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Saúde

Casos de AVC entre jovens como Pirula aumentam nas últimas décadas, mas mortes caem

A cada ano, dos 12 milhões de novos casos de AVC no mundo, 1,8 milhão estão no grupo abaixo dos 50 anos de idade


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Imagem ilustrativa da imagem Casos de AVC entre jovens como Pirula aumentam nas últimas décadas, mas mortes caem
Biólogo Pirula tem mais de 1 milhão de seguidores no YouTube e sofreu um AVC |  Foto: Reprodução/Instagram

O caso do AVC (acidente vascular cerebral) sofrido pelo biólogo Pirula, 43, divulgador científico que tem mais de 1 milhão de seguidores no YouTube, vem repercutindo nas redes sociais e tem sido associado, falsamente, ao uso de vacina. Segundo médicos, não há evidência alguma para tal afirmação.

O que muita gente ainda não sabe é que os chamados derrames cerebrais têm atingido cada vez mais pessoas abaixo dos 50 anos de idade. A cada ano, dos 12 milhões de novos casos de AVC no mundo, 1,8 milhão estão nesse grupo etário.

No Brasil, o número de internações por AVC de pessoas abaixo de 50 anos passou de 33,3 mil, em 2008, para 44,1 mil em 2024 (alta de 32%), segundo dados do Ministério da Saúde.

Segundo a neurologista Sheila Martins, professora da Faculdade de Medicina da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e que preside a Rede Brasil AVC, um fato que chama a atenção é que cada vez mais têm chegado aos hospitais pessoas entre 40 e 50 anos com AVC por fatores de risco que antes eram vistos com mais frequência em idosos. Entre eles, pressão alta, diabetes e colesterol elevado, além dos clássicos sedentarismo, tabagismo e obesidade.

"A gente via pessoas com esses fatores de risco tradicionais tendo AVC aos 70 anos. Tanto o isquêmico [causado por obstrução do vaso sanguíneo] quanto o hemorrágico [ruptura do vaso]. Agora vejo pessoas com 45, 50 anos tendo AVC por pressão alta não tratada, que começou antes dessa idade."

De acordo com estudo publicado na revista científica The Lancet Neurology, a pressão alta é um dos maiores fatores de risco para todos os tipos de AVC combinados (56,8%), e a poluição ambiental por partículas fica em segundo lugar (16,6%), seguido de tabagismo (13,8%) e colesterol alto (13%).

Para Gisele Sampaio, neurologista do Hospital Israelita Albert Einstein e coordenadora do setor de AVC e de Neurologia Vascular na Unifesp (Universidade Federal de Sã Paulo), esse conjunto de fatores de risco não tratados tem levado ao aumento de várias doenças crônicas e é o principal responsável pela alta do AVC também entre os mais jovens.

Nos países desenvolvidos, como Estados Unidos, Canadá e os da Europa, a média de idade dos pacientes com AVC é de 72 anos. A do Brasil é de 62 anos, e a dos países africanos, de 50 anos. "Quanto mais pobre e com menos acesso a tratamento dos fatores de risco, mais cedo eu tenho AVC", diz Sheila Martins.

O neurologista do HCor Eli Faria também lembra que os mais jovens, e até as crianças, podem sofrer AVC por outros fatores não preveníveis, como defeitos congênitos no coração, dissecção arterial -que é o descolamento da parede interna do vaso sanguíneo que entope a circulação- e alterações de coagulação.

Outro risco bem documentado são de mulheres que têm enxaqueca, usam anticoncepcional e fumam. "Essa combinação é significativa para o risco aumentado", afirma. O consumo de álcool, de drogas como a cocaína, a cetamina e outros psicoestimulantes, e de hormônios sem indicação médica também estão associados a um maior risco de AVC em pessoas jovens.

"Os hormônios sexuais e a sua utilização inadvertida, seja na forma de reposição, seja na forma de suplementação, em atividades físicas, têm um potencial trombogênico, ou seja, aumentam o risco de formar trombo. Quanto mais fatores de risco se associam em uma pessoa, mais risco ela terá", diz Faria.

Gisele Sampaio, do Einstein, cita ainda a doença hipertensiva da gravidez como outro fator de risco importante para o AVC em mulheres jovens. "A mulher costumava ter [hipertensão] na época da gravidez e depois não acompanhava mais. Hoje a gente sabe que precisa acompanhar."

Os médicos são unânimes em dizer que não há nenhuma evidência de que o aumento de casos de AVC em pessoas jovens esteja associado ao uso de vacinas. "A esmagadora maioria dos AVCs em jovens não tem nada a ver com vacina, tem a ver com fatores de risco clássicos, questões genéticas e congênitas", diz Faria, do Hcor.

Os neurologistas também reforçam que os sinais do AVC nem sempre são iguais. "O AVC pode paralisar parte do corpo, mas às vezes é de um tanto visual, um formigamento. O não reconhecimento desses sintomas pode atrasar a chegada dessas pessoas mais jovens em tempo hábil aos hospital", diz Sampaio.

O termo Samu, o mesmo do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (192), é usado como referência para o público leigo reconhecer os sintomas: S de sorriso (sorriso torto caracteriza uma fraqueza na face); A de abraço (ao esticar os braços, observar se um está mais fraco, tem alguma queda); M de música ou mensagem (pedir para a pessoa cantar ou dizer uma frase e ver se há fala arrastada, troca de palavras); e U de urgente (chamar o Samu ou ir imediatamente ao hospital).

A boa notícia é que, por uma série de medidas de cuidados aos pacientes, as mortes por AVC abaixo dos 50 anos caíram no mesmo período: de 9.000 para 7.500, em média. "O jovem tem uma mortalidade menor por ter uma reserva [fisiológica] maior", diz Sheila Martins.

Segundo ela, a queda da mortalidade é observada a partir de 2012, quando o Ministério da Saúde organizou e estabeleceu um programa gratuito para o SUS para dar o tratamento do AVC agudo e montou serviços pelo país.

Hoje, cerca de 300 hospitais públicos e privados fazem o atendimento adequado de ponta para o AVC, segundo ela. "Do SUS, são 119 centros que conseguem dar o tratamento de urgência, pelo menos a medicação na veia que desentope a circulação. Isso já ajuda muito."

No final de 2023, após dois anos de atraso, o Ministério da Saúde aprovou um novo tratamento chamado trombectomia mecânica, que é uma espécie de cateterismo cerebral para o AVC mais grave. Hoje ele está disponível em 15 hospitais no país.

"O Brasil é um modelo para esses tratamentos no sistema público, mas claro que a gente precisa ampliar o número para poder atender toda a população. Isso tudo ajudou a diminuir a mortalidade."

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