Opositores venezuelanos falam pela 1ª vez após mais de 400 dias na embaixada argentina
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Pela primeira vez desde que deixaram a Embaixada da Argentina em Caracas, onde estiveram refugiados por mais de um ano, os cinco opositores venezuelanos que agora estão nos Estados Unidos apareceram publicamente no sábado, 24, e insistiram que sua saída foi parte de "uma operação (de resgate) sem precedentes" que ainda está em andamento.
O governo venezuelano, por sua vez, nega a versão e afirma que tudo fez parte de uma negociação.
Magalli Meda, Pedro Urruchurtu, Claudia Macero, Humberto Villalobos e Omar González se refugiaram na embaixada argentina em março de 2024 diante de uma escalada de prisões antes das eleições de 28 de julho, quando o Conselho Nacional Eleitoral declarou a vitória do presidente Nicolás Maduro para um terceiro mandato, sob denúncias de fraude.
"Nosso resgate, fuga, é uma operação sem precedentes", afirmou Meda em uma coletiva de imprensa em Washington; ela é colaboradora do movimento Vente Venezuela, de María Corina Machado, a líder da oposição venezuelana. Magalli disse ainda que os detalhes da operação não serão divulgados, pois se trata de "um processo em andamento".
A chegada dos cinco em Washington foi divulgada no dia 6 de maio, quando o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, anunciou que "após uma operação precisa, todos os reféns estão agora a salvo em solo americano".
Governo venezuelano
O governo venezuelano nega a versão de um resgate e afirma que foi parte de uma negociação. "Eles montaram o show deles e no final acabaram negociando", afirmou na época o ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello.
Meda classificou sua saída como um "milagre" após 412 dias no complexo diplomático, graças a "uma operação estratégica, envolvendo muitas pessoas e com riscos enormes". "Estamos nos recuperando", acrescentou.
Ela também relembrou Fernando Martínez Mottola, que fazia parte do grupo e deixou a sede diplomática em dezembro. Ele faleceu em fevereiro. Segundo autoridades venezuelanas, Mottola entregou-se às autoridades e recebeu liberdade condicional. Ele morreu em fevereiro por problemas de saúde.
"Ele morreu por causa de uma ordem para sequestrá-lo e mantê-lo longe da família", acusou Meda. "Essa morte nós temos que reivindicar."
"Diplomacia tradicional fracassou"
Em sua fala, Urruchurtu afirmou que seu caso é a prova de que "a diplomacia tradicional fracassou" e disse que "só uma diplomacia forte pode deter o que está acontecendo hoje na Venezuela". Ele também afirmou que a liberdade do grupo dos cinco opositores não será completa "enquanto não libertarmos todos os que hoje estão injustamente sequestrados no país".
Omar González declarou que o resgate, por meio da operação "Guacamaya", foi "um dos mais espetaculares da história das fugas já registradas no mundo".
Desde o final de novembro, o grupo denunciava a presença constante de agentes do serviço de inteligência e policiais do lado de fora da residência. Também acusava o governo do presidente Nicolás Maduro de cortar os serviços de água e eletricidade do complexo. O governo negou essas acusações.
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