Thiago Brennand é condenado a 8 anos de prisão por estupro de estudante de medicina
Os advogados da vítima -Márcio Janjácomo, João Vinicius Manssur, Márcio Janjácomo Júnior e Marcelo Zovico- reafirmaram confiança na Justiça

O empresário Thiago Brennand foi condenado por estupro da estudante de medicina Stefanie Cohen, em outubro de 2021, além do pagamento de indenização por danos morais de R$ 200 mil.
A informação foi confirmada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. O processo tramita em segredo de Justiça. Cohen, que afirmou ter sido também dopada e filmada sem o seu consentimento, celebrou a condenação pelas redes sociais e comentou: "A Justiça sendo feita".
A defesa de Brennand, composta pelos advogados Alberto Zacharias Toron e Luiza Oliver, afirma que vai recorrer da decisão e diz “confiar que a decisão será reformada pelas instâncias superiores”.
Argumentos da defesa
Em nota, os advogados sustentam que a sentença reconheceu fragilidades na acusação em diferentes pontos e absolveu o empresário de duas das três imputações formuladas.
Ainda segundo a defesa, o processo registrou que a vítima tinha ciência de que a relação estava sendo filmada, que na gravação não há indício de estupro e que a vítima manteve contato após os fatos. "Ainda assim, de forma contraditória e ilegal, [a Justiça] condenou Thiago por estupro."
Já os advogados da vítima — Márcio Janjácomo, João Vinicius Manssur, Márcio Janjácomo Júnior e Marcelo Zovico — reafirmaram confiança na Justiça e compromisso com o acolhimento das vítimas, sobretudo na prevenção e no combate à violência contra a mulher.
Prisão e histórico de violência
Brennand está preso desde abril de 2023 e cumpre pena em Tremembé. Ele já foi condenado em outros processos por violência contra mulheres.
Em entrevista concedida em 2022, Stefanie Cohen contou que conheceu o empresário em um restaurante, em São Paulo, onde comemorava com amigas o título de miss São Paulo de Las Américas.
Segundo ela, Brennand parecia cordial e educado no primeiro contato. Dias depois, passaram a se comunicar pelo Instagram e combinaram de sair para jantar.
Relato da vítima
Cohen disse que, ao final do encontro, o empresário pediu duas caipirinhas de caju. Após beber, começou a se sentir mal e desorientada. “Ele veio até mim no banheiro e me levou. Eu disse que estava passando mal e ele disse que estava tudo bem”, relatou.
A estudante contou que não se lembrava claramente de toda a noite, mas afirmou ter sido dopada e estuprada. Segundo ela, Brennand a obrigou a manter relações sexuais sem preservativo e tentou forçá-la a sexo anal, mesmo diante da recusa. “Foi algo que eu nunca tinha feito, eu pedia ‘não, por favor não’. Eu falei que eu nunca tinha feito isso e ele me dizia que eu era a namorada dele. Foi tudo com extrema violência”.
No dia seguinte, Cohen disse ter acordado com dores, sem saber onde estava. Ao abrir a porta, encontrou o segurança de Brennand do lado de fora e entendeu o que havia acontecido. Nesse momento, afirmou ter entrado em “modo sobrevivência”.
Intimidação e silêncio
O empresário teria determinado que ela fosse levada de volta para casa a fim de fazer uma mala e seguir com ele para o condomínio Fazenda Boa Vista, em Porto Feliz. Nesse momento, Cohen conseguiu escapar, ao alegar que tinha um compromisso.
Logo depois, relatou o episódio à mãe e disse estar disposta a denunciá-lo. Mudou de ideia, porém, quando Brennand enviou um vídeo dos dois na noite anterior — gravação que, segundo a vítima, não foi autorizada. “Na hora, aquilo me calou. Foi um misto de ódio com vergonha”, disse.
“Eu vi que eu estava nua, ele mexia no meu corpo e aparecia o meu rosto, mas não assisti ao vídeo inteiro. Me dá vontade de vomitar”, acrescentou. Para ela, o vídeo foi usado como forma de intimidação.
Exame médico e laudo
Dias depois, a estudante procurou a ginecologista Roberta Grabert. Em laudo de 2022, a médica registrou que Cohen relatou ter sofrido abuso psicológico, físico e sexual, mas não quis acionar a polícia por medo das ameaças do empresário.
A estudante mostrou o documento à reportagem, e a médica confirmou sua autenticidade. No exame, foram constatados hematomas no braço e no abdômen, além de sinais de machucados na vagina e no ânus.
“O evento trouxe muitos prejuízos à vida dela. Não denunciei o evento a pedido da paciente e agora sinto-me no dever de me colocar à disposição para qualquer esclarecimento”, escreveu a médica no documento.
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