Secretário Rogério Salume: "ES é o melhor produto que já tive para vender"
Recém-chegado ao governo, fundador da Wine vê gestão pública como novo desafio no empreendedorismo: “Sou um vendedor”
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Baiano, mas morador do Espírito Santo desde 1989, Rogério Salume tem uma trajetória de sucesso no ramo empresarial, reconhecida dentro e fora do Brasil. Fundador da Wine Vinhos, o empresário transformou o negócio no maior e-commerce da bebida da América Latina.
Agora, Salume assume o desafio de passar para o “outro lado da mesa”, à frente da Secretaria de Estado de Desenvolvimento (Sedes), substituindo o ex-prefeito da Serra Sérgio Vidigal.
A experiência no ramo empresarial, para Salume, será usada de forma estratégica nesse novo passo na carreira. Durante entrevista ao editor de Economia e Política da Rede Tribuna, Rafael Guzzo, o novo secretário falou sobre as principais potencialidades e os desafios no desenvolvimento do Espírito Santo, tido por ele como “o melhor produto” que já teve em mãos.
A Tribuna - O senhor assumiu agora a secretaria. Quais serão suas prioridades?
Rogério Salume - A gente pactuou um projeto bem sólido de transformar a Secretaria de Desenvolvimento, uma secretaria realmente ativa e muito atuante, no intuito de desenvolver as potencialidades do Estado, atrair novos investimentos e ter na agência o seu principal vendedor e meio de negócio para poder estar fora do Estado, viajando pelo mundo, levando as nossas potencialidades, trazendo empresas para cá, divulgando tudo isso que o Espírito Santo, ao longo dos últimos 20 anos, veio construindo.
O Estado vive um cenário de baixíssimo desemprego. Empresários são unânimes em dizer que faltam profissionais, sobretudo qualificados. Qual a saída para esse cenário?
Você ter um desemprego baixo não quer dizer que você não esteja precisando de mão de obra. Estamos precisando de mão de obra qualificada e vamos precisar o tempo todo.
Então a gente tem conversado muito com a academia, provocando ela a ter cursos mais modernos, mais dinâmicos, que falem com essas novas gerações, que falem com o que realmente o Estado precisa. Precisamos ter um foco para não ficar atirando para tudo que é lado.
Quanto à infraestrutura, o Espírito Santo está na expectativa de receber a duplicação da BR-262, novas ferrovias e aeroportos. O de Linhares, por exemplo, recebeu o avião presidencial. Nem precisou descer em Vitória...
Verdade! Sem parar em Vitória. E o aeroporto de Linhares é um aeroporto extremamente moderno, capacitado, a gente precisa fazer o que agora? A gente precisa desenvolver o turismo, desenvolver mais as empresas, porque Linhares está crescendo de forma absurda.
Precisamos desenvolver todo aquele ecossistema, isso sim é uma das funções da Secretaria de Desenvolvimento: entender qual arranjo está instalado e o que a gente consegue atrair para o entorno.
Há tendência então de atrair voos regulares, regionais?
Sem dúvida! Assim como a gente tem o desejo de ter o aeroporto lá nas montanhas. Está em processo de reunião, junto com a comunidade, discutindo os impactos.
Mas é um desejo, porque vai levar desenvolvimento, oportunidade, turismo e desenvolver a região. A gente precisa descentralizar, olhar para essas micro-regiões do Estado e fazer com que elas sejam fortes, isso é importante.
O senhor fala do Espírito Santo como um “produto a ser vendido”. O que está sendo negociado?
A gente tem várias tratativas acontecendo. Por exemplo, o projeto Parklog, na região de Aracruz, que vai catapultar toda a região Norte do Espírito Santo, gerando condição de grandes empresas, grandes negócios. A primeira ZPE privada a gente vai ter lá na região perto de Aracruz. Então o que está acontecendo na região é incrível.
