Menino viraliza com expressões capixabas
Em vídeo que alcançou 140 mil visualizações nas redes sociais, o pequeno Henri utiliza palavras como “pocou”, “taruíra” e “pão de sal”
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Um capixabinha “da gema” viralizou nas redes sociais após ser filmado utilizando expressões típicas do Espírito Santo. Trata-se de Henri Tabelini, de apenas 3 anos.
Em vídeo publicado por sua mãe nas redes sociais, o pequeno usa palavras como “pocou”, “taruíra” e “pão de sal”. Além disso, ele não fala que vai para o centro de Vitória, mas, sim, para a “cidade”. Confira o vídeo no final da reportagem.
Com seu jeito fofo de dizer as expressões típicas do Estado, Henri alcançou 140 mil visualizações. O garoto é filho de dois capixabas: a produtora de conteúdo Daianny Gomes, de 31 anos, e o engenheiro Duklein Tabelini, de 35.

“Tenho uma página de conteúdo capixaba, e ele vive me vendo falar 'capixaba pra cá, capixaba pra lá'. Aí pensei: por que não gravar um vídeo com ele nesse estilo? Resolvi tentar, e deu super certo! Imaginava que podia bater 50 mil visualizações, mas 100 mil? Foi uma surpresa!”, revela Daianny.
Apaixonada pelo Espírito Santo, ela confessa ter descoberto, por meio de pesquisa, que muitas dessas expressões usadas no registro são típicas do Estado. Por isso, acha importante compartilhar o aprendizado. “Elas fazem parte da nossa identidade e mantêm viva a nossa cultura”.
A produtora de conteúdo faz questão de repassar ao filho as tradições capixabas, por meio também do turismo local, visitando lugares que fizeram parte de sua infância e que carregam a essência do Estado.
“Um exemplo é a Pedra da Cebola, onde eu e meu marido íamos muito quando éramos pequenos. Esse tipo de passeio é uma forma de conectar ele com a cultura capixaba de maneira leve, divertida e cheia de memória afetiva”, conta.
E já tem novo vídeo com Henri no forno! “Estou ensinando outras expressões para ele, porque vamos gravar a parte dois!”, adianta.
Leila Maria Tesch é professora doutora do departamento de Línguas e Letras da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e destaca que essa valorização da identidade capixaba é um movimento relativamente novo.
“Antes, nós não tínhamos esse orgulho. Existia até um pouco de vergonha, porque tinha aquela coisa de que o Espírito Santo era o primo pobre do Sudeste. Hoje, a gente está entrando em outro lugar, de querer conhecer e divulgar quem nós somos, e isso só tem a contribuir com as novas gerações”, afirma ela, que é coordenadora do Grupo Capixaba de Estudos de Variação e Mudança Linguística.
Algumas expressões
Pocar: Tem origem em “espocar”, que significa explodir. Exemplo: “o balão pocou”. Também é usado como sinônimo de sucesso: “o show de ontem pocou!”.
Taruíra: Usada para se referir a uma lagartixa.
Pão de sal: O mesmo que pão francês.
Palha: Algo ruim, sem graça ou desinteressante.
Ir pro rock: Sair para alguma balada.
Pegar e saltar (do ônibus): São usadas no lugar de subir e descer, ou embarcar e desembarcar.
Motô: O mesmo que motorista de ônibus.
Massa: Significa algo muito legal. Exemplo: “A festa foi massa”.
Gastura: Usada quando algo causa irritação, desconforto ou agonia.
Ir à cidade: Significa ir ao centro de Vitória.
Chapoca: Algo muito grande.
Champinha: Nome dado para a tampinha de garrafa, seja ela de refrigerante, cerveja ou água.
Iá: Usada para chamar a atenção de alguém, quase como um “olha só”.
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