O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, negocia a PEC da autonomia financeira da autoridade monetária em termos rechaçados pelo governo |  Foto: Wilton Júnior / Estadão Conteúdo

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, negocia a PEC da autonomia financeira da autoridade monetária em termos rechaçados pelo governo. Para interlocutores palacianos, uma crise entre o economista e o presidente Lula – após meses de calmaria – está contratada para fevereiro, se bombeiros não mediarem o impasse na volta do recesso parlamentar. Sem ter procurado, até agora, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) para falar sobre o tema, Campos Neto sinalizou apoio ao trecho da PEC que dá ao Congresso o poder de supervisionar o BC. Pelo texto do senador Vanderlan Cardoso (PSD-MG), o BC terá “a autonomia de gestão administrativa, contábil, orçamentária, financeira, operacional e patrimonial sob supervisão do Congresso”.

EMBATE. A tese apoiada por Campos Neto está em rota de colisão com as ideias de Lula, que tenta frear o avanço do Congresso sobre o que considera prerrogativas do Executivo. Para o governo, uma proposta razoável para negociar seria designar o Conselho Monetário Nacional (BC+Fazenda+Planejamento) para a supervisão do Banco Central.

MEMÓRIA. A autonomia plena do BC era bandeira de Roberto Campos. Seu neto não quer deixar o cargo em dezembro sem realizar o sonho do avô, e sabe que o calendário de aprovações em ano eleitoral é mais curto. Procurado, o BC não comentou.

DIÁLOGO. Relator da PEC na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Plínio Valério ainda não decidiu seu modelo predileto. “Só decidi que vou conversar com todos: com Campos Neto, com funcionários do BC e com o Jaques Wagner (líder do governo no Senado)”, afirmou à Coluna.

MÚSICA… O presidente Lula e o PT levaram a terceira derrota do esforço constante de reabilitar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. Na sexta-feira (26), o Planalto precisou recuar na tentativa de emplacá-lo como CEO da Vale, diante da resistência dos acionistas.

…NO FANTÁSTICO. Antes da posse, Lula quis Mantega na equipe econômica do governo de transição, mas o ex-ministro pediu para sair após uma chuva de críticas. No mesmo período, o PT tentou adiar as eleições do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para indicar Mantega, outra articulação fracassada.

A LAZER. Na companhia da mulher, Sônia Pereira, o general Augusto Heleno foi visto na sexta-feira (26) passeando em um shopping de Brasília. Na véspera, operação da Polícia Federal mirou o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem, um de seus principais subordinados no governo Bolsonaro.

RESISTIU. O presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD), avisou a aliados que não mudará seu jeito de presidir a casa após o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, chamá-lo de frouxo. A crítica veio diante da busca e apreensão no gabinete do deputado federal Alexandre Ramagem (PL), que é bolsonarista.

TUDO IGUAL. Pacheco também sinaliza que os ataques não vão influenciar sua relação com o governo Lula, enfraquecendo rumores de que a ofensiva da oposição o aproximaria do Planalto.

Para ver, ouvir e pensar

Filme: À Procura da Felicidade

Música: Sinônimos, de Chitãozinho e Xororó

Livro: A Arte da Guerra, de Sun Tzu