ES contra novo leilão da Ferrovia Centro-Atlântica
Para o governo, renovar com a atual gestora da FCA garante mais agilidade em obras e vantagens para o Espírito Santo
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O governo do ES quer evitar um novo leilão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). O governador Renato Casagrande e o vice Ricardo Ferraço disseram que apoiam a renovação da concessão da ferrovia administrada hoje pela VLI Logística.
A FCA tem trecho no Espírito Santo, fazendo conexão com a Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), e forma um corredor de escoamento de grãos e açúcar para o Porto de Tubarão, por exemplo.
“Nós já temos uma conexão forte com Minas Gerais, e é necessário que a gente faça o aperfeiçoamento. Estamos até defendendo que haja a renovação da FCA. Deixar bastante claro, porque nós temos interesses no nosso Estado”, disse Casagrande no lançamento do Fórum InfraLeste, na quarta-feira (11), na Federação das Indústrias do Estado (Findes).
Segundo o governador, o Estado precisa ter essas conexões nacionais. “(Apoiamos a renovação) se resolver os investimentos que nós desejamos. Nosso primeiro desejo era a variante da Serra do Tigre, mas compreendemos que não era possível neste momento. Então, fizemos um plano B, com o contorno de Belo Horizonte (por Vespasiano e Itabira)”, explicou.
E continuou: “Se resolver isso, a FCA é mais rápida para o Brasil e mais rápida para o Estado, porque a melhoria lá para Pirapora já está dentro do plano também. Então, faz a conexão de Pirapora até Sete Lagoas, melhora a ligação até o Triângulo Mineiro e faz o contorno de Belo Horizonte”.
Ricardo Ferraço afirmou que a posição do Estado sobre o apoio para a renovação da ferrovia já foi levada ao ministro dos Transportes, Renan Filho. “O governo do Estado apresentou essa agenda ao ministro e à ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres)”.
Segundo o vice-governador, o contorno de Belo Horizonte objetiva o ganho de competitividade nas cargas que são produzidas na região do Centro-Oeste.
O Ministério dos Transportes está empenhado em chegar a uma solução para a FCA, segundo Jorge Bastos, diretor-presidente da Infra S.A, controlada pelo ministério.
“Estamos discutindo a renovação ou licitação da FCA, que é um importante gargalo para os portos do Espírito Santo. O ministro Renan (Filho) tem interesse em resolver isso o mais rápido possível”.
Reforço para a logística
Lançado na quarta-feira (11) pela Federação das Indústrias do Estado (Findes) e outras federações — Bahia (Fieb), Goiás (Fieg), Minas Gerais (Fiemg), Rio de Janeiro (Firjan) e São Paulo (Fiesp), o Fórum de Infraestrutura do Arco Leste pode ainda ganhar outras três federações.
“Já estamos conversando com o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins. Serão ao todo nove estados. São grandes portas que se abrem aqui. Não só para a indústria, mas para toda a economia em geral, afinal, a logística atende todo o setor econômico”, disse Paulo Baraona, presidente da Findes.
O objetivo do fórum é unir estados em torno de agendas comuns para destravar a logística do País e discutir soluções que viabilizem a implementação do Arco Leste. “Estamos discutindo um projeto para que o setor produtivo seja mais competitivo e para que o Custo Brasil diminua”, disse Baraona.
Disputa pela EF-118 ainda neste ano
A previsão é de que o leilão da EF-118, também chamado de Anel Ferroviário do Sudeste, seja feito ainda este ano, em dezembro, reforçou Jorge Bastos, diretor-presidente da Infra S.A. A fala foi durante o evento na Federação das Indústrias do Estado.
“A EF- 118 está na ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), e possivelmente o leilão acontece em dezembro ou no máximo janeiro do próximo ano”, disse ele, que representou o governo federal no evento, juntamente com Guilherme Sampaio, diretor-geral da ANTT.
Entenda
Concessão vence no ano que vem
Renovação ou leilão?
Atualmente a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) é operada pela VLI Logística, que busca renovação do contrato. No início de maio, A Tribuna publicou que o ministro Renan Filho disse que em vez de uma renovação antecipada da concessão da FCA, o governo pode leiloar a ferrovia.
O processo, que prevê a extensão do contrato por mais 30 anos, em troca de R$ 29 bilhões em investimentos e outorgas, tem sido alvo de críticas no governo e corre o risco de não sair. Nesse sentido, o Ministério dos Transportes avalia fazer um leilão.
A concessão vence em agosto de 2026, o que torna a renovação antecipada mais difícil, dado que o principal argumento do processo é a antecipação dos investimentos em relação a um novo leilão.
Em setembro do ano passado, a VLI divulgou que a renovação da FCA aumentaria em 63% o volume de carga movimentada no Espírito Santo e cerca de R$ 10 bilhões de investimentos no Corredor Leste, que une o estado a Minas Gerais.
Fonte: Ministério dos Transportes, VLI Logística e pesquisa A Tribuna.
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