Capixaba no Vaticano em meio à despedida: "Estar aqui, agora, é indescritível"
Católicos capixabas que estão em Roma relatam emoção e tristeza com a morte do Papa Francisco e descrevem o clima de comoção na cidade eterna
Escute essa reportagem
Em viagem a Roma, na Itália, o empresário e presidente do Sindihotéis do Espírito Santo, Attila Miranda Barbosa, 60, lamentou a morte do papa Francisco.
Ele está na cidade em um grupo de quatro casais católicos da Comunidade Perpétuo Socorro, para o casamento de um casal amigos.

Com o ato histórico acontecendo, a viagem que teria momentos especiais, acaba se tornando ainda mais inesquecível. “Fiquei muito triste ao saber da notícia do falecimento do Santo Padre. A nossa intenção seria vê-lo na Praça de São Pedro”, comentou Attila.
“É um clima de consternação e não acreditar, pois o Santo Padre estava se recuperando de uma pneumonia séria”, completou.
Attila mencionou que hoje o comércio fechará em respeito ao velório. Disse também que marcará presença na Basílica de São Pedro.
O advogado Artênio Merçon, 61 anos, que faz parte do grupo de turistas, também expressou seus sentimentos.
“A morte do Papa, que esteve presente em nossas vidas quase que diariamente nos últimos 13 anos, nos traz uma sensação de vazio. É um momento que nos faz lembrar e traduz a finitude humana”, afirmou. O grupo chegou em Roma ontem e ficará na cidade até sábado.
Segurança reforçada no funeral
O esquema de policiamento em Roma, na Itália, foi reforçado com a expectativa da visita de milhares de pessoas ao funeral do papa Francisco, que morreu na última segunda-feira, aos 88 anos.
Agentes patrulharam ontem a Praça de São Pedro e ruas próximas a pé e a cavalo. Além disso, oficiais também estavam em barcos no rio Tibre, que fica perto do local.
De acordo com a Santa Sé, a partir das 9 horas de hoje no horário local, (4 horas em Brasília), o cardeal Kevin Farrell dará início ao rito de transporte do caixão, que está na capela da Casa Santa Marta, em direção à Basílica de São Pedro, no Vaticano.
A previsão é que a procissão passe pela Praça Santa Marta indo para a Praça dos Protomártires Romanos. Em seguida, sairá pelo Arco dos Sinos em direção à Praça de São Pedro, onde entrará na Basílica do Vaticano.
Lá, o caixão ficará exposto para homenagens dos fiéis durante o velório aberto ao público. As pessoas terão até sexta para fazer a visita: hoje, das 11h à meia-noite; amanhã, das 7h à meia-noite; e na sexta-feira, das 7h às 19h.
No sábado, às 5 horas de Brasília, o cardeal Giovanni Battista fará a celebração da Missa das Exéquias, marcando o primeiro dia do novendiali (novenário), nove dias de luto e orações em honra ao Papa, na Praça de São Pedro.
Após, o caixão contendo o corpo será levado para a Basílica Papal de Santa Maria Maior, no centro de Roma, um dos locais que Francisco mais frequentou durante seu pontificado. Lá ele será sepultado.
Testemunho
O local em que será sepultado foi escolhido por Francisco, estando presente em seu testamento, divulgado pelo Vaticano.
“Minha vida e o ministério sacerdotal e episcopal sempre confiei à Mãe de Nosso Senhor, Maria Santíssima. Por isso, peço que meus restos mortais descansem, à espera do dia da ressurreição, na Basílica Papal de Santa Maria Maior”, escreveu.
“Desejo que minha última viagem terrena se conclua justamente neste antiquíssimo santuário mariano, onde me dirigia para rezar no início e ao final de cada Viagem Apostólica, a fim de confiar com fé minhas intenções à Mãe Imaculada e agradecer-Lhe pelo cuidado dócil e materno”, diz outro trecho.
Outros pedidos que fez, segundo o Vaticano, foi que a lápide tenha apenas a inscrição Francisco, o nome do Papa em latim, sem ornamentos especiais. E deve estar na terra, enterrado, e não elevado.
“Estar aqui, agora, é indescritível”
Em uma viagem à Europa com a família, a jornalista capixaba Luciane Ventura, de 59 anos, foi surpreendida com a notícia da morte do papa Francisco. “Estar aqui, agora, é indescritível”, mencionou.
Ela chegou em Roma justamente na segunda-feira, quando o religioso partiu. “Assim que acordamos, minha filha gritou que o Papa morreu e eu não acreditei no primeiro momento”.
“Fiquei triste, não só porque sou católica, e o Papa era um querido por todos, que fez uma grande diferença na Igreja Católica, mas eu perdi meu pai em setembro do ano passado exatamente com a mesma idade dele, 88 anos. Isso me chocou um pouco e me deixou triste”.
Luciane visitou ontem a Basílica de São Pedro, no Vaticano, e deu detalhes da realidade do local.
“A movimentação de jornalistas e câmeras se posicionando na praça é grande. Roma vive o momento do Jubileu, que acontece de 25 em 25 anos, então já estava atraindo milhares de fiéis para cá. Com a morte do Papa e com o velório aberto à visitação pública, o número só aumenta”.
“O clima na cidade é de respeito, você não vê pessoas gritando. Há uma comoção”, completou.
Ela afirmou ainda que em Roma tem muita polícia, muitas emissoras e algumas ruas estão fechadas. “Acredito que estão estruturando como será essa visitação a partir de amanhã (hoje)”.
Luciane está viajando junto de seu marido, Mauro Albuquerque, 62, e dos dois filhos, Tiago Ventura, 27, e Isadora Ventura, 20.
“Fiquei bastante comovido, assim como o mundo todo, é uma sensação única de estar vivendo um momento da história com a vinda ao Vaticano justamente na data do falecimento e da Páscoa”, contou Tiago.

MATÉRIAS RELACIONADAS:




Comentários