270 mil pessoas no ES têm algum tipo de deficiência
Segundo o IBGE, são 144 mil pessoas com dificuldades visuais, 46 mil com deficiência auditiva e 100 mil com limitações para andar

Superar limites é rotina para milhares de capixabas. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 270 mil pessoas convivem com algum tipo de deficiência no Estado.
É nesse cenário que se insere a Semana Nacional das Pessoas com Deficiência Intelectual e Múltipla, que foi celebrada de 21 a 28 de agosto, e que convida a sociedade a refletir sobre inclusão, respeito e oportunidades.
Ainda segundo dados do IBGE, são aproximadamente 144 mil pessoas com dificuldades visuais, 46 mil com deficiência auditiva, 100 mil com limitações para andar e 53 mil com limitações mentais.
Mas, por trás das estatísticas, há histórias de vida que inspiram. Uma delas é a de Maria Catarina Nogueira De Souza Schons, de 20 anos. Cadeirante desde que nasceu prematura, com apenas 30 semanas de gestação, ela superou uma longa jornada de internações, terapias e cirurgias.
“Fiquei três meses na UTI neonatal. Sempre tive todos os movimentos, mas com coordenação prejudicada”, contou.
Apesar das limitações físicas, Maria Catarina encontrou no palco um espaço de liberdade. “Adoro teatro, é minha paixão”, afirma a jovem, que cursa teatro e canto na escola Abel Santana, em Vitória.
Sonhadora, ela já se prepara para voos ainda maiores. “Estou estudando inglês porque penso em trabalhar na Disney, em séries ou videoclipes”, disse.
Mas barreiras cotidianas persistem. “Este ano, eu e meu pai procurávamos uma academia, mas não permitiram que ele entrasse comigo para me ajudar. Tivemos que desistir. Agora estou em outra academia, onde me receberam bem e não colocaram nenhum empecilho.”
Situações como essa mostram que, embora o Brasil tenha avançado em termos legais, a inclusão plena ainda não saiu do papel. É o que destaca a advogada Luciana Musse, especialista em Direitos da Pessoa com Deficiência.
“O Brasil tem uma legislação bem avançada, garantida pela Constituição, pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e pela Lei Brasileira de Inclusão. Mas para que esses direitos sejam vivenciados, é imprescindível a implementação de políticas públicas”, explica.
Ela lembra que já existem garantias importantes, mas ressalta: “Na prática, as pessoas com deficiência ainda enfrentam barreiras econômicas, atitudinais e culturais, como o capacitismo, que dificultam sua verdadeira inclusão social”.
Superação

Aos 19 anos, após uma cirurgia de glaucoma em que ocorreu uma falha na anestesia, Raíza Knust perdeu a visão de forma abrupta.
Ela, que já cursava Psicologia, trancou a faculdade e se dedicou à reabilitação. Hoje, aos 34, Raíza é psicóloga formada e segue firme na profissão que escolheu antes da deficiência.
Além disso, realiza outro sonho: o teatro. Para ela, a trajetória é marcada por superação. “Transformei a dor em força para seguir e ajudar outras pessoas”, afirma.
Serviços oferecidos pelas prefeituras
Vitória
Por meio de diferentes secretarias, o município oferta serviços que facilitam o acesso a direitos e promovem a integração dessa população.
Entre outros, a subsecretária de Proteção Social Básica e Segurança Alimentar e Nutricional da Secretaria Municipal de Assistência Social Graziella Lorentz fala que o Serviço de Atendimento no Domicílio (SAD) para pessoas idosas e com deficiência oferece uma equipe com tecnicos, educadores, e outros profissionais, que fazem o atendimento do paciente à domicílio.
A equipe constrói um plano de desenvolvimento do usuário, que é um passo a passo sobre como a pessoa com deficiência vai acessar os espaços. O serviço promove também encontros de famílias que possuem portador de deficiência para que aconteça a troca de conhecimentos.
Vila Velha
Na Secretaria de Assistência, o Centro de Convivência da Pessoa com Deficiência, que fica na glória, atende pessoas com todos os tipos de deficiência.
Um dos serviços é o grupos de convivência para evitar o isolamento social e o adoecimento. Além disso acontece também atendimento a pessoas com deficiência em todos os grupos de serviço de convivência.
o Centro Integrado Familiar da Pessoa com Deficiência e intelectual múltipla e autismo, por meio da APAE, atendem três tipos de política pública: a saúde em relação à primeira infância, o contra turno escolar, e o serviço de convivência para as pessoas adultas.
Letícia Goldner, secretária de Assistência Social de Vila Velha complementa ainda sobre a existência da Carteirinha da Pessoal Autista. “A família pode solicitar fisicamente ou online em https://tea.vilavelha.es.gov.br/”
Cariacica
A Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) implantou a 1ª Residência Inclusiva do município, localizada no bairro Porto Belo.
O espaço acolhe dez pessoas com deficiência física e intelectual que não possuem vínculos familiares nem recursos financeiros.
Além disso, a Prefeitura de Cariacica apoia instituições do terceiro setor, como a Associação dos Amigos dos Autistas do ES (Amaes), o Cariacica Down, a APAE e o Instituto de Apoio às Famílias de Autistas e Afins do ES (Iafaaes), por meio de termos de fomento, e lançou a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, que garante mais cidadania e prioridade no atendimento.
Serra
Uma das maneiras de inclusão na Serra é por meio do esporte. A cidade possui sete equipamentos onde são oferecidos atividades esportivas e culturais gratuitas.
Em todos eles as pessoas com deficiência sem limitações físicas são inseridas em atividades como ginástica, balé, aulas de circo, teatro, dentre outras.
Para quem possui limitações físicas, Anderson Madeira, secretário de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer da Serra explica que os pais devem fazer o cadastro na unidade. Lá serão orientadas sobre as vagas e quais são as possibilidades diante das limitações da criança.
na Arena Jacaraípe é oferecida a ginástica para PCDs com limitações físicas para o público adulto. As aulas são gratuitas e acontecem às terças-feiras , das 20 às 21h e às sextas-feiras, das 18 às 19h.
Praia Sem Barreiras
No dia 11 de janeiro de 2025, a Serra implantou um importante programa na Praia de Jacaraípe, o programa Praia Sem Barreiras com a finalidade de proporcionar a experiência de banho de mar assistido para pessoas com deficiência e baixa mobilidade. Foi implantada uma estrutura na Praia de Jacaraípe, com container escritório, banheiros adaptados, cadeiras anfíbias, esteira de acessibilidade, entre vários equipamentos e objetos para o pleno funcionamento do Programa.
O programa foi um sucesso de público. Foram realizados um total de 953 atendimentos no período de funcionamento, das quais 531 tiveram a experiência de banho de mar assistido e contamos com a presença de mais de 700 visitantes, entre familiares e acompanhantes. O programa se encerrou em maio de 2025, mas tem previsão de retornar ainda este ano.
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