Lula aguarda gesto de Milei para definir quem vai à posse
Coluna foi publicada nesta terça-feira (21)
O governo federal está em compasso de espera pelos gestos do presidente eleito da Argentina, Javier Milei, para a política internacional. O tom a ser adotado pelo libertário vai definir quem representará o presidente Lula na posse em Buenos Aires, em 10 de dezembro. O petista não deve comparecer, após ter sido pessoalmente ofendido por Milei.
As opções estudadas pelo Planalto são o vice-presidente Geraldo Alckmin e o chanceler Mauro Vieira. Do outro lado da polarização, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi convidado pelo próprio líder argentino para a cerimônia - e já organiza uma comitiva para acompanhá-lo: a esposa Michele, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, o filho deputado Eduardo Bolsonaro e no mínimo mais 10 parlamentares.
NO AGUARDO. “É preciso Milei anunciar quem cuidará da chancelaria para iniciarmos o diálogo”, disse à Coluna um diplomata brasileiro, que aposta na escolha de Diana Mondino. A expectativa desse interlocutor é que Milei vai se amparar em quadros do ex-presidente Mauricio Macri para “colocar a máquina para rodar”, diante do curto período de transição, de apenas 20 dias.
SILÊNCIO. O Itamaraty preferiu não emitir nota oficial sobre a vitória de Milei na Argentina porque o próprio presidente Lula já foi às redes sociais expressar a posição do governo brasileiro.
CALMA LÁ. Apesar de comemorar a vitória de Milei, a oposição ao governo Lula evita abraçar de corpo e alma a agenda do libertário. Parlamentares da direita brasileira defendem a redução do tamanho do Estado apregoada por Milei, mas mostram cautela com a ideia de dolarizar a economia e acabar com o banco central.
CETICISMO. “A proposta de acabar com o banco central é uma incógnita, não foi aplicada em nenhum país”, disse o deputado Kim Kataguiri (União-SP). “Milei vai discutir [extinguir o BC], não sei se vai implementar. Mas o que for bom, precisamos replicar”, acrescentou à Coluna o senador Ciro Nogueira (PP-PI).
TORNEIRA... O presidente Lula deve vetar o projeto aprovado no Congresso que prorroga até 2027 a desoneração da folha de pagamento para os 17 setores que mais empregam no País. O prazo para veto é até esta quinta-feira (23).
...FECHADA. Auxiliares alertaram o presidente que o veto dificultaria a tramitação da reforma tributária. Mas Lula aposta que o Congresso vai ajudar o governo na pauta arrecadatória, sob pena de forçá-lo a fazer contingenciamento de emendas parlamentares em ano eleitoral para atingir o déficit zero. Essa lógica palaciana foi revelada pela Coluna.
BICAMPEÃO? Se confirmado, o veto à desoneração será uma nova vitória política do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que recomendou o veto. Na semana passada, Haddad convenceu Lula a adiar a mudança da meta fiscal, como antecipou a Coluna.
DE SAÍDA. O deputado federal Ricardo Salles espera receber nesta semana a carta do PL para se desfiliar sem perder o mandato. Ele ganhou o aval do ex-presidente Bolsonaro para deixar a sigla e lançar candidatura à Prefeitura de São Paulo. Salles quer na vice Delegado Palumbo, do MDB do rival Ricardo Nunes.

Pronto, falei!
"Milei representa tudo que eu não acredito, mas a vontade do povo é soberana. Desejo que o novo governo tenha êxito em superar a grave crise econômica” - Tabata Amaral, deputada federal (PSB-SP)