‘Leveza’, salário e apoio: O que Leila fez para Abel que a tornou ‘a melhor presidente do mundo’
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Quem assiste às entrevistas coletivas de Abel Ferreira pode notar que se tornou rotina para o treinador os elogios direcionados a Leila Pereira. São poucas as pessoas que o português mais admira do que a sua chefe, responsável por renovar duas vezes o contrato do comandante e que trabalha para convencê-lo a estender novamente o seu vínculo com o Palmeiras.
Embora não tenha sido Leila a responsável por buscar o treinador na Grécia em outubro de 2020 e trazê-lo ao Brasil, o que ocorreu na gestão de Maurício Galiotte, foi ela que conquistou a confiança do português.
Mesmo quando não é perguntado, Abel repete que deve muito a Leila, a “melhor presidente do mundo”. Fez isso três vezes apenas no último mês, ao responder sobre a possibilidade de renovar seu contrato por mais dois anos, até dezembro de 2027, período que coincide com o final do mandato da dirigente à frente do clube paulista.
“Só há bons treinadores quando há boas estruturas, jogadores e presidentes. Eu tenho a melhor presidente do mundo”, disse ele nos Estados Unidos em sua primeira entrevista no Mundial de Clubes, antes da estreia no torneio contra o Porto.
Conforme o treinador, ele, Leila e o diretor de futebol Anderson Barros formam um “triângulo mágico”, em que cada um sabe o que tem que fazer. “Ela me exige, mas com respeito”.
O treinador veta e sugere contratações, já usou mais de uma vez o avião da presidente para viajar a Portugal, ganhou uma quadra de padel dentro do CT do clube para ele jogar e sempre teve apoio irrestrito da dirigente, inclusive nos casos em que errou, como quando fez gesto obsceno em direção ao árbitro, reproduziu fala machista ou tirou o celular da mão de um jornalista.
A outra razão é financeira. Os títulos fizeram Abel ser valorizado, aceitar duas renovações de contrato e passar a ser o mais bem pago treinador do continente. Ele e sua comissão técnica, composta por quatro portugueses, recebem cerca de R$ 3 milhões mensais.
A deferência pela presidente também é resultado do suporte que ela deu ao treinador em 2022, ajudando a convencer a mulher dele e as filhas a se mudarem a São Paulo. As três moram na capital paulista desde julho daquele ano e foi só por isso que ele decidiu continuar no País.
A família Ferreira está adaptada a São Paulo, mas uma mudança importante vai alterar a rotina dos quatro. Maria Inês, a filha mais velha, foi aprovada em universidades na Inglaterra e em Portugal. Ela não decidiu ainda em qual vai se matricular, mas já está definido que se mudará do Brasil, como indicou o pai, quando contou, durante o Mundial de Clubes que, como Estêvão, sua filha iria “sair de casa”.
É possível que a mãe acompanhe a filha na Europa, o que seria um entrave para uma terceira renovação contratual de Abel, embora ele tenha sinalizado que seu desejo é continuar. O contrato, ele afirmou, está confeccionado e à espera de sua assinatura desde janeiro. Mas o técnico só assinará quando a presidente concordar em liberá-lo caso encerre a temporada sem conquistas, o que seria inédito.
“Só falta uma cláusula para assinar com o Palmeiras: se eu não ganhar títulos, posso ir embora”, revelou ele na semana passada. “É a única que falta porque a Leila não quer colocar. Só quero ficar se for para ganhar títulos e se vir essa vontade nos meus jogadores”.
Certo é que Abel só sairá do Palmeiras caso queira. Leila nunca pensou, mesmo nos momentos de crise, em demitir o treinador mais longevo da história do clube em uma única passagem - em outubro, completará cinco anos desde que atravessou o Atlântico.
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