Produtores querem mais itens isentos
Setores do agronegócio e da pesca buscam incluir produtos na lista de exceções e, ainda, conquistar novos clientes mundo afora
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Produtores e pescadores no Espírito Santo esperam uma futura ampliação da lista de produtos isentos da tarifa de 50% aplicada pelo governo do presidente dos EUA, Donald Trump, contra a indústria brasileira, válida a partir de quarta-feira (6).
Enquanto isso, porém, há movimentação para atingir novos mercados, como forma de manter produção ativa e manutenção dos empregos e da renda, principalmente dos pequenos e médios empreendedores do setor.
No setor da pesca, por exemplo, a Europa, sobretudo a Inglaterra, é o mercado mais visado, segundo o presidente do Sindicato das Indústrias da Pesca do Estado do Espírito Santo (Sindipesca-ES), Luiz Gonzaga de Almeida.
“Temos, atualmente, uma barreira sanitária que nos impede de exportar para o continente. Porém, essa barreira é mais política do que técnica. O governo federal está em diálogo e já ocorreram vistorias para liberar esse mercado”, relata o representante.
Caso a Europa abra o mercado para o pescado brasileiro, as exportações ao continente têm capacidade de até mesmo superar as realizadas aos EUA. No entanto, ainda não existe um otimismo quanto à resolutividade em um curto prazo.
Já no setor do café, a absorção da produção por outros mercados é dada como certa, comentou o presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Márcio Ferreira.
Ele explica que o baixo estoque de café no mundo, a capacidade de produção brasileira e a qualidade do grão local ajudam o País, especialmente no alcance do mercado asiático — onde o consumo cresce.
O governo do Estado também atua para buscar soluções aos setores não contemplados.
O secretário de Estado de Desenvolvimento, Rogério Salume, relembra que já foram realizadas três rodadas de reuniões do Comitê de Enfrentamento das Consequências do Aumento das Tarifas de Importação, ouvindo os empresários e as demandas específicas.
Entre as possibilidades já sinalizadas pelo governo do Estado está a criação de crédito para socorrer os produtores.
“A Secretaria de Desenvolvimento tem atuado como ponte entre o setor privado e as instituições de crédito e fomento. Nosso objetivo agora é traçar medidas complementares para mitigar os impactos das tarifas que permanecem vigentes, entre elas do setor do café”, diz.
“Negociação começa agora”
O vice-presidente Geraldo Alckmin disse na última quinta-feira (31), no programa Mais Você, da apresentadora Ana Maria Braga, que a gestão federal vai trabalhar para excluir as tarifas sobre o café e outras frutas, e frisou que “a negociação começa hoje”.
“O que realmente vai nos afetar é 35%, 35,9% do total das exportações. O presidente Lula orientou primeiro: vamos continuar a negociação. A negociação não terminou hoje, ela começa hoje”, ressaltou.
Ele também destacou que o governo discute agora um plano de contingência para socorrer empresas de setores atingidos e garantir empregos. “Vamos trabalhar para preservar os empregos, a produção, avançar em mercados”, disse.
Reivindicações
Empresários entregaram a Alckmin, na última quarta-feira (30), uma lista com oito propostas para amenizar os efeitos das tarifas de 50% impostas pelos EUA. O grupo, representado pela CNI, solicita medidas como linha de crédito emergencial do BNDES com juros de 1% a 4% ao ano, adiamento de tributos federais por 120 dias, parcelamento sem multa, ampliação do Reintegra e reativação do Programa Seguro-Emprego.
Trump admite reduzir taxas
O presidente dos EUA, Donald Trump, assinou ordem executiva na noite de quinta-feira (31) impondo tarifas recíprocas que variam de 10% a 41% a dezenas de países. No texto, Trump ainda sinaliza que pode baixar essas tarifas, a depender de acordos celebrados com os parceiros comerciais, tratativas estas que ele reitera estarem avançando.
No decreto, Trump indica que as taxas entram em vigor sete dias após a publicação desta ordem, no dia 7 de agosto, próxima quinta-feira. Entre os destaques, o republicano elevou a alíquota aplicada contra os importados do Canadá de 25% a 35%.
Já olhando para algumas das alíquotas mais altas, a Suíça foi atingida por tarifa de 39%; Mianmar e Laos, 40%; e Síria, 41%. Para justificar o tarifaço, o presidente dos EUA voltou a se utilizar de leis emergenciais norte-americanas.
O Brasil aparece na lista com uma alíquota recíproca de 10%. Na quarta-feira (30), o republicano confirmou, já considerando esta taxa base, que iria subir em 40 pontos percentuais a tarifa aplicada contra os importados brasileiros, totalizando 50%. A taxa maior entra em vigor a partir desta quarta-feira (6).
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