A Paz como construção política
"E uma pergunta norteia o almoço de domingo de muitas famílias: Será que teremos uma “terceira grande guerra?”"

Vivemos tempos conflituosos, com o Planeta Terra estremecido por ofensivas belicosas importantes e retóricas ameaçadoras que reforçam o medo coletivo. Essa escalada no pânico ocorreu a partir da invasão promovida pela Rússia ao território ucraniano, uma operação militar que ligou o alerta do mundo.
Por mais que Putin tenha iniciado seu projeto expansionista nos meses pandêmicos, é no hoje da pós pandemia que vivemos com incertezas em diversas esferas. E uma pergunta norteia o almoço de domingo de muitas famílias: Será que teremos uma “terceira grande guerra?”.
Essa é uma resposta complexa e eu não vou fazer nenhum exercício de futurologia nas próximas linhas, mas posso refletir sobre o cenário em que vivemos. A primeira pergunta a ser feita é: O que é a paz? Você, caro leitor, pode até pensar que esta é uma arguição de resposta simples. Entretanto, definir paz é algo que requer uma sondagem a diversos aspectos da vida humana, além de questões geográficas que fazem essa palavrinha de três letras muito complexa.

Para alguns, Paz é a condição política e social caracterizada pela ausência de conflitos armados e por uma certa estabilidade institucional. Ou seja, em uma definição mais direta para estas pessoas, paz é a inexistência de guerra.
Em particular, prefiro ponderar sobre este tema com muito mais profundidade. Trago para essa conversa o sociólogo norueguês Johan Galtung, que é considerado o “pai dos estudos da paz”. Foi ele quem indicou três estágios relacionados a este tema: Guerra, Paz Negativa e Paz Positiva. Por obvio que o estado de guerra é por si só de fácil definição. São os conflitos armados que tomam conta de um país ou de uma região. Mas o que é a paz negativa e positiva?
O silêncio das armas não é sinal de uma paz verdadeira. Para Galtung, a ausência da guerra, em um Estado em que os ânimos estão a flor da pele e que a população não tenha segurança social, sem garantias básicas de sobrevivência, isso é uma Paz Negativa.
Em outras palavras, não se pode colocar em uma mesma condição países com governos que entregam justiça social e segurança ao cidadão em todas as suas camadas de convivência, com aqueles lugares em que a violência urbana e as desigualdades estão afloradas. Um exemplo objetivo do que aponto aqui é a nossa realidade. Em vários territórios do Brasil o crime organizado domina e executa suas próprias regras.
Um exemplo oposto disso é observado em países no norte da Europa, onde a paz é positiva. Por lá, o pós-Segunda Guerra foi construído de políticas públicas mais sofisticadas em termos sociais, acompanhadas do que é chamado de Estado de bem-estar social, uma série de ações que edificaram uma sociedade justa, igual e pacífica. Tudo isso em nações capitalistas, que entendem que a democracia estatal tem o dever de entregar ao seu povo segurança e condições de prosperar.
Eis a grande diferença, em Estados onde a guerra e a paz negativa estão no dia-a-dia do cidadão, muitas pessoas precisam de buscar a sobrevivência. Já na paz positiva, a busca é por progresso e felicidade.
Thomaz Tommasi
Mestre em Política Pública e Desenvolvimento Local
MBA em Diplomacia e Relações Internacionais
MBA em Liderança, Gestão e Política pelo CLP
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