Em reação a Trump, Hamas inclui fim da guerra como condição para trégua
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O Hamas indicou nesta quarta-feira, 2, que está disposto a aceitar um cessar-fogo com Israel, desde que ele leve ao fim definitivo da guerra em Gaza. Ainda não se sabe se a exigência, que inviabilizou acordos anteriores, faz parte da trégua de 60 dias proposta por Donald Trump na terça-feira - com a qual os israelenses teriam concordado.
Taher al-Nunu, porta-voz do Hamas, afirmou que o grupo está levando as negociações a sério e estaria "pronto para aceitar qualquer iniciativa que conduza ao fim completo da guerra". Uma delegação palestina se reuniu ontem com negociadores de Egito e Catar para discutir a proposta.
O fim da guerra é o grande entrave nas negociações. Enquanto o Hamas exige a suspensão total dos combates e a retirada das tropas israelenses, o objetivo de Israel é a aniquilação do grupo terrorista - o que poderia ser feito por meio de um acordo, desde que inclua o desarmamento das milícias e o exílio das lideranças palestinas.
Pressão
Alguns nomes do gabinete israelense já dão sinais de que o governo poderia ceder. O chanceler Gideon Saar afirmou ontem que Israel não deveria perder nenhuma chance de resgatar os reféns ainda presos em Gaza - o que parte da imprensa apontou como uma pressão para que o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu aceite os termos que chegarem à sua mesa. "A grande maioria do governo e da população é a favor da libertação dos reféns. Se a oportunidade surgir, não a perca", escreveu Saar, no X.
A manifestação de um integrante da alta cúpula do governo ocorre no momento em que a oposição se organiza para apoiar um eventual acordo fechado por Netanyahu, caso os partidos de extrema direita tentem sabotar as negociações. Yair Lapid e Benny Gantz, dois desafetos do premiê, já teriam formalizado o apoio.
A movimentação da oposição é uma resposta às notícias de que os dois membros mais radicais da coalizão de Netanyahu - os ministros Itamar Ben-Gvir, da Segurança Nacional, e Bezalel Smotrich, das Finanças - estariam articulando oposição a qualquer acordo.
Detalhes
Segundo analistas, alguns fatores podem fazer Netanyahu ceder. Impulsionado pelo que muitos israelenses consideram uma bem-sucedida guerra contra o Irã, o premiê tem agora uma popularidade mais alta do que em qualquer outro momento desde o início da guerra.
Os números inflados podem fazer com que o premiê arrisque o fim da coalizão de extrema direita que sustenta seu governo. Ele pode tentar aproveitar o eventual encerramento do conflito para fortalecer os laços diplomáticos de Israel com os países árabes ou até antecipar eleições com o objetivo de obter uma maioria mais contundente no Parlamento.
Embora nada tenha sido divulgado oficialmente, fontes citadas pela imprensa internacional indicam que o plano de Trump não traria grandes mudanças com relação às propostas de trégua já rejeitadas anteriormente.
Viagem marcada
Trata-se de um cessar-fogo de 60 dias, durante o qual seriam libertados 10 reféns e devolvidos os corpos dos israelenses que morreram no cativeiro, em troca de palestinos presos em Israel. Netanyahu tem viagem marcada para os EUA, no sábado, 5, com duração de cinco dias. A previsão é de que os termos da proposta sejam discutidos com Trump. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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