Uma em cada 10 mulheres tem sinais de endometriose
Cólicas fortes e diarreia no período menstrual são alguns sintomas. Tratamento pode ser clínico ou cirúrgico
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Uma em cada 10 mulheres sofre com os sintomas de endometriose no Brasil e desconhece sua existência, de acordo com o Ministério da Saúde. Condição crônica, ela pode impactar negativamente na qualidade de vida de quem a tem.
Luiz Alberto Sobral, professor de Ginecologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), explicou que a endometriose é uma doença inflamatória, proliferativa, na qual o tecido do endométrio, que recobre por dentro o útero, se forma fora do seu local habitual.
“Ela guarda relação com o ciclo menstrual e com o hormônio chamado estrogênio. Por ação deste é que o endométrio prolifera”.
Ele afirmou que há pacientes assintomáticas, mas também as que têm sintomas, sendo o mais comum a dor no período menstrual, com a cólica.
A doença também pode estar relacionada a dores na relação sexual e conta ainda com sintomas dependendo do órgão que acometer. Se for no intestino, pode haver diarreia e sintomas intestinais que pioram no período menstrual.
Katrynni Oliveira Rodrigues, ginecologista e obstetra, completou dizendo que os impactos da doença aumentam o risco de depressão e ansiedade, além de interferir na relação familiar e profissional.
E vai além: o quadro pode dificultar a gravidez. “A inflamação da endometriose pode acometer vários órgãos e interferir no funcionamento pleno deles. Os mais frequentemente atingidos são aqueles perto do útero, como ovário, trompa, bexiga e a parte final do intestino”, contou.
“No ovário, pode dificultar a ovulação, diminuir a reserva ovariana; na trompa, dificulta a mobilidade podendo causar a obstrução das trompas. Mas como existem dois ovários e duas trompas, para ter uma infertilidade, ela teria que ter um acometimento bilateral”.
Em relação ao tratamento, Thaissa Tinoco, ginecologista e especialista em cirurgia minimamente invasiva e cirurgia robótica, explicou que existem dois tipos: o clínico e o cirúrgico.
Com o objetivo de diminuir a inflamação, o primeiro é feito por meio de atividade física, alimentação anti-inflamatória, bloqueio hormonal, fisioterapia pélvica e acupuntura. Já a cirurgia é uma opção quando o tratamento clínico não é o suficiente.
TRATAMENTO
“Hoje estou bem melhor”

Érica Mendonça Barbosa Bispo, de 37 anos, contou que descobriu a endometriose há cerca de dois anos.
Na época, entre os sintomas que ela apresentava, relatou ter fluxo menstrual muito intenso e também se sentia muito fadigada por conta da anemia por deficiência de ferro.
Como tratamento, ela tomou medidas importantes: fez o implante hormonal de gestrinona, passou a cuidar da alimentação usando uma dieta anti-inflamatória, faz reposição de vitaminas e também se exercita regularmente.
“Hoje estou bem melhor, e consigo levar uma vida tranquila, não descuidando da alimentação e da atividade física, que ajudam bastante. Ter descoberto o problema ajudou a saber como lidar com os sintomas, seguindo o tratamento adequado”, afirmou.
SAIBA MAIS
Endometriose
Classicamente, acomete mulheres em idade reprodutiva, principalmente entre 25 e 35 anos.
Diagnóstico
É um diagnóstico considerado difícil, pois os sintomas nem sempre são específicos e podem ser confundidos com os de outras doenças ou considerados comuns.
A ginecologista e obstetra Katrinny Oliveira Rodrigues destacou que não existe um exame específico. Porém, a ultrassonografia e a ressonância magnética auxiliam no diagnóstico presumido da doença, em conjunto com sua história clínica e exame físico.
A videolaparoscopia e a análise anatomopatológica subsequente ainda são o procedimento padrão ouro para o diagnóstico definitivo, mas é cirúrgico.
Tratamento
A ginecologista Thaissa Tinoco detalhou as opções:
Clínico
Alimentação anti-inflamatória: Deve ser rica em fibras, frutas e vegetais.
Bloqueio hormonal: Pode ser feito com o uso de anticoncepcionais orais de uso contínuo, implante subcutâneo com hormônio, DIU hormonal ou anel vaginal.
Atividade física, fisioterapia pélvica, acupuntura, medicações para dor.
Cirúrgico
É recomendado nos seguintes casos:
Falha no tratamento clínico, que não tira a dor incapacitante.
Quando há endometrioma (endometriose no ovário) muito grande, volumosa.
Quando a inflamação já invadiu outros órgãos.
Infertilidade. Estudos demonstram que a retirada de todos os focos e pontos de fibrose e inflamação da endometriose aumentam a chance de gravidez espontânea depois da cirurgia se todos os outros causadores de infertilidade estiverem normais.
Fonte: Pesquisa AT e especialistas.
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