Lula vê trapalhadas em série de ministros e “inferno astral”
Coluna foi publicada nesta quinta-feira (13)
Estado de São Paulo
O presidente Lula (PT) manifestou a auxiliares uma profunda irritação com as trapalhadas em série de sua equipe. Mal passou a ressaca moral da derrubada do veto à saidinha, o governo caiu em mais três crises: a anulação do leilão de arroz por suspeita de irregularidade, a devolução da MP que restringia créditos tributários, e o indiciamento do ministro Juscelino Filho (Comunicações) por suposta corrupção.
Para Lula, esse novo “inferno astral” se deve a erros de ministros, não à formação do Congresso, e ofusca índices positivos como a queda do desemprego e não há culpado único: as queixas vão do ministro Fernando Haddad (Fazenda), que fez aposta alta demais com a MP, a Carlos Fávaro (Agricultura), que fracassou no leilão. Ninguém, porém, deixará o governo.
Mudou. Em 2016, a então presidente Dilma tentou nomear Lula ministro da Casa Civil para estancar a crise política. Hoje, nem ele tem aparado as arestas. Um senador governista lembrou nesta quarta (12) que Lula era conhecido como “encantador de serpentes”. “Agora, ele parece o encantado”, alfinetou, em anonimato. É uma crítica ao escanteamento de auxiliares que, nos primeiros governos, tinham autonomia para divergir de Lula e criticá-lo sem meias-palavras, como Gilberto Carvalho, ex-chefe de gabinete, e Luiz Dulci, ex-secretário-geral.
Calma. Sobre a mais recente crise, Lula quer ouvir o União para selar o destino de Juscelino. Mas o presidente só volta de viagem no sábado (15), e desde já a sigla avisa que mantém apoio ao ministro.
Confirmado. A Controladoria-Geral da União (CGU) abriu investigação para apurar as possíveis irregularidades no leilão de arroz, como revelou a Coluna.
Sinal - Ainda sobre Lula, a defesa do Presidente em torno da exploração de petróleo na foz do Amazonas, feita nesta quarta (12) em evento no Rio, repercutiu na Esplanada. Quem ouviu entendeu que o presidente já tomou um lado na disputa entre os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Marina Silva (Meio Ambiente). E foi o lado do mineiro.
Como... O voto contrário do ministro Flávio Dino, do STF, a um recurso sobre uso de banheiros públicos por pessoas trans surpreendeu seus colegas. Pela trajetória do magistrado no campo da esquerda, apostava-se que Dino votaria com a ala progressista.
...assim? Apesar do histórico, Dino é chamado de “carola” por colegas. Em tom de brincadeira, ministros lembram que ele trocou a festa de posse no STF por uma missa. Um magistrado afirmou aos risos que só no Brasil ex-filiado ao Partido Comunista vota com a maioria conservadora.
Pressão. Pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB) ampliou a ofensiva sobre o União Brasil. Na posse de Antonio Rueda à frente do partido, o ex-coach buscou apoio eleitoral e atendeu a pedidos de selfies. Irritados, dirigentes do União afirmaram que ele tentou roubar a cena e fazer o evento de escada para projetos pessoais.
Oi? À Coluna, Marçal foi taxativo: “Já tenho o apoio do União”. Nos bastidores, lideranças ironizaram a fala. A legenda deve retirar a pré-candidatura de Kim Kataguiri e apoiar a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Pronto, falei!
"Praias são bens comuns e democráticos. E a PEC das Praias, como está, ameaça torná-las inacessíveis e privadas, o que é inaceitável. Sou contrário à PEC” - Alberto Mourão, deputado federal (MDB-SP)
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Coluna do Estadão,por Estado de São Paulo