Renovação da FCA: Findes critica acordo de R$ 28 bilhões para ferrovia
Acordo prevê investimentos, mas contorno de Belo Horizonte, vital para o Espírito Santo, ficou sem garantia e sem prazo
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Com acordo encaminhado entre o governo federal e a VLI Logística para renovação da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), a construção do contorno ferroviário de Belo Horizonte — considerado importante para o Espírito Santo por governo estadual e empresários — pode ficar em segundo plano.
A FCA passa também pelo Espírito Santo, que seria beneficiado com a obra. Mas o acordo encaminhado ao Tribunal de Contas da União (TCU), embora preveja investimentos de R$ 28 bilhões na ferrovia, coloca a estrutura apenas como obrigação futura da VLI, sem prazos ou garantia de execução.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado (Findes), Paulo Baraona, destacou que o contorno de Belo Horizonte – que é um plano B diante da inviabilidade da construção da variante da Serra do Tigre – foi incluído apenas como obrigação futura na renovação da concessão da FCA, sem qualquer definição sobre prazos ou garantias de execução.
“É uma necessidade imediata para dar fluidez ao Corredor Centro-Leste e para beneficiar o Estado. Com a medida, mais uma vez, o governo federal deixa de assegurar ao Estado investimentos estratégicos para o desenvolvimento da infraestrutura logística e para aumentar a competitividade da indústria capixaba”, criticou.
Segundo Baraona, “é preciso garantir a execução desse e de outros investimentos que esperamos há anos para aproveitarmos ao máximo a localização privilegiada e todo o potencial logístico do Estado”.
A proposta no TCU prevê renovação de contrato por mais 30 anos com a VLI. Nela, foi incluído o contorno ferroviário de Belo Horizonte, ainda em fase de projeto, mas sem a garantia esperada para o desenvolvimento capixaba.
Em junho, o governador Renato Casagrande e o vice-governador Ricardo Ferraço disseram que apoiam a renovação da concessão da ferrovia, desde que o plano B — ou seja, o contorno — fosse incluído no acordo, conforme publicou A Tribuna na edição de 12 de junho.
“Apoiamos a renovação se houver investimentos que queremos. Nosso desejo inicial era a Serra do Tigre, mas entendemos que não é viável agora. Por isso, propusemos o plano B: o contorno de Belo Horizonte, via Vespasiano e Itabira”, disse Casagrande na ocasião.
A VLI informou que não comentaria e o Ministério dos Transportes não respondeu à demanda da reportagem.
VLI busca renovar a concessão da FCA
Acordo de renovação
O governo federal e a concessionária VLI estão perto de fechar a renovação antecipada da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), que termina em agosto do próximo ano.
A proposta foi enviada ao Tribunal de Contas da União (TCU) e prevê prorrogação do contrato por mais 30 anos. O acordo inclui investimentos obrigatórios de R$ 28 bilhões, com a renovação de 4.138 quilômetros de trilhos e a execução de obras de grande porte.
Interesse para o Estado
A FCA tem trecho no Estado, fazendo conexão com a Vitória a Minas (EFVM), e forma um corredor de escoamento de grãos e açúcar para o Porto de Tubarão, por exemplo.
Foi incluído no acordo o contorno ferroviário de Belo Horizonte, ainda em fase de projeto, mas sem qualquer definição sobre prazos ou garantias de execução, conforme Paulo Baraona, presidente da Findes.
Bancada
O deputado federal Josias Da Vitória disse que a bancada está acompanhando, participando das audiências públicas e esperando que o novo contrato garanta investimentos para melhorar a logística ferroviária do Espírito Santo com o Centro-Oeste e o estado de Minas Gerais, que ainda é um gargalo, especialmente na região da Serra do Tigre.
Segundo ele, o Estado está ampliando a capacidade portuária, no próximo ano deverá entrar em operação o Porto Imetame, em Aracruz, o que vai demandar cada vez mais melhoria na logística e conexão com outros estados e regiões.
A Prefeitura de Cariacica aguarda a conclusão dos trâmites relacionados à renovação da concessão da FCA e que após essa definição, que inclui a devolução do trecho abandonado (linha férrea Leopoldina) entre Itaboraí (RJ) e Vitória, serão analisados projetos de melhorias.
Novos empreendimentos hoteleiros no Espírito Santo
Novos hotéis foram anunciados para o Estado. Um deles é o Golden Tulip Domingos Martins, na Região Serrana capixaba. Além disso, a Serra ganhará um polo hoteleiro, conforme revelou Fernando Otávio Campos, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado (ABIH-ES).
O empreendimento de Domingos Martins, que fica no distrito de Paraju, tem o modelo de multipropriedade, em que o cliente tem a estrutura e o serviço de um hotel internacional, com a posse real de um imóvel escriturado, conforme divulgou a empresa nas redes sociais.
“É sua casa na serra capixaba, com mais de 10 opções de lazer, conforto completo, e a inteligência de um investimento que também pode gerar renda”, afirma.
Outro empreendimento destacado por Campos é o Flamboyant Hotel & Convention, em Guarapari, que anunciou expansão e um resort. Mais de R$ 150 milhões serão investidos em complexo turístico na região de Lagoa Dourada.
O Resort Naurú terá 200 apartamentos de alto padrão, área de lazer e relaxamento, piscinas, sauna, spa, bar, academia e centro hípico. Já Condomínio Residencial Tekoha terá lotes com áreas de 600 a 1,5 mil metros quadrados.
“Os novos empreendimentos estão conectados e dependem do aumento de investimentos diretamente em promoção do Espírito Santo, início das obras do Pavilhão (de Carapina) e um ambiente de licenciamento mais favorável. Tem melhorado, mas ainda segue lento. E também as mudanças nos PDM vão contribuir para destravar investimentos”, afirmou Fernando Otávio Campos.
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