ES é polo de pesquisa em saúde
Estado se destaca na contribuição científica, com estudos que mudam vidas e contribuem para a medicina no mundo
Escute essa reportagem

O Espírito Santo tem se consolidado como um dos principais polos de pesquisa clínica do Brasil, com reconhecimento, também, no cenário internacional. No centro desse movimento está o Cedoes, Centro de Pesquisa Clínica, que há 25 anos atua como referência na condução de ensaios clínicos científicos com altos padrões de qualidade.
O trabalho desenvolvido pelo Cedoes insere o Estado na cadeia global de inovação em saúde, por meio de parcerias estratégicas com grandes indústrias farmacêuticas e instituições internacionais de pesquisa.
“A pesquisa clínica é o único processo que garante a chegada de novas alternativas de tratamento aos consultórios em todo o mundo, transformando ciência em esperança e qualidade de vida”, destaca a CEO do Cedoes, Irani Francischetto.
Um dos mais recentes frutos dessa atuação é a chegada do medicamento Mounjaro (tirzepatida) às farmácias brasileiras. Desenvolvido para o tratamento de diabetes tipo 2 e aprovado também para obesidade, ele teve parte de suas fases de testes conduzidas com a participação do Cedoes e de voluntários capixabas.
“Participar de um estudo clínico de um medicamento como o Mounjaro, que tem potencial para mudar o curso de doenças crônicas tão prevalentes, é uma oportunidade científica de enorme valor”, afirma a endocrinologista Camila Pitanga, uma das pesquisadoras do Cedoes, que, em parceria com a equipe da instituição, acompanhou mais de 400 pacientes durante os estudos do medicamento.
A eficácia da tirzepatida tem chamado a atenção da comunidade médica mundial, visto que ela atua como agonista duplo dos receptores GIP e GLP-1, contribuindo para regulação da glicemia, perda de peso e redução de riscos cardiovasculares.
“Os resultados dos estudos foram muito promissores, com reduções importantes no peso corporal e no controle da glicose. Isso impacta diretamente a expectativa e a qualidade de vida dos pacientes”, reforça Queulla Garret, pesquisadora clínica do Cedoes que também participou das fases de teste do Mounjaro no Estado.
Além do impacto direto no tratamento de doenças como diabetes e obesidade — condições intimamente ligadas ao surgimento de complicações renais e cardiovasculares —, as pesquisas clínicas realizadas no Espírito Santo representam uma ferramenta concreta de acesso à medicina de ponta.
“Muitos pacientes que participaram do estudo não tinham acesso a medicamentos inovadores. A pesquisa clínica oferece essa possibilidade, de forma ética, controlada e segura, sob supervisão médica rigorosa”, explica a CEO Irani Francischetto.
Soluções para prevenir e tratar
Em mais de duas décadas de atuação, o Cedoes contribuiu para tornar o Espírito Santo um território estratégico para estudos clínicos de novas moléculas, vacinas e terapias. Com uma estrutura consolidada e equipe multidisciplinar qualificada, o centro capixaba reforça a importância da ciência como caminho para o desenvolvimento da saúde no Brasil e no mundo.
Entre os anos de 2005 e 2011, por exemplo, foram desenvolvidas pesquisas clínicas com mais de 800 voluntários para tratar e prevenir a perda óssea, especialmente em casos de osteoporose. Um dos cases de sucesso nessa área foi o Prolia (Denosumab), que, desde 2011, é uma das principais opções para o tratamento da osteoporose.
Ao longo de sua história, o Cedoes ainda contribuiu para o desenvolvimento de mais de 15 medicamentos que estão sendo comercializados nos mercados nacional e internacional.
Por meio de ensaios clínicos multicêntricos internacionais e conectado aos padrões nacionais e internacionais que regem a pesquisa clínica, a instituição fortalece o acesso da população a tratamentos de ponta, fomenta o desenvolvimento profissional regional e posiciona o Espírito Santo no cenário nacional e global da pesquisa clínica.
“O acesso precoce a protocolos de pesquisa clínica pode aumentar a expectativa e a qualidade de vida das pessoas e até mesmo curar algumas doenças”, destaca Isabelle Batista, diretora de Pesquisa Clínica do Cedoes.
A pesquisa clínica, segundo dados do estudo FiFarma 2025, foi responsável, no ano passado, por uma redução de cerca de 47% dos óbitos por AVC e de 30% das mortes ocasionadas por câncer em todo o mundo.
““Nós nos orgulhamos de colocar o Espírito Santo no mapa da inovação farmacêutica mundial, contribuindo para a medicina do futuro e, acima de tudo, para o bem-estar das pessoas”, reforça Irani. ,

Lei favorece inovação médica no Brasil
A pesquisa clínica científica ganhou um novo impulso no Brasil, com a entrada em vigor da Lei nº 14.874/2024, também conhecida como Lei Geral de Pesquisa Clínica, que estabelece regras para a condução de pesquisas com seres humanos no país.
A lei visa harmonizar a legislação nacional com padrões internacionais e fortalecer o cenário nacional de pesquisa clínica. Ela criou, inclusive, o Sistema Nacional de Ética em Pesquisa e definiu princípios e diretrizes para a condução dos estudos, com foco na proteção dos participantes e na garantia de padrões éticos e científicos.
Outro importante avanço foi o novo marco regulatório, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2024. Juntas, as medidas representam um avanço significativo para o setor de saúde, trazendo mais agilidade, segurança e transparência aos estudos realizados no Brasil.
O objetivo é tornar o país mais competitivo no cenário global de inovação médica e, ao mesmo tempo, ampliar o acesso da população a terapias inovadoras.

Comentários