Sabores que contam histórias
Explore a rica diversidade cultural e gastronômica do Espírito Santo na Feira dos Municípios, um evento que celebra tradições e sabores locais.
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Confesso: não resisto a uma feira que reúna, num só lugar, os 78 pedaços que formam o Espírito Santo. Foi assim que eu me perdi — e me encontrei — na Feira dos Municípios, que transformou o Pavilhão de Carapina, na Serra, num mapa vivo de sabores, sotaques e tradições, caro leitor.
Logo na entrada, o cheiro de café coado me puxou pela mão. Ali, entre um gole e outro, me lembrei do Caparaó, das Montanhas Capixabas, da nossa gente que planta com fé e colhe histórias pra contar.
De repente, tropecei em uma banca de doces — cocadas, goiabadas, rapaduras — como se Dona Maria, minha avó, tivesse deixado tudo ali pra eu me servir.
E não era só comida. A cada passo, a gente trombava com uma dança, um artesanato, uma prosa boa.
Teve boi pintadinho dançando em plena avenida improvisada, teve grupo de congo batendo caixa, teve violeiro dedilhando moda de raiz.
Era uma viagem sem passaporte, mas com parada obrigatória em cada barraca, cada sorriso, cada sabor.
Parei em Muqui, conversei sobre casarões. Dei um pulo em Linhares, fui experimentar o cacau. Em Domingos Martins, aprendi de novo a pronunciar “wurst” sem errar o sotaque.

Em cada esquina, um convite pra lembrar que somos pequenos em território, mas imensos em diversidade. É nessas horas que a gente entende que o Espírito Santo é muito mais do que praia bonita e montanha de cartão-postal.
Tem suor de quem produz beiju do Norte, tem a panela de barro que vem lá de Goiabeiras, tem o café de qualidade mundial, tem o turismo rural que ainda cabe na palma da mão, mas cresce forte.
Na saída, levei nas sacolas um queijo artesanal, um pacotinho de farinha, uma cachaça de alambique. Mas, sobretudo, saí dali carregando orgulho.
Orgulho de ver tanta gente cuidando da própria raiz, transformando tradição em futuro, comida em afeto, música em abraço.
Que venha a próxima Feira dos Municípios. Eu estarei lá, de sacola vazia e coração aberto, pronto pra me perder de novo nesse Espírito Santo que sempre cabe em um abraço — e em uma feira cheia de histórias. Eu mostro tudo pra você, amanhã, 10 horas, na TV Tribuna/Band. Não vai perder.
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