Nove policiais do Bope são presos em Pernambuco
PMs entraram em uma casa na Comunidade do Detran, Zona Oeste do Recife, e mataram dois homens
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A Polícia Militar informou, na tarde desta terça-feira (21), que os nove policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope), envolvidos na ocorrência da última segunda-feira (20), na Comunidade do Detran, foram autuados em flagrante pelo crime de violação de domicílio e permanecerão aguardando audiência de custódia. O Detran fica no bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife.
Eles estão presos e podem ou não serem liberados após audiência. A ação dos policiais resultou na morte de dois homens: Rhaldney Fernandes da Silva, 32 anos, e Bruno Vicente da Silva, 28 anos.
Os PMs foram ouvidos pela Diretoria de Polícia Judiciária Militar (DPJM). As investigações sobre o incidente continuam sob responsabilidade da DPJM. A diretoria ainda não se pronunciou sobre os homicídios e se os PMs serão presos por homicídio.
Os policiais invadiram uma casa localizada no Detran, sem mandado, e a abordagem resultou na morte de dois homens. A ação foi gravada em vídeo.
Os PMs estavam indo para uma operação na Zona Norte do Recife, no bairro de Casa Amarela, mas mudaram de rota, de acordo com o diretor adjunto de Planejamento Operacional da PM, coronel Fred Saraiva. Segundo o coronel, existe possibilidade de crime de descumprimento de missão.
“Se eles estavam indo para Casa Amarela, mas deliberadamente, sem ordem superior, desviaram para outro local, isso caracteriza um descumprimento de missão", declarou o diretor.
Versões diferentes para explicar as mortes
Em vídeo divulgado nas redes sociais, os PMs do Bope aparecem derrubando uma porta para entrar no imóvel e, em seguida, as imagens mostram os profissionais da segurança levando os corpos para dentro de um camburão em lençóis: Rhaldney Fernandes da Silva, 32 anos, e Bruno Vicente da Silva, 28 anos.
Segundo a versão dos familiares e vizinhos, que não compareceram à corregedoria para prestar depoimentos por medo, os dois não tinham antecedentes criminais, nem atiraram nos PMs, como foi contado pelos policiais quando a abordagem aconteceu. Em depoimento à TV Tribuna/Band (canal 4), os familiares disseram temer retaliações.
Parentes das vítimas contaram à repórter Rafaella Pimenta que nada foi encontrado na casa. E os rapazes teriam sido executados, mesmo depois de rendidos. A mãe, a esposa grávida e uma prima com uma bebezinha no braço foram retiradas do local antes da execução.
Tanto Rhaldney quanto Bruno seriam pais em breve. Bruno também era jogador de futebol na comunidade e sua casa tinha vários troféus.
A morte dos dois provocou protestos. Moradores atearam fogo num ônibus na BR-101, próximo ao Atacadão, e bloquearam a passagem no local, provocando medo em clientes do supermercado, que não sabiam o que estava acontecendo.
Os policiais envolvidos destacaram ter levado os corpos para serem socorridos na UPA da Caxangá, mas eles chegaram sem vida. A PM ainda disse que foram encontrados, no local duas armas calibre 38, 520 gramas maconha e 600 gramas de crack.
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