Caruaruense leva Pernambuco na mala para Turim, maior palco mundial de mágica
Aline Moura
Carregando na bagagem experiências de sobra no Diario de Pernambuco e na Folha de Pernambuco, jornais em que atuou em todas as áreas, exceto esportes, Aline Moura integra o time do Tribuna Online PE. E com o seu olhar jornalístico, através da coluna “Pernambuco que encanta”, busca valorizar o que há de melhor nos municípios pernambucanos.
É curioso como certas histórias atravessam o mundo e ainda assim permanecem profundamente enraizadas no chão que as viu nascer. De Caruaru, no Agreste de Pernambuco, ao maior palco da mágica mundial, Rapha Santacruz vai carregar não apenas números e truques, mas um pedaço inteiro de nós.
Ele é o primeiro nordestino a competir no Campeonato Internacional de Mágica, o mais importante do gênero no mundo, que reunirá mais de 3 mil artistas entre os dias 14 e 19 de julho. O evento deste ano será realizado em Turim, na Itália.
E a gente não consegue esconder o orgulho — aquele faz a gente pensar: “É um dos nossos”.
Quando a mágica tem sotaque
O número com que ele vai disputar a 29ª edição do evento, promovido pela Federação Internacional das Sociedades Mágicas, não será apenas um espetáculo. É um manifesto.
O nome? “O Matuto”.
Rapha tira, de uma mala sertaneja de vaqueiro, os sons do pífano, do pandeiro, do coco, xaxado, forró e cavalo-marinho. Quer mais? Cada elemento traz, na fantasia, a beleza do Agreste e do Sertão. A apresentação será inspirada na literatura de cordel.
Ali, diante do mundo, ele vai fazer a mágica falar a língua da gente. Rapha quer que o público se reconheça no espetáculo, que olhe e diga: isso é nosso.
“É uma mala sertaneja, de couro. Coisa nossa, do Agreste, do Sertão. Me identifiquei com ela, com o pífano, o pandeiro, essas coisas brejeiras, sabe? Nossas raízes”, disse à coluna, com um carinho que transborda da fala.
Lugar pouco explorado
Ao construir um espetáculo de mágica com raízes na cultura popular, Rapha eleva a arte a um lugar pouco explorado pelas produções convencionais, geralmente presas a números clássicos e à estética dos grandes efeitos cenográficos.
Ao longo da história do campeonato, apenas uma dupla brasileira subiu ao pódio: Vick e Fabrini, em 1988.
“Eu me senti muito honrado e feliz de poder ter sido selecionado com esse trabalho, com o qual eu levo Caruaru, Pernambuco e o Nordeste do Brasil”
A mala que carrega raízes
Essa mala dos truques, ele revelou, não foi escolhida por acaso.
Aos 36 anos, quando o mágico caruaruense abre uma mala usada por várias gerações, não tira apenas objetos cênicos e truques. Tira a infância nas feiras livres, o cheiro da terra quente depois da chuva fina de fim de tarde. Tira o menino de sete anos que foi escolhido pela mágica — ou, como ele gosta de dizer, foi a mágica que o escolheu.
“Não fui eu que escolhi a mágica. Foi ela que me escolheu desde os 7 anos. Comecei a trabalhar com 12 e eu escolhi a mágica porque… Na verdade, a mágica que me escolheu" Rapha Santacruz, Mágico
Daí em diante, foi só mergulho. Leu livros, viajou para congressos, passou horas diante de mestres ilusionistas. Estudou teatro, circo, dança, música e palhaçaria. Misturou tudo com a arte da mágica, num caldeirão onde o impossível se mistura com o popular.
Estudo e talento
O pernambucano, nascido na capital do Agreste, é idealizador e produtor do Festival Internacional de Mágica, considerado o maior evento dedicado ao ilusionismo no país.
Nunca parou em mais de 20 anos de trabalho. Criou teorias, números próprios, personagens. Passou duas décadas construindo uma carreira que já rodou o Brasil e o mundo.
Para se ter uma ideia, ele já se classificou em quinto lugar no Campeonato Europeu de Mágica, na Suíça, no ano passado.
Também já esteve em palcos, festivais e concursos internacionais em Portugal, na Itália, Espanha, França, Argentina, Chile e Uruguai. E agora, pela primeira vez, o estudo e o talento o levam ao maior campeonato de todos.
Quando a mágica devolve o encanto
Numa época em que tanta gente deixou de acreditar em mágica — seja a mágica do palco ou a da vida —, ver Rapha Santacruz representar o Brasil, o Nordeste e Caruaru em Turim é como tomar água de cacimba.
Mas ele não vai com sede de troféu. Vai com a tranquilidade de quem já venceu.
“Só de estar lá, com um trabalho brasileiro, que nasce de pesquisa e amor à cultura, eu já me sinto realizado. Não tô indo pra ganhar prêmio. Tô indo pra mostrar meu trabalho”, disse, sem pressa.
E é por isso mesmo que ele já ganhou.
Rapha leva consigo um Brasil que muitos esquecem: um Brasil que ainda acredita no impossível, que transforma a cultura popular em espetáculo e que, mesmo quando parece desacreditado, ainda encontra espaço para a beleza, o encanto e a poesia.
Ele carrega tudo isso dentro da mala.
E, de alguma forma, leva a gente junto.
Veja o teaser aqui
Distribuidora pernambucana Wine Concept Brasil completa seis anos
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Filiais
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40 containers
Para acompanhar o crescimento, a distribuidora inaugurou recentemente uma nova sede no Recife, com capacidade para 40 containers, reforçando sua estrutura logística para suportar o aumento de 20% nas vendas no último ano. Coisa boa!
Marisqueiras quilombolas lançam coleção com 17 espécies de conchas
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Na Austrália
A disputa será de 10 a 20 de julho, na Austrália, reunindo estudantes de mais de 100 países.
Eles já estão no ranking dos jovens talentos mais promissores do Brasil e levam o nome do Estado para um dos palcos mais desafiadores do mundo. Um feito que merece aplausos — e inspiração.
Quase R$ 1 milhão da Eletrobras
O Centro Comunitário da Paz (Compaz) Ariano Suassuna, localizado no bairro do Cordeiro e que realiza cerca de 19 mil atendimentos mensais, será beneficiado com R$ 850 mil provenientes de uma parceria entre a Eletrobras e a Prefeitura do Recife. O investimento será destinado à melhoria das instalações voltadas às práticas esportivas, culturais e educacionais. Um passo importante para valorizar a comunidade local.
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