PT mantém Sudene sob comando de Pernambuco. Francisco Alexandre é o indicado
Executivo foi indicado pela corrente CNB-PE e teve nome aprovado por Teresa Leitão e Carlos Veras; Ele substitui Danilo Cabral, que caiu após pressão
Escute essa reportagem

O executivo Francisco Alexandre (PT) vai assumir a Superintendência da Sudene, em substituição a Danilo Cabral, que deixou o cargo após intensa pressão política de aliados do PT no Ceará e da empresa responsável pela Ferrovia Transnordestina.
A escolha de Alexandre foi articulada internamente pela corrente Construindo um Novo Brasil (CNB-PE), cuja principal liderança é o senador Humberto Costa. Mas teve o aval da própria Teresa Leitão (PT) e do deputado federal Carlos Veras (PT-PE, outros nomes expressivos desta tendência petista.
Alexandre era segundo suplente de Teresa Leitão no Senado e tem perfil técnico, com passagens por cargos de alto escalão no setor privado. Entre as funções que já ocupou, estão: vice-presidente do Conselho de Administração da Perdigão S.A. (atual BRF S.A.), diretor-superintendente da BRF Previdência e membro do Comitê Financeiro e de Investimentos da Invepar S.A.
A nomeação é vista como uma vitória do PT de Pernambuco, que conseguiu manter o comando da autarquia federal após a saída de Danilo, mesmo em meio a uma disputa acirrada com alas do partido em outros estados.
Fritura no Ceará causou queda de Danilo
De acordo com informações de bastidores, a situação de Danilo Cabral se tornou insustentável após pressões articuladas por lideranças do PT no Ceará, incluindo o governador Elmano de Freitas (PT), e pela empresa responsável pela Transnordestina, que passaram a acusá-lo de atuar apenas em defesa dos interesses de Pernambuco.
Segundo fontes ouvidas pela Tribuna Online PE, essa narrativa foi levada até o presidente Lula no mês passado, durante uma visita ao Ceará, com o argumento de que os repasses para o estado estariam sendo travados por Danilo — o que, segundo lideranças de Pernambuco, não corresponde à realidade.
“Criaram uma crise política sem base nos fatos. Disseram que Danilo só defendia Pernambuco, mas ele estava seguindo critérios técnicos. A empresa pressionou, o governo do Ceará pressionou, e isso se transformou numa fritura política”, afirmou uma fonte ligada à CNB-PE.
Tentativa de manter Danilo fracassou
Apesar das investidas para mantê-lo, o clima político se deteriorou a ponto de inviabilizar sua permanência. “Pernambuco tentou segurar Danilo até o fim, mas a pressão externa foi maior. Foi uma movimentação articulada e muito pesada”, disse uma fonte com trânsito em Brasília.
Ainda assim, a permanência da Sudene sob controle de Pernambuco é vista como um ganho político relevante para o grupo ligado à CNB, que mantém protagonismo regional e influência junto ao governo federal. A Sudene está à frente da Transnordestina, um legado importantíssimo para o Governo Lula.
Nome técnico com trânsito político
A escolha de Francisco Alexandre foi construída dentro da CNB-PE por sua capacidade de articulação e pelo perfil técnico. Embora não tenha trajetória eleitoral, é considerado um nome discreto, natural da cidade de Bom Conselho, habilidoso e com trânsito entre alas distintas do PT.
“Ele tem formação sólida, experiência em gestão e é de extrema confiança das principais lideranças do partido no estado”, explicou uma fonte próxima à construção da indicação.
A nomeação também fortalece o grupo político de Humberto Costa, Teresa Leitão e Carlos Veras, que se uniram na escolha de um nome considerado de continuidade e estabilidade institucional.
Comentários