Santa Cruz arranca empate aos 50 do segundo tempo e torcida grita por SAF no Arruda
Cobra Coral pressiona até o fim, empata nos acréscimos e vê goleiro Fábio ser o nome do jogo no Arruda
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A tarde deste domingo (13) no Arruda foi marcada por emoção, vaia, chuva e um duelo de tricolores com mascotes tão diferentes quanto os momentos vividos por cada time. De um lado, a cobra coral do Santa Cruz pernambucano, que começou a rodada na liderança da Série D. Do outro, o cardeal potiguar do Santa Cruz de Natal, em busca de uma vaga no G4.
Mas quem cantou primeiro foi o visitante. Aos 13 minutos do primeiro tempo, o zagueiro Eduardo Brito, camisa 4, subiu livre na área e, de cabeça, abriu o placar para o Santa Cruz de Natal. Foi o oitavo gol sofrido pela defesa coral na competição e o início de uma longa retranca do time potiguar, que montou uma linha de cinco — e, por vezes, até seis — defensores para segurar o resultado.
Apesar de pressionar e somar pelo menos dez escanteios, o Santa não conseguia transformar volume em gol. Matheus Vinícius quase empatou em jogada individual. Thiaguinho lançou com perfeição para Geovany, que teve vantagem, mas parou na marcação. Galhardo, por sua vez, viveu um primeiro tempo ruim: perdeu um gol claro, ficou impedido em momentos decisivos e chutou fraco na melhor chance, aos 44, direto nos braços do goleiro Fábio.
O nervosismo era visível. O time errava passes no terço final, sobretudo pela lateral direita, e parecia travado. O clima nas arquibancadas oscilava entre silêncio e cobrança, até explodir em vaias quando o árbitro apitou o fim da primeira etapa, aos 49 minutos.
Pressão, coração e o grito rasgado aos 50 minutos
O segundo tempo começou com mudanças: o técnico Marcelo Cabo promoveu as entradas de Renato, Vini Hora e Pedro Henrique. E foi Renato quem incendiou o jogo nos primeiros minutos, cruzando para Geovany logo aos 4, em lance que terminou em gol anulado por impedimento. Aos 6, sofreu falta perto da área. A presença dos recém-chegados deu nova energia ao time.
Do outro lado, o Santa Cruz de Natal tentou sair mais da retranca e promoveu alterações, mas continuou fechado. O jogo cresceu em intensidade, e o Santa teve chances com Pedro Henrique, Geovany e Thiago Galhardo. Fábio, o goleiro do time potiguar, se agigantou: fez defesas difíceis em sequência, incluindo uma aos 38, em chute forte de Geovany, que parecia indefensável.
A chuva voltou a castigar o gramado aos 28 minutos, e o Santa seguia avançando. Felipe Alves, goleiro tricolor, chegou a ultrapassar a meia-lua do meio de campo por duas vezes para acelerar a reposição de bola. O time jogava no 4-2-4, com coração na ponta da chuteira e olhos fixos no relógio. Aos 48 minutos, o árbitro marcou pênalti. Galhardo, artilheiro e contestado, foi para a cobrança.
Na batida, chutou no canto esquerdo. A bola beijou a trave e quicou para dentro. Gol. Grito. Alívio. O empate saiu aos 50 minutos, levando o jogo até os 54. No banco, jogadores em pé, alguns ajoelhados. Na arquibancada, o silêncio foi rompido por um novo canto: “olê, olê, olê... SAF, SAF!”.
O extracampo também joga
O empate manteve o Santa Cruz na parte de cima da tabela, mas o sinal de alerta segue ligado. O público presente foi de 8.003 pessoas — cerca de 50% abaixo da média. O esvaziamento pode ter sido reflexo da decisão da final do Mundial de Clubes, que acontecia no mesmo horário, ou um indicativo de descontentamento com a demora na oficialização da SAF, opção mais perto de ser verdadeira.
Dentro de campo, a queda de rendimento é visível. O Santa vem acumulando erros técnicos e atuações abaixo do esperado. A instabilidade nos bastidores, especialmente a indefinição sobre a gestão do clube, parece ter contaminado o grupo. Não faltou esforço — houve entrega, pressão, bolas cruzadas, finalizações. Mas o futebol praticado ainda não é digno da expectativa gerada pela liderança.
No duelo entre a cobra e o cardeal, quem venceu foi a sobrevivência. E, para o Santa, ela tem nome, sobrenome e um grito sufocado: SAF já.
Central na cola do Santa Cruz
Com o empate em 0 a 0 entre Central e América-RN, neste domingo (13), o Santa Cruz pernambucano termina rodada com 24 pontos. Joga contra o Horizonte-CE no próximo domingo, às 16h, no Estádio Olímpico Horácio Domingos de Sousa. É bom lembrar que o Santinha está há três jogos sem vencer.
Já o Cardeal, que consegui ficar no G4 no primeiro tempo do jogo contra o Santa, ficou no 14º lugar no grupo C, no meio da tabela. O Tricolor Potiguar enfrenta o Ferroviário-CE, no próximo sábado (19), dentro de casa.
O Central, por sua vez, está em segundo lugar no grupo C, encostado na time do Arruda, também ostentando 24 pontos. A Patativa vai para o embate no domingo (20) contra o Sousa-PB, no estádio Estádio Luiz José de Lacerda, às 16h.
FICHA TÉCNICA DO SANTA CRUZ-PE X SANTA CRUZ-RN
Santa Cruz: Felipe Alves; Toty, Eurico, Matheus Vinícius e Nathan; Wagner Balotelli, Gabriel Galhardo (Lucas Bessa) e João Pedro (Vini Hora (Pedro Henrique)); Geovany, Thiaguinho (Renato) e Thiago Galhardo. Técnico: Marcelo Cabo.
Santa Cruz/RN: Fábio; Peu (Raniery), Eduardo (Gleydson), Moisés e Wesley; Zé Vitor (Bebeto), Felipe, Matheus Bambu (David Lopes) e Thálisson; Diego Costa e Juninho Potiguar (Gustavinho). Técnico: Eugênio Gomes
Santa Cruz de Pernambuco - 1
Santa Cruz do Rio Grande do Norte - 1
Local: Estádio do Arruda, no Recife/PE
Árbitro: Emerson Souza (BA)
Assistentes: Paulo de Tarso e Patricia dos Reis (ambos BA)
Gols: Eduardo Brito (aos 13 do 1ºT), Thiago Galhardo (aos 48 do 2ºT)
Cartões amarelos: Thiago Galhardo, Rodrigues (Santa Cruz); Fábio (Santa Cruz-RN)
Público: 8.003 torcedores
Renda: R$ 155.190,00.
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