Pacientes importam injeção que ajuda a emagrecer
Apesar do Mounjaro estar previsto para chegar na primeira quinzena deste mês, já tem gente fazendo uso do remédio importado
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Já tem paciente aguardando pela chegada no Brasil do Mounjaro, um medicamento para tratar diabetes tipo 2 que também ajuda a perder peso. A previsão é que ele chegue neste mês, mas, com pressa, há quem tenha escolhido importar.
É o caso de pacientes no consultório de Pietro Lima, nutrologista especialista em obesidade. “A demanda é muito grande e está reprimida, porque o medicamento ainda não chegou às farmácias. Muitas pessoas têm conseguido importar e estão tendo excelentes resultados”, diz.
Além de importar, também há quem tente mandar fazer o remédio. Isso ocorre porque a tizerpartida, princípio ativo do Mounjaro, é um componente sintético e pode ser manipulado. Porém, especialistas não recomendam.
“A fórmula do Mounjaro é patenteada pela farmacêutica Eli Lilly. Então, quando você tenta manipular, acaba com uma medicação que não é fidedigna e que pode trazer efeitos adversos”.
A farmacêutica Mariana Piassaroli conta que também tem atendido pessoas procurando o medicamento. Um alerta que a especialista faz é que ninguém deve esperar um “milagre” e que é preciso ter receita para comprá-lo.
“As pessoas apostam muito no 'milagre' do uso das canetas, mas não estudam ou até mesmo avaliam sua saúde para o uso. A tizerpartida é mais eficaz na perda de peso, tendo mais resultados. Porém, é importante o acompanhamento médico. Caso contrário, pode fazer mal”.

Ela explica que a perda de peso rápida, favorecida pelo medicamento, pode causar baixa imunidade, flacidez, entre outros problemas no organismo.
Preço
Já a farmacêutica Patrícia Frinhani tem anotado o contato de pessoas procurando o medicamento. Porém, conta que o preço tem assustado. “Muita gente desiste porque o preço pode chegar ao dobro do Ozempic. O preço máximo que a farmácia pode cobrar pela dose de 5 mg é R$ 3.765. Já a de 2,5 mg é R$ 2.900”, explica.
Ela acrescenta que esses são os preços máximos e que eles podem variar, já que algumas farmácias conseguem descontos e, consequentemente, preços menores.
A reportagem de A Tribuna conferiu. Há farmácias no ES que preveem preços inferiores a R$ 2 mil (2,5mg) e 3 mil (5 mg).
Sobre a quantidade, em teoria, deve durar um mês. Porém, depende do tratamento.
Indicação médica

O empresário Walter Salles, de 31 anos, usa o Mounjaro desde setembro do ano passado. Prescrito por seu médico, ele tem importado.
“Eu tinha uma obesidade leve e meu médico indicou. Como não tinha no Brasil, importei a caneta de fora. Hoje em dia já estou diminuindo a dose, com a intenção de parar”.
Walter conta que a caneta o ajudou a perder 14 quilos, mas explica que isso foi aliado a exercícios físicos e uma alimentação saudável.
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O medicamento
É um remédio injetável que melhora o controle da taxa de açúcar no sangue e do peso de pacientes adultos com diabetes tipo 2.
Uma das vantagens é que permite ao paciente se adaptar ao processo de emagrecimento.
Em quatro etapas de administração – destampar, posicionar, destravar e pressionar/segurar – é possível fazer a autoaplicação por um botão e depois confirmar que a dose foi aplicada. Após o uso, a caneta deve ser descartada.
Como funciona?
Seu princípio ativo, a tirzepatida, é um agonista dos receptores GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose) e GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon-1), que são hormônios incretínicos naturais (oriundos do intestino). É uma molécula única que ativa os receptores do corpo para GIP e GLP-1.
Quando vai chegar?
a previsão é que chegue na primeira quinzena deste mês, segundo anúncio da fabricante, a farmacêutica Eli Lilly.
Porém, farmacêuticos do Estado alertam que ainda não há data oficial. Segundo eles, as distribuidoras indicam entre maio e junho.
Preço
Varia. Segundo apuração de A Tribuna, o preço máximo ao qual o medicamento pode chegar é R$ 2.900 (2,5 mg) e R$ 3.765. Isso ocorre porque, no Brasil, os preços de medicamentos são regulados.
No ES, a reportagem de A Tribuna encontrou farmácias com preços de R$ 1.733 e R$ 1.884 (2,5mg).
Já a dose mais forte, de 5 mg, foi encontrada a R$ 2.167 e R$ 2.355.
Acompanhamento médico
Todos os especialistas consultados nesta reportagem ressaltam que o Mounjaro precisa de acompanhamento médico.
Segundo os especialistas, o emagrecimento ocasionado por este medicamento gera perda de massa muscular. Porém, a massa muscular é responsável por manter o metabolismo ativo. Excesso de perda pode deixar a pessoa doente.
Além disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou, no último dia 16, que quaisquer medicamentos agonistas do GLP-1 têm retenção de receita. Além do Mounjaro, essa categoria inclui o Ozempic.
Mounjaro não é “milagre”
Embora tomar o remédio ajude a perder peso, é preciso aliar isso a uma reeducação alimentar e uma rotina de exercícios.
caso o paciente não tome essas providências, é possível que volte a ganhar o peso que perdeu quando parar de tomar a medicação.
Contraindicação
Não podem usar pacientes que tenham intolerância aos componentes da fórmula, câncer (ou nódulo) na tireoide, grávidas ou lactantes.
Efeitos colaterais
A náusea é um efeito colateral muito comum. Também podem ocorrer diarreia ou constipação.
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