O envelhecimento das células
Coluna foi publicada nesta terça-feira (29)
Dr. João Evangelista
Quando o corpo, esse amontoado de células, cansa de si mesmo, ele definha e morre. O envelhecimento dos seres humanos caracteriza-se por uma progressiva deterioração da capacidade do organismo de se adaptar às mudanças ambientais, resultando em maior vulnerabilidade a doenças e à morte.
A oxidação celular, causada por metabólitos (compostos orgânicos usados ou criados pelas reações químicas) de oxigênio e nitrogênio, é um fator importante no processo de perda funcional que acompanha o envelhecimento.
Acredita-se que o acúmulo de danos gerados por espécies reativas de oxigênio e nitrogênio está associado à expectativa de vida.
Embora todos os organismos aeróbicos necessitem de oxigênio para sobreviver, essa molécula apresenta seu lado tóxico.
Elétrons livres presentes na molécula de oxigênio dão origem aos chamados radicais livres. Estes, quando produzidos em excesso, são prejudiciais ao organismo. Oxidação é a produção de radicais livres na célula. O estresse oxidativo é inerente à existência na Terra.
A vida animal existe porque há oxigênio na atmosfera. Apesar de a oxidação produzir efeitos nocivos, é preciso lembrar que esse processo é tão normal quanto ir à praia, mergulhar e sair molhado da água. Com o tempo, o banhista vai acabar se secando.
Evidentemente, o tempo que leva vai depender se está ensolarado ou nublado, se é inverno ou verão, e se a pessoa usa toalha para se enxugar ou fica debaixo do guarda-sol. Mas, ela vai acabar se secando.
O estresse oxidativo ocorre quando compostos inúteis à vida são produzidos no corpo. Sua presença apresenta consequências negativas, alterando, por exemplo, o funcionamento das membranas citoplasmáticas. Quando essas estruturas se rompem, as células se desintegram.
Durante o envelhecimento, os mecanismos de controle do estresse oxidativo deixam de funcionar corretamente, acontecendo o mesmo com o restante dos mecanismos que mantêm a homeostase (condição necessária à vida).
Mecanismos naturais do corpo tornam mortal qualquer tentativa de imortalidade. O desfecho pode ocorrer mesmo sem qualquer doença. A morte por velhice ocorre quando os mecanismos que controlam a homeostase não são mais capazes de manter a pessoa viva.
O estresse oxidativo é controlado de maneira automática. Quanto maior o número dessas reações, maior a atividade dos mecanismos que tentam controlar seus efeitos.
Ao mesmo tempo em que o corpo produz radicais livres, gera substâncias redutoras, inativando substâncias nocivas.
Na velhice, a balança pende para a produção de substâncias oxidantes.
É importante destacar que os seres humanos não tinham previsto viver tantos anos como agora, por isso pesquisamos maneiras de prolongar a vida útil dos processos de desintoxicação.
Um poderoso antídoto contra a oxidação é manter a dinâmica do corpo e da mente. Atividades físicas e mentais desaceleram o estresse oxidativo e a perda da homeostase.
O maquinário humano deve se manter em movimento, para que tudo esteja lubrificado.
A inércia corrói a vida, como a ferrugem consome o ferro.
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