Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

ASSINE
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
ASSINE
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Assine A Tribuna
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

TRIBUNA LIVRE

A correlação de forças se volta contra Netanyahu

Coluna foi publicada no sábado (30)

José Vicente de Sá Pimentel | 01/04/2024, 12:12 h | Atualizado em 01/04/2024, 12:12
Tribuna Livre

Leitores do Jornal A Tribuna



          Imagem ilustrativa da imagem A correlação de forças se volta contra Netanyahu
José Vicente de Sá Pimentel, nascido em Vitória, é embaixador aposentado |  Foto: Divulgação

Um amigo me deu os parabéns pelo acerto do artigo, publicado neste jornal em 02 de março, em que sublinhei a urgência de viabilizar-se uma fórmula diplomática para evitar a calamidade anunciada pelo avanço das tropas israelenses sobre Rafah. Na última sexta-feira (29), o Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) felizmente chegou a essa fórmula, ao aprovar Resolução que exige um imediato cessar-fogo na região.

Fiquei satisfeito, é claro, ao saber que tenho pelo menos um leitor, e dos mais atentos. Os cumprimentos me massagearam o ego e demonstraram que vale a pena colaborar com a página de assuntos internacionais de A Tribuna.

Afinal, meu objetivo ao escrever estes artigos é conversar os amigos que deixei em Vitória e Vila Velha, compartilhar com eles algo do que aprendi nos meus 48 anos de Itamaraty. Por isso, acolhi com grande prazer o convite de Lenise Loureiro e Luciano Rangel para publicar meus textos no jornal e no portal Tribuna Online.

Não me iludo, porém, com o acerto da minha previsão. Foi apenas um passo no bom caminho, a paz ainda está longe. O que possibilitou, no último dia 22, a aprovação da Resolução, com teor muito semelhante àquela apresentada pelo Brasil em outubro passado, foi a mudança de posição dos Estados Unidos.

Bastou que a delegação americana se abstivesse para que a Resolução passasse com 14 votos a favor e nenhum contra.

A mudança na posição americana decorre, antes de mais nada, de cálculos eleitorais do presidente Biden, que se depara com protestos crescentes de americanos de ascendência árabe, bem como de associações de jovens democratas, que aumentaram nas últimas semanas o tom dos seus protestos contra o esforço de guerra israelense.

Ao receio de perder votos indispensáveis à reeleição em novembro, somou-se o cansaço com a obstinada determinação de Netanyahu para suprimir o Hamas, ainda que massacrando milhares de mulheres e crianças.

O poder de veto é um dos dois principais meios utilizados pela diplomacia americana para defender os interesses de Israel na ONU. A falta desse colchão diplomático deixa Netanyahu vulnerável à opinião pública mundial, que se coloca progressivamente contra a guerra em Gaza.

O outro meio de pressão de que Biden dispõe é a suspensão do suprimento de armas para Israel. Nesse caso, o risco político aumenta consideravelmente, dada a tradicional sintonia entre o lobby judaico e o chamado complexo militar nos Estados Unidos. Nos últimos dias, porém, a possibilidade de reduzir a venda de material militar vem sendo aventada alto e bom som por deputados democratas, o que é uma novidade em Washington.

A partir de um curioso vazamento de informação, a imprensa americana revelou que a comunidade de inteligência está considerando em perigo a liderança interna de Netanyahu. A desconfiança se aprofunda na razão direta do aumento das manifestações populares em Telavive, que exigem a demissão do atual Premier e a realização de novas eleições.

Netanyahu reagiu com a habitual truculência ao “retrocesso” que percebeu na posição de Biden. Fez declarações malcriadas, recusou-se a estancar a operação militar em Rafah e cancelou uma missão de alto nível que iria a Washington nesta semana, justamente para negociar formas de reavivar a histórica parceria entre os dois países. Ele sabe que pode contar com o suporte de setores políticos e econômicos importantes nos EUA.

Não lhe faltam experiência, sagacidade, nem arrojo político. Pelo contrário, ele faz jus à fama de ser daqueles que, em dúvida, pagam para ver, até aqui com bons resultados. Trata-se do político israelense que mais tempo ocupou o cargo de Primeiro Ministro. Está no terceiro mandato desde dezembro de 2022. Mudar, ele não vai, mas não será surpresa se der um passo atrás para abaixar a poeira e pelo menos ganhar tempo, enquanto torce para que seus costumeiros apoiadores equilibrem o amparo que Biden ameaça negar. Nada é impossível, embora, no momento, a correlação de forças jogue contra ele.

SUGERIMOS PARA VOCÊ:

Tribuna Livre

Tribuna Livre, por Leitores do Jornal A Tribuna

ACESSAR Mais sobre o autor
Tribuna Livre

Tribuna Livre,por Leitores do Jornal A Tribuna

Tribuna Livre

Leitores do Jornal A Tribuna

Tribuna Livre