“Preservação não é de esquerda ou direita”, diz Casagrande no Cosud
Governadores do Sul e Sudeste pedem que haja equilíbrio no debate ambiental, sem contaminação de "polarizações políticas"
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Junto dos governadores do Sul e Sudeste, Renato Casagrande assinou um documento que sugere à COP30 (conferência climática da ONU que será realizada em Belém em novembro) que haja equilíbrio no debate sobre o meio ambiente, sem contaminação de "polarizações políticas", além de uma maior participação de estados e municípios nas negociações.
A chamada "Carta de Curitiba", que reúne os pedidos dos governadores, foi divulgada nesta terça-feira (19) na 13ª reunião do Cosud (Consórcio de Integração Sul e Sudeste), aberta junto com a Conferência da Mata Atlântica, organizada pelo Governo do Paraná.
"O Brasil pode ficar mais verde se os entes da Federação tiverem mais força, e se trabalharmos de forma unida (...). A emergência climática é uma realidade global que afeta a todos e todas e é responsabilidade dos três níveis de governo: municípios, estados e União. Portanto, polarizações políticas não devem prevalecer. Dogmas não favorecem a discussão", diz trecho.
Na cerimônia de abertura da reunião, estavam os governadores do Paraná, Ratinho Junior (PSD), de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), além do vice-governador de São Paulo, Felício Ramuth (PSD), e da vice-governadora de Santa Catarina, Marilisa Boehm (PL).
Durante seu discurso no evento, Leite disse que o tema do meio ambiente "deve servir como ponte para que nós superemos nossas diferenças".
"Essa divisão insana que a gente vê no Brasil precisa ser superada. Para trabalharmos juntos. É um tema que deve unir gerações, campo e cidade, todos os espectros políticos", disse ele.
"Os campos políticos respiram o mesmo ar, bebem a mesma água. Todos nós sentimos os efeitos das mudanças climáticas", continuou.
Casagrande adotou o mesmo tom, ao afirmar que "o tema da preservação do meio ambiente não está vinculado a direita ou esquerda". "O que a gente tem visto no Brasil é uma insanidade entre pessoas que pensam diferente. Precisamos fugir desta polarização que está maltratando o brasileiro e procurar a construção coletiva", disse.
Castro também pregou união. "Sobre a lógica do Cosud, não há nós contra eles, não há um Brasil partido, dividido, polarizado. Quando a chuva vem, ela não escolhe pobre ou rico, gente de direita ou de esquerda. A crise vem e atinge a todos", disse o governador do Rio.
Anfitrião da reunião desta terça, o governador paranaense lançou o Banco Verde, uma plataforma para conectar investidores e instituições socioambientais, e também um fundo para biofertilizantes.
Em seu discurso, Ratinho afirmou que "sustentabilidade é equilíbrio" e que "um dos maiores crimes ambientais talvez seja falta de saneamento básico".
Na entrevista à imprensa, voltou ao tema. "O Brasil tem um problema de saneamento básico gigantesco. Só que hoje, para você resolver um problema de esgoto a céu aberto, que causa problema de saúde e problema ambiental, tem que esperar uma licença ambiental que às vezes demora um ano, dois anos. Falta de lógica", disse Ratinho.
"É importante ter preservação, mas não existe preservação sem desenvolvimento econômico e social", continuou.
A dispensa de licença para projetos de água e esgoto até 2033, prazo para a universalização definido pelo marco do setor, foi vetada pelo presidente Lula (PT) no projeto de lei que altera o licenciamento ambiental no país.
No documento, os governadores também pedem atenção da COP30 para a mata atlântica e escrevem que estão comprometidos em ampliar a fiscalização do "bioma irmão da floresta amazônica".
Presente no evento em Curitiba, Ana Toni, diretora-executiva da COP30, disse que o evento em Belém será "de todos os biomas brasileiros" e "também a COP da implementação".
"Já negociamos muito, falamos muito, assinamos muitos textos. Agora temos que implementar. E, quando pensamos em implementação, quem está na linha de frente são governadores e governadoras, prefeitos e prefeitas, e o setor privado", afirmou discurso.
Após o evento, em entrevista à imprensa, os governadores evitaram comentar as declarações de domingo (17) do vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL). O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sem citar nomes, fez uma postagem na qual se referiu, de forma irônica, a "governadores democráticos" que "se comportam como ratos" com atitude oportunista.
"Eu particularmente não acho que o assunto mereça repercussão", resumiu Leite.
Do Cosud, Leite, Zema e Ratinho Junior, além do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), são nomes cotados para o Planalto em 2026.
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