Rede que ameaçou youtuber Felca em PE é ligada a venda de dados e exploração sexual
Dois homens são presos em Olinda por ameaças ao influenciador; polícia de SP apura rede que vendia acessos a dados e investiga a motivação do ataque
Escute essa reportagem

Dois homens foram presos na manhã desta segunda-feira (25) no bairro de Jardim Brasil, em Olinda (PE), durante operação deflagrada pela Polícia Civil de São Paulo com apoio da Polícia Civil de Pernambuco.
Segundo a investigação, o alvo principal é apontado por ameaçar de morte o influenciador Felca. Eles podem responder por crimes como ameaça e associação criminosa praticadas em ambiente virtual. No momento da captura, um computador estava aberto em uma página com acesso a informações privilegiadas da segurança pública de Pernambuco.
As prisões em Olinda
O principal investigado é Caio Lucas Rodrigues dos Santos, 22 anos. De acordo com a polícia, ele tinha acesso a páginas de segurança e vendia informações por R$ 40. Foi preso temporariamente.
A equipe também deteve em flagrante um segundo suspeito, Vinícius (identificação completa não divulgada até a última atualização), no local onde estavam, com o equipamento que registrava acessos a diversas plataformas e pesquisas sobre o influenciador. A mãe de Vinícius, que não quis se identificar, disse não acreditar no envolvimento do filho.
O delegado Guilherme Caselli, da Polícia Civil de São Paulo, descreveu o caminho da investigação: quebras de sigilo após ameaças por e-mail, WhatsApp e redes sociais, rastreamento das conexões e cumprimento de mandados de busca e de prisão com apoio da polícia pernambucana.
“A gente procedeu a uma série de quebras de sigilo, a gente conseguiu rastrear a conexão dessas pessoas (...) e de fato a polícia daqui de Pernambuco foi excepcional no apoio conosco”.
Caselli afirma que Caio “tem um conhecimento de informática acentuado”, mas o classifica como “um grande oportunista” que colhia informações sensíveis e as vendia.
Veja também: Suspeito de ameaçar o youtuber Felca é preso em PE
Segundo o delegado, há indícios de levantamento em bases de dados estatais e até acesso indevido a sistemas como o Banco Nacional de Mandados de Prisão (CNJ), além de credenciais obtidas em grupos de Telegram. “temos informações e ele confessou que ele também acessava indevidamente o Banco Nacional de Mandados de Prisões (...) que são crimes gravíssimos, seríssimos”.
A transferência do principal investigado para São Paulo foi requerida e dependerá da audiência de custódia. “Na verdade quem vai decidir isso é o Judiciário (...); a gente pediu para que ele de fato seja disponibilizado em cambiamento para o Estado de São Paulo”.
Situação de cada preso (ambos em Pernambuco)

- Caio Lucas Rodrigues dos Santos (22) — prisão temporária; alvo das ameaças; suspeito de comercializar acessos e dados; pode ser transferido para SP, a depender de decisão judicial.
- Vinícius — preso em flagrante; associado ao principal alvo; não há, até agora, prova de participação direta nas ameaças; havia computador com acessos e conversas abertos no ambiente onde foi detido. A família nega o envolvimento.
Por que o ódio contra Felca?
Após as ameaças virem à tona, a reportagem questionou o delegado sobre a motivação do ataque.
Caselli respondeu que a apuração ainda é inicial, mas apontou uma hipótese: “Pois é, é uma pergunta que é muito subjetiva (...). tem uma possibilidade (...) dele talvez fazer parte, veja, uma possibilidade (...) de uma organização, de uma estrutura que tem um apelo via rede de discórdia, de exploração sexual de crianças e adolescentes através (...) de desafios (...) mas entenda, isso ainda está na fase embrionária”. Segundo ele, celulares e computadores foram apreendidos e serão periciados.
Como contexto, Felca publicou neste mês um vídeo denunciando a “adultização” de crianças nas redes sociais.
A partir dali, multiplicaram-se ataques e ameaças contra o influenciador — cenário que acendeu o alerta das autoridades e levou às medidas judiciais que culminaram nas prisões desta segunda-feira. A Delegacia de Crimes Cibernéticos de Pernambuco segue cooperando com São Paulo nas diligências.
Relembre o caso
A causa tem origem num vídeo contundente e viral: em 6 de agosto de 2025, o youtuber Felipe Bressanim Pereira — mais conhecido como Felca — publicou uma produção de 50 minutos em que denunciou a chamada “adultização infantil” nas redes sociais, com uso de menores em conteúdo sugestivo e exposição que beira à exploração sexual.
O material, que já soma dezenas de milhões de visualizações, provocou uma reação imediata: denúncias, projetos de lei batizados de “Lei Felca”, debates no Congresso, bloqueio de perfis, e repercussão nacional.
Veja mais em instantes
Comentários