PF investiga fraude de R$ 882 milhões em contratos públicos em Pernambuco
Operação Firenze apura fraudes em licitações e lavagem de dinheiro entre 2021 e 2024. Mandados foram cumpridos em três cidades
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A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira (5), a Operação Firenze para desarticular uma organização criminosa suspeita de fraudar licitações e lavar dinheiro em Pernambuco. Os contratos sob investigação somam quase R$ 882 milhões, firmados entre os anos de 2021 e 2024, com prefeituras e também com o governo estadual.
A ação ocorre com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU) e cumpre 19 mandados de busca e apreensão nas cidades de Jaboatão dos Guararapes, Timbaúba — ambas em Pernambuco — e em São Paulo.
A Polícia Federal não informou se os mandados nas cidades pernambucanas estão relacionados diretamente ao envolvimento das respectivas prefeituras nos fatos investigados.
Além dos mandados, a Justiça determinou medidas cautelares, como a proibição de contato entre os investigados e a suspensão da participação das empresas alvo da investigação em processos licitatórios.
ESQUEMA ENVOLVIA CONTRATOS DE TERCEIRIZAÇÃO
De acordo com a investigação, iniciada em 2023, o grupo fraudava o caráter competitivo de licitações públicas. O esquema teria se intensificado após a assinatura de um contrato com um município da Mata Norte de Pernambuco. O nome não foi mencionado.
As empresas ligadas ao grupo mantinham contratos de terceirização de mão de obra com diversas prefeituras e também com órgãos do governo estadual. Apenas entre 2021 e 2024, os contratos investigados movimentaram R$ 881.928.931,85.
Os anos citados pela PF abrangem tanto a gestão do ex-governador Paulo Câmara (PSB) quanto a atual gestão de Raquel Lyra (PSDB). Até o momento, entretanto, não há informações sobre quem seriam os possíveis envolvidos dentro das administrações estaduais.
INDÍCIOS DE LAVAGEM DE DINHEIRO
Além das fraudes em licitações, a investigação também identificou fortes indícios de lavagem de dinheiro. Entre as práticas encontradas estão o uso de “laranjas”, movimentações bancárias fracionadas, saques em espécie e a compra de itens de luxo, sempre pagos em dinheiro vivo.
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CRIMES INVESTIGADOS E ORIGEM DO NOME
O nome da operação faz referência à cidade italiana de Firenze, onde foi criada a marca de artigos de luxo preferida de um dos principais investigados. Segundo a Polícia Federal, ele costumava adquirir produtos da grife com pagamentos feitos em dinheiro vivo.
Os crimes apurados são: organização criminosa (Art. 1º, §1º da Lei nº 12.850/13), lavagem de dinheiro (Art. 1º da Lei nº 9.613/98) e fraude em licitação (Art. 337-F e 337-L do Código Penal). As penas, somadas, podem ultrapassar 30 anos de prisão.
O Tribuna Online PE procurou as assessorias do governo do estado e das prefeituras de Timbaúba e de Jaboatão. Até a atualização da matéria, às 18h50, apenas a Prefeitura de Timbaúba se posicionou. O governo do estado informou que não irá se posicionar sobre o assunto.
Já a Prefeitura de Jaboatão, por sua vez, também informou que não iria se posicionar porque não recebeu nenhum tipo de notificação.
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