Lula perde discurso contra a GLO e PT culpa Flávio Dino
Coluna foi publicada na quinta-feira (02)
Estado de São Paulo
O presidente Lula perdeu o discurso contrário ao uso do instrumento da Garantia da Lei e da Ordem (GLO): teve de recorrer aos militares para reforçar a segurança pública e o combate ao crime organizado no País. O anúncio da medida causou desconforto entre petistas, que culpam o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, por “obrigar” o governo a recorrer aos militares. A reclamação é a de que, na expectativa de ser indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e na ânsia de fazer seu sucessor na Esplanada, Dino escalou seu secretário executivo, Ricardo Cappelli, para discursar sobre segurança. Como resultado, jogou a crise no colo do governo Lula. Mas sem um plano efetivo para o setor, o jeito foi apelar às Forças Armadas.
NOVA POLÍTICA. Adotar GLO vai na contramão do que o próprio Lula defendia. No primeiro semestre, o governo chegou a discutir mudanças e até o eventual fim da GLO com representantes das Forças Armadas. O presidente também se negou a fazer uso do instrumento em resposta aos atos golpistas de 8 de janeiro.
JUSTIFICATIVA. Apesar da edição da GLO, Dino nega haver recuo de Lula no tema. Ele argumenta que a atual GLO está restrita a portos e aeroportos, áreas federais, e não autoriza a presença de militares nas ruas, a principal resistência do presidente.
DISFARCE. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que dá o tom do discurso da ala mais à esquerda do partido, defendeu as medidas anunciadas – mas sem citar a palavra GLO ou a atuação militar. “Importante a decisão do presidente Lula de empregar forças federais para o combate ao crime”, publicou nas redes sociais.
“TIMING”. Auxiliares políticos do presidente Lula o aconselharam a adiar ao máximo a eventual mudança na meta fiscal. Isto é, o governo deveria manter a meta de déficit zero enviada ao Congresso. E, se as expectativas de arrecadação de fato não se concretizarem, a articulação política negociaria com parlamentares a saída oportuna para mudar a meta.
FREIO. O adiamento é avaliado, ainda, como forma de estancar o desgaste do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que defende um déficit zero praticamente sozinho na Esplanada. Lula se reuniu com Haddad pouco depois de receber o conselho.
PORTEIRA ABERTA. Enquanto o governo estuda revisar a meta fiscal para déficit de 0,25% ou 0,50% do PIB, setores do PT já defendem um objetivo ainda mais frouxo. “Acho mais razoável trazer a meta para -0,75%”, afirmou à Coluna o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ).
SINAIS. A criação da bancada negra na Câmara dos Deputados fortaleceu a pré-candidatura do deputado Antônio Brito (PSD) à presidência da Casa. Na avaliação de parlamentares, Brito mostrou poder de articulação entre grupos políticos distintos. A nova bancada terá assento no colégio de líderes, que discute a pauta.
APURAÇÃO. O subprocurador da República Carlos Frederico solicitou à CPMI do 8 de Janeiro acesso a documentos secretos recebidos pelo colegiado. O gesto foi entendido como um sinal de continuidade da investigação pelo Ministério Público Federal.
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"A redução da Selic pelo Copom é o caminho certo por causa do efeito positivo na economia. Importante, por isso mesmo, não gerar turbulência na política fiscal” - Felipe Salto, economista-chefe da Warren
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