Porcentagem de estrangeiros no Brasil tem 1ª alta desde 1900; veja de onde eles vêm
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Pela primeira vez em mais de um século foi registrado aumento na porcentagem de estrangeiros que vivem no Brasil, revela um novo recorte do Censo 2022 divulgado nesta sexta-feira, 27, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O número de estrangeiros e naturalizados passou de 592 mil, em 2010, para cerca de um milhão, em 2022 – alta de 70,3% no período e mudança de tendência em relação às décadas anteriores. Esse salto se deve ao grande fluxo de venezuelanos que vieram para o País nos últimos dez anos por conta da crise econômica e humanitária na nação vizinha.

Desde 1900, quando os estrangeiros representavam 7,3% da população brasileira, a taxa vinha caindo. Em 2022, o Censo registrou a primeira alta nessa porcentagem desde o início do século 20.
É também o maior número absoluto de estrangeiros vivendo no Brasil desde 1980, quando eles eram 1,1 milhão. Segundo o IBGE, os estrangeiros e naturalizados são, atualmente, 1.009.341, o que equivale a 0,5% da população.
Também houve mudança considerável do local de origem dessas pessoas. No passado, elas vinham da Europa - países como Portugal e Itália, por exemplo - e dos Estados Unidos. Agora, elas vêm da América Latina, em especial da Venezuela.
Entre os estrangeiros e naturalizados registrados neste Censo,
- 460 mil haviam imigrado até 2012;
- 151 mil entre 2013 e 2017;
- outros 399 mil entre 2018 e 2022.
Isso revela que o fluxo mais recente já é responsável pela maior parte das pessoas nascidas no exterior e residindo no Brasil.
Ao longo da última década foi registrado grande crescimento na proporção de imigrantes oriundos da América Latina, que passaram de 27,3% do total em 2010, para 72% em 2022.
De 2,8 mil venezuelanos residentes em 2010, passamos a ter 272 mil na última contagem.
Os números ainda não levam em conta o grande fluxo de venezuelanos que chegou ao Brasil no ano passado, fugindo da crise econômica da ditadura de Nicolás Maduro e em busca de melhores condições de vida, em média dez mil por mês.
A grande maioria entra no País cruzando a fronteira em Pacaraima, no norte de Roraima. O governo brasileiro chegou a instalar infraestrutura no local para receber os imigrantes, mas há dificuldades de
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O Censo também registra aumento de paraguaios (39 mil a 58 mil) e haitianos (de apenas 54 indivíduos para 37 mil). Cresceu ainda o número de africanos no Brasil, de 18 mil para 33 mil, a grande maioria de angolanos (6,6 mil para 11 mil).
Os aumentos ocorreram simultaneamente à redução da participação de fluxos migratórios provenientes da Europa (29,9% para 12,2%) e do Norte da América (20,4% para 7%)
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