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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

Domingas e Chrisógono, a catadora de papel e o prefeito

Coluna foi publicada nesta quarta-feira (22)

Giuliano de Miranda | 22/11/2023, 10:23 h | Atualizado em 22/11/2023, 10:24

De maneira recorrente, as grandes cidades se notabilizaram por homenagear, no seu ecossistema público, figuras que, de alguma forma, desempenharam papel relevante ao longo do tempo, principalmente no que diz respeito ao seu desenvolvimento e à sua evolução.

Fugindo a esse arquétipo determinado por aqueles que contam as histórias, o Monumento à Dona Domingas emerge da quase obscuridade, desafiando os dogmas consolidados no que diz respeito aos monumentos públicos, e nos remete a um debate que em novembro, quando se comemora o mês da Consciência Negra, se torna mais urgente.

Como podemos, de alguma forma, estabelecer um diálogo com a sociedade, através dos monumentos públicos, para que, ela, enquanto detentora de sua própria história, possa se reconhecer nessas obras, enquanto si mesma, um espelho que, infelizmente nos dias de hoje, reside em homenagens isoladas e pouco visíveis.

Difícil falar do Monumento à Dona Domingas sem mencionar o responsável pela aquisição e inauguração da obra. Nos anos de 1970, Vitória teve um encontro com um personagem que mudaria sua estrutura.

Chrisógono Teixeira da Cruz, engenheiro civil, entraria para a história da cidade, pelo seu espírito desenvolvimentista e pela sua vocação para as Artes. Durante seu período como mandatário da “Ilha do Mel”, o jovem político estabeleceria arcabouço significativo de obras de infraestrutura em toda a capital, se destacando também pela inauguração de monumentos. Seis foram trazidos ao ecossistema urbano pelas mãos dele.

Durante o auge da ditadura, Teixeira da Cruz surpreende a comunidade capixaba, alçando uma mulher negra, periférica e catadora de papel ao centro do poder, mais especificamente, as escadarias do Palácio Anchieta.

Resultado de pesquisa em andamento realizada pelo Leena/Ufes (Laboratório de Extensão e Pesquisa em Artes), muitas perguntas esperam por resposta, outras já encontraram, entre elas a que diz respeito à motivação para essa homenagem. Hoje, no ano de 2023, em mais um mês onde se comemora a Consciência Negra, a mulher Domingas, do alto de seu estatuário, parece nos impelir na busca dos porquês, entender...

Percebendo os monumentos públicos como reservatórios de memórias e ferramentas atemporais de diálogo constante com a população e o espaço em que habitam, revisitar Dona Domingas, sob a perspectiva da análise de seu silenciamento ao longo do tempo, reveste essa “conversa” de um caráter, acima de tudo, transformador.

Enxergar o Monumento à Dona Domingas como um componente indelével do ecossistema urbano do qual ela sempre fez parte e, para além disso, integrar essa obra ao cenário urbano da capital, infere a esse processo analítico uma grande responsabilidade. Proporcionar a mulher Domingas cidadania significa, para além das perspectivas acadêmicas relacionadas ao monumento, resgatar da orfandade social uma mulher verdadeiramente detentora desse direito.

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