Você tem grandes projetos estruturantes como o Porto Central, na região Sul, quase na divisa com o Rio. Está começando, tem suas dificuldades, mas a gente tem que torcer para que dê certo, como capixaba.
Sobre a ferrovia EF-118, existe alguma previsão de ela levar passageiros?
Sem dúvida. Uma vez a ferrovia implantada, se você vai transitar por ela carga e passageiro, é uma questão de decisão empresarial e de ter quem opere. Então acho que a gente tem que ter esse olhar para isso também. Não só pensar na carga, (mas) pensar no passageiro, na viabilidade.
Para o senhor, qual o futuro do petróleo no Espírito Santo? Acha que estamos próximos de o abandonarmos?
Particularmente, eu acho que esse futuro ainda está bem distante. Cada vez os estudos estão apontando o fim, mas quando a gente fala de ter fim, a gente está falando de décadas ainda para frente.
Em determinadas regiões, mais de 100 anos. Então, o que está acontecendo é uma mudança dessa matriz. Não acredito que a gente vai deixar de usar o petróleo como combustível. A matriz do petróleo ainda vai ser bastante presente, porém mais eficiente. E a gente, a cada dia que passa, está vendo novas fontes de energia aparecendo para que possa ter um balanço.
Temos em discussão a exploração de petróleo na margem equatorial. Se isso acontecer, muda algo para o Estado?
Acho que não muda, continua atrativo. A gente ainda tem aqui grandes poços produtores, reserva, extração. Então tem aqui uma indústria em um olhar ainda bastante aquecido. Mas os poços têm uma vida útil e, obviamente, como qualquer negócio, vai chegando no final da sua vida. Mas acho que, agora, a gente tem que dedicar energia em coisas que estão na nossa mão aqui, na mesa.
No passado, a Resolução 13 acabou com o Fundap, o fundo de incentivo à movimentação dos portos. Mas, hoje, a movimentação está enorme, contrariando prognósticos pessimistas da época. Como o senhor vê a reforma tributária? Vai se repetir o que ocorreu com o Fundap ou vai prejudicar o Estado?
O ano de 2033 é o prazo máximo para que todos os benefícios zerem. A gente tem essa data aí, que é a data fatídica. Todo mundo fala que, a partir daí, acabou o Espírito Santo. Não acabou nada!
Temos o melhor produto, temos o melhor Estado e as melhores condições, uma população que trabalha, um local lindo, condição de atrair as maiores e melhores indústrias para cá.
Somos porta de entrada e saída para o Brasil, temos que ter isso muito claro. E, com isso claro, está na hora de atrair e de fazer com que essas empresas se instalem aqui. Uma vez instalada, depois que acabar os benefícios, acabou para todo mundo.
Queria que falasse agora sobre a sua trajetória. Sei que também é jornalista...
Isso! Vim para cá (para o Espírito Santo) convidado pelo Praia Tênis Clube para nadar. Nasci em Itabuna, na Bahia, e já morava em Salvador (no momento do convite). Foi uma época maravilhosa. Aqui estudei, me formei em Jornalismo, comecei a trabalhar, mas descobri minha vocação: vendedor, minha profissão.
E dentre os produtos que eu fui vendendo, apareceu o vinho na minha vida. Decidi empreender em 2003. (Agora), estou empreendendo na gestão pública. E acredito que dá para fazer muita coisa.
Dá para mostrar que sim, com gestão, com dados, com estratégia, dá para a gente transformar realmente a gestão pública em algo muito comparado à gestão privada, sem sombra de dúvida.
Quem é
Rogério Salume
Empresário e formado em Jornalismo, fundou a Wine Vinhos em 2008, um dos maiores e-commerces de vinhos no mundo.
é casado com a Ana Lúcia e tem três filhos: o Bruno, a Vitória e a Luana, “todos já de maior”.
triatleta, vê o esporte como base para o equilíbrio. Costuma dizer que “a saúde é o principal ativo que a gente pode ter”.
Quer transformar a gestão pública em algo muito comparado à gestão privada.
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