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Olhares Cotidianos

Olhares Cotidianos, por Sátina Pimenta

Colunista

Sátina Pimenta, psicóloga clínica, advogada e professora universitária

A paz de se tomar uma decisão

Entre dúvidas e dores, encontrar a paz após decisões difíceis pode ser o maior ato de autocompaixão

Sátina Pimenta | 05/06/2025, 12:50 h | Atualizado em 05/06/2025, 12:50

Imagem ilustrativa da imagem A paz de se tomar uma decisão
Sátina Pimenta é psicóloga clínica, advogada e professora universitária |  Foto: Acervo Pessoal

Esses dias, em um momento raro de ócio, me peguei fuçando as redes sociais. Me deparei com uma daquelas mensagens que circulam bastante por aí. Mas, naquele instante, ela me atravessou de um jeito diferente.

Nela, uma pessoa contava que estava tomando uma decisão muito difícil, daquelas que mudam o rumo da vida. Depois de tomada, alguém pergunta: “Você está feliz?” Ela responde: “Feliz, não, mas em paz”. Tenho tomado grandes decisões ultimamente. E, sinceramente, elas não têm me deixado feliz.

Talvez porque sair da zona de conforto dói. Machuca admitir que estávamos errados, reconhecer que fracassamos, entender que aquele lugar já não é mais nosso, ou ainda que aquela pessoa precisa ir embora, mesmo que a gente ame.

Dói, e muito, encarar verdades que, no mundo dos sonhos, nunca apareceriam.

Nesse mundo idealizado, ninguém precisa abrir mão, errar ou lidar com perdas. Mas, na dura vida real, somos obrigados a fazer isso o tempo todo.

Será que a paz vem mesmo depois da decisão? Talvez sim. Talvez ela venha devagar. Porque, mesmo depois de decidir, a gente continua se perguntando: “E se eu não tivesse feito isso? O que teria acontecido?”

É uma angústia que reverbera, que sussurra durante a noite. Mas tem vezes em que não há saída: ou você decide ou a vida decide por você.

Não dá para ficar estagnada, parada, esperando tudo se resolver sozinho. E, às vezes, é até mais sofrido ficar parada.

Sobre a paz... eu acho que ela vem. Mais cedo ou mais tarde, ela chega. Talvez porque a decisão tenha sido acertada. Talvez porque, mesmo errando, a gente entenda que é humano. E, por isso, merece compaixão.

A Autocompaixão — como descreve a psicóloga Kristin Neff — é o reconhecimento da nossa falibilidade, a aceitação gentil de que falhar faz parte da experiência humana.

Através dela, aprendemos a nos perdoar, não pelos erros apenas, mas pela exigência cruel de não errar nunca.

É aí que mora a paz. Não necessariamente no “acerto”, mas na nossa capacidade de nos acolher, mesmo quando erramos.

Pode ser que o que atrase a decisão seja justamente o medo de que a paz nunca venha. Mas ela vem. A decisão leva à dor, a dor leva à reflexão e, com o tempo, vem o entendimento.

Sim, tomar decisões difíceis não é fácil — soa até bobo né?!. A gente vai chorar pelos cantos, vai sentir raiva, vai querer se esconder do mundo.

Eu, por exemplo, adoro me enfiar na minha ostra, como diz minha amiga Fabiana Franco. Me recolho no silêncio da minha casinha interna até que eu consiga lidar com o que decidi.

E talvez as decisões mais difíceis não sejam aquelas que nos afastam da felicidade: são aquelas que nos colocam frente a frente com a possibilidade de perder tudo o que nos fazia felizes — mesmo que esse “tudo” já não coubesse mais em nós.

Hoje, escrevo essa coluna com os olhos marejados. Porque falar sobre decisões difíceis é revivê-las. E, ainda assim, sigo acreditando que o movimento — mesmo quando dolorido — é o que nos permite continuar sendo quem somos. Ou, quem sabe, nos tornarmos quem precisamos ser.

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