoiam a criação do Estado palestino: França, Reino Unido, China e Rússia — isolando os Estados Unidos.
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