Desafios globais e futuro da paz
"Atualmente, tenho observado movimentos preocupantes no cenário mundial"

Quero compartilhar com o caro leitor algo da minha trajetória profissional, que tenho lidado de forma jocosa. Diariamente sou abordado por amigos, colegas de trabalho ou pessoas que acabo de conhecer e que me fazem a seguinte pergunta: Teremos uma Terceira Guerra Mundial? Isso, certamente, ocorre pelo fato de eu desempenhar uma função de analista do cenário geopolítico contemporâneo.
Confesso que não tenho nenhuma resposta muito objetiva, além disso, há alguns meses, ouso dizer que para além de um ano, eu tinha consolidado a ideia de que um conflito global em larga escala como as duas Grandes Guerras seria algo impossível. Mas, atualmente, tenho observado movimentos preocupantes no cenário mundial, sobretudo pelo fato de que vivemos em uma era de interdependência em todo planeta, com crises regionais causando impactos globais.
No imaginário popular, uma Terceira Grande Guerra seria algo como vemos nos filmes “hollywoodianos”, mas é importante entendermos que a paz do século XXI não se constrói nos campos de batalha, como foi no passado. Com o nível de conexão que temos na contemporaneidade, a tecnologia avançada de tal forma que já entendemos os computadores e seus algoritmos como “soldados” no nosso cotidiano, esta construção ocorre nos laboratórios, nas redes digitais e, até mesmo, ao discutirmos sobre como devemos preservar o nosso planeta.
Um exemplo disto que falo são as guerras híbridas, que mesclam ataques digitais, propaganda e exército em solo. O terrorismo, que é uma ferramenta mais antiga, ganhou capacidade de ampliação de seus danos, pois hoje ele já é transnacional e intercontinental.
A paz do futuro não dependerá apenas da ausência de guerras tradicionais, as também a capacidade de enfrentar crises globais. Migrações forçadas, desastres climáticos e insegurança alimentar já fomentam tensões políticas e sociais em várias regiões. Ignorar esses fatores é insistir numa visão ultrapassada de paz, quando na verdade o momento em que vivemos exige incluir a sustentabilidade e a justiça climática como pilares de estabilidade internacional.
Por fim, o papel do diálogo e da cooperação internacional é preponderante, pois nenhuma nação sozinha conseguirá garantir a paz em temas complexos como saúde global, cibersegurança e o clima. Por mais que o multilateralismo seja lento, capturado por interesses das grandes potências e limitado em seus resultados, devemos entender que alguns órgão como ONU, União Europeia e OMS são arenas capazes de organizar as disputas por meio da diplomacia. Devemos ter coragem de entender que a paz não é só pragmatismo, mas também um horizonte ético.
A utopia de uma conciliação universal e eterna deve funcionar como uma bússola, mesmo que inatingível em plenitude por agora, mas se a guerra é fruto do medo e da desconfiança, a paz do futuro dependerá de nossa capacidade de imaginar juntos um destino comum para a humanidade.
Thomaz Tommasi
Mestre em Política Pública e Desenvolvimento Local
MBA em Diplomacia e Relações Internacionais
MBA em Liderança, Gestão e Política pelo CLP
